Caso Henry Borel: Depoimento de empregada contradiz versão da mãe do menino; saiba detalhes

A investigação da morte de Henry Borel ganhou um novo desdobramento nesta semana, com o depoimento de Rosângela – que trabalhava na casa de Monique Medeiros, mãe do menino de 4 anos, e de seu namorado, o vereador Dr. Jairinho (Solidariedade). Em seu relato, a empregada doméstica deu uma versão diferente do caso, em contradição com a mãe do garoto.

De acordo com o UOL, Rosângela revelou aos agentes da 16ª DP do Rio de Janeiro que foi informada e sabia sobre a morte de Henry no dia em que foi trabalhar. Por outro lado, na semana passada, Monique disse à polícia que não contou o que aconteceu à funcionária. Ela alegou que a empregada limpou o apartamento justamente porque não sabia disso – o que acabou prejudicando a perícia. A mãe do menino ainda afirmou que teria dado uma folga para a moça na hora do almoço.

A funcionária de Dr. Jairinho e Monique Medeiros disse ter sido informada da morte de Henry – ao contrário do que diz a mãe do garoto. (Foto: Reprodução/Record TV)

A versão dada por Dr. Jairinho também destoa. O padrasto do menino diz ter voltado para casa por volta das 10h, quando teria encontrado Monique conversando sobre a morte de Henry com a empregada doméstica e uma assessora. Segundo o G1, após ser questionado, o parlamentar disse que sua namorada teria contado o que havia acontecido. Mas o advogado do casal rebateu: “Se ela falou para a empregada ou se ela não falou, ela falou que não falou, e o Jairinho disse que falou, em nada disso isso muda a dinâmica dos fatos”.

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Outros depoimentos e relatos que intrigam a polícia

A avó materna de Henry também foi ouvida pela polícia nesta quarta-feira (24). Rosângela Medeiros disse que era muito próxima de seu neto e relatou que o garoto dormia em sua casa de três a quatro vezes na semana, em Bangu, zona oeste do Rio. Também era comum que os avós passassem algumas noites na casa de Monique e Jairo. Mas, segundo o vereador, Henry ficava com os avós em seu quarto, sem interferir na intimidade do casal.

A polícia busca entender o que aconteceu na morte de Henry Borel. (Foto: Reprodução)

A Polícia Civil também analisa o depoimento de uma ex-namorada de Dr. Jairinho, que relatou que ela e sua filha foram agredidas pelo parlamentar há 8 anos, quando os dois estavam em um relacionamento. A mulher – que não teve sua identidade revelada – mencionou ter recebido uma ligação do ex-namorado dias antes do depoimento e revelou que se sentiu ameaçada, porque não tinha contato com ele por muito tempo.

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O advogado do político tentou refutar a história. “Absolutamente não é verdade. A irmã dela rotineiramente entrava em contato com o parlamentar para solicitar demandas políticas, e, inclusive, emprego para a ex-namorada nas eleições do vereador”, alegou a defesa de Jairinho. Uma outra mulher também foi ouvida pela 16ª DP, e relatou ter vivido um relacionamento com o parlamentar. Ela disse já ter brigado com o vereador, no entanto, afirmou que jamais foi vítima de agressões.

As investigações ainda tentam entender o que de fato aconteceu com o garoto.

Entenda o caso

A Polícia Civil do Rio de Janeiro investiga a morte de Henry Borel, enteado do vereador Jairo Souza Santos. O menino, que tinha 4 anos de idade, faleceu na madrugada do dia 8 de março. Segundo laudo do Instituto Médico-Legal, divulgado em reportagem do jornal RJ2, há sinais de violência e o óbito foi causado por hemorragia interna e laceração hepática, decorrentes de uma ação contundente.

A perícia constatou ainda múltiplos hematomas no abdômen e membros superiores, infiltração hemorrágica na região frontal do crânio, edemas no encéfalo, grande quantidade de sangue no abdômen, contusão no rim à direita, trauma com contusão pulmonar, laceração hepática (no fígado) e hemorragia retroperitoneal.

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Henry, que passava a noite na casa da mãe, Monique Medeiros da Costa Almeida, e do padrasto, foi levado ao hospital pelos responsáveis, mas chegou ao local sem vida. Dr. Jairinho e a namorada prestaram depoimento por cerca de 12 horas, na 16ª DP (Barra da Tijuca). Eles foram ouvidos em salas separadas e deixaram a delegacia às 2h30 desta quinta (18).

O casal relatou que ouviu um barulho durante a madrugada e encontrou o garoto desacordado, caído no chão do quarto. Leniel Borel de Almeida Jr., pai da criança, ouviu da ex-mulher que o pequeno foi encontrado com dificuldade de respirar e os olhos já revirados.

Henry tinha apenas 4 anos de idade. “Menino ativo, inteligente, amigo, companheiro, muito divertido, gostava de brincar. Quando não conhecia alguém, era até meio introvertido. O resto era só alegria”, lamentou Leniel. (Foto: Reprodução)

Peritos ouvidos pela TV Globo dizem ser impossível que Henry tenha se machucado de tal forma, somente ao cair da cama. Uma queda de uma altura baixa é pouco provável que esteja na origem dessas lesões traumáticas. “Nós observamos esses tipos de lesões em acidentes de trânsito, com muito mais energia”, afirmou o legista Carlos Durão. As lesões do menino também não poderiam ter sido causadas durante uma tentativa de reanimá-lo.

Ao jornal O Globo, Dr. Jairinho enviou uma nota não qual disse “estar triste, sem chão e suportando a dor graças ao apoio da família e dos amigos”. “As autoridades apuram os fatos, e vamos ajudar a entender o que aconteceu. Toda informação será relevante. Por isso, acho prudente primeiro dizer na delegacia a dinâmica dos fatos, até mesmo para não atrapalhar os trabalhos desenvolvidos”, informou o líder de Marcelo Crivella na Câmara.

Monique Medeiros da Costa Almeida e Dr. Jairinho deixam a delegacia após 12 horas de depoimento sobre a morte do menino Henry Borel  (Foto: Reprodução/Globo)

Em 18 de março, a 16ª DP teve acesso às imagens de câmeras de segurança que mostram o menino Henry em boas condições e sem lesões aparentes, durante passeio pelo shopping com o pai, ainda no dia 7, e sendo deixado mais tarde no condomínio onde moram Monique e Jairo.

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“O menino estava em perfeitas condições, totalmente normal, brincando, alegre, feliz, e quanto a isso não tem nenhum questionamento a se fazer. O que me chamou atenção nesse caso foi o laudo. O que o pai me contou foi que ele foi para o hospital com alegação de parada respiratória e quando tive acesso ao laudo, ele transcreveu causa de morte por ação contundente, hemorragia no fígado e lesões em outros órgãos. Isso me causou total estranheza, pois não tinha nexo causal com o que aconteceu e a informação prestada no hospital”, disse Leonardo Barreto, advogado de Leniel, ao UOL.

“Se eles [a mãe e o vereador] mudaram a versão, está bem claro o que aconteceu. Nossa função aqui não é atribuir responsabilidade a ninguém, não é tentar incriminar A ou B, é simplesmente saber a verdade como o menino morreu”, acrescentou ele à reportagem. O advogado disse ainda que o pai do menino está estarrecido. “Quando ele viu o laudo o mundo dele caiu, desabou, ele está completamente mal e desnorteado”, concluiu.