Caso Henry: Pai do menino reage à prisão de Dr. Jairinho e Monique, e desabafa: “Meu filhinho deve ter sofrido muito”

O momento com certeza é de muita dor para Leniel Borel, pai do pequeno Henry, morto no dia 8 de março. O engenheiro não conteve as lágrimas ao saber da prisão da ex-mulher, Monique Medeiros, e de Dr. Jairinho, então padrasto do menino, na manhã dessa quinta-feira (8), em Bangu, Zona Oeste do Rio de Janeiro. “Ele está chorando bastante“, contou o advogado Leonardo Barreto ao UOL sobre a reação de Leniel com as descobertas das autoridades.

Após um mês de investigação, a polícia concluiu que o vereador agredia o garoto sistematicamente e que a professora tinha conhecimento disso, pelo menos desde o dia 12 de fevereiro. Contra o casal foram cumpridos mandados de prisão temporária por 30 dias, expedidos pela juíza Elizabeth Louro Machado, do 2º Tribunal do Júri da capital.

Continua depois da Publicidade

Em entrevista ao telejornal “Bom dia Brasil”, da TV Globo, Leniel lamentou tamanha tragédia. “Esta infeliz matou meu filho. Meu filhinho deve ter sofrido muito”, desabafou, se referindo ao laudo da necropsia de Henry que indicou sinais de violência no corpo da criança. A documentação ainda determinou a causa da morte como hemorragia interna e laceração hepática causada por uma “ação contundente”.

Segundo o jornal Extra, o pai de Henry ainda disse estar “perplexo” com toda a situação. “Como pode uma mãe apoiar um negócio desses? Meu filho falou (que estava sendo agredido) e ela disse que era mentira. Como ela apoiou isso?”, indagou.

Meu filhinho deve ter sofrido muito. (Foto: Reprodução/Instagram)

Antes mesmo de saber da prisão de Jairo e Monique, Leniel já havia publicado um vídeo de Henry dançando descontraído e, na legenda, pediu desculpas ao filho por não tê-lo “protegido mais”. “Henry, 30 dias desde que te dei o último abraço. Nunca vou esquecer de cada minuto do nosso último final de semana juntos. Deixar você bem, cheio de vida, com todos os sonhos e vontades de uma criança inocente. Desculpe o papai por não ter feito mais, lutado mais e protegido você muito mais. Confiamos que Deus fará sobressair a tua justiça como a luz, e o teu juízo como o meio-dia. Salmos 37”, escreveu o engenheiro.

Leniel publicou um vídeo dos últimos momentos ao lado do filho. (Foto: Reprodução/Instagram)

Em entrevista à Rede Record no dia 28 de março, Leniel afirmou que em nenhum momento acreditou que o filho teria morrido em decorrência de um acidente doméstico, como relatam a mãe e o padrasto do garoto. “Como falar em acidente em uma cama? Algo tão agressivo”, questionou, dizendo ainda não conseguir pegar no sono desde a morte de Henry. “Eu não consigo dormir, acordo chorando, durmo chorando. Está sendo muito difícil”, desabafou.

Entenda o caso

A Polícia Civil do Rio de Janeiro investiga a morte de Henry Borel, enteado do vereador Jairo Souza Santos. O menino, que tinha 4 anos de idade, faleceu na madrugada do dia 8 de março. Segundo laudo do Instituto Médico Legal, divulgado em reportagem do jornal RJ2, havia sinais de violência, e o óbito foi causado por hemorragia interna e laceração hepática, decorrentes de uma ação contundente.

A perícia constatou ainda múltiplos hematomas no abdômen e membros superiores, infiltração hemorrágica na região frontal do crânio, edemas no encéfalo, grande quantidade de sangue no abdômen, contusão no rim à direita, trauma com contusão pulmonar, laceração hepática (no fígado) e hemorragia retroperitoneal.

Continua depois da Publicidade

Henry, que passava a noite na casa da mãe, Monique Medeiros da Costa Almeida, e do padrasto, foi levado ao hospital pelos responsáveis, mas chegou ao local sem vida. Dr. Jairinho e a namorada prestaram depoimento por cerca de 12 horas, na 16ª DP (Barra da Tijuca). Eles foram ouvidos em salas separadas e deixaram a delegacia às 2h30, do dia 18.

O casal relatou que ouviu um barulho durante a madrugada e se deparou com o garoto desacordado, caído no chão do quarto. Leniel Borel de Almeida Jr., pai da criança, ouviu da ex-mulher que o pequeno foi encontrado com dificuldade de respirar e os olhos já revirados.

Henry tinha apenas 4 anos de idade. “Menino ativo, inteligente, amigo, companheiro, muito divertido, gostava de brincar. Quando não conhecia alguém, era até meio introvertido. O resto era só alegria”, lamentou Leniel. (Foto: Reprodução)

Peritos ouvidos pela TV Globo dizem ser impossível que Henry tenha se machucado de tal forma, somente ao cair da cama. Uma queda de altura baixa é pouco provável que esteja na origem dessas lesões traumáticas. “Nós observamos esses tipos de lesões em acidentes de trânsito, com muito mais energia”, afirmou o legista Carlos Durão. Os ferimentos do menino também não poderiam ter sido causados durante uma tentativa de reanimá-lo.

Ao jornal O Globo, Dr. Jairinho enviou uma nota, dizendo “estar triste, sem chão e suportando a dor graças ao apoio da família e dos amigos“. “As autoridades apuram os fatos, e vamos ajudar a entender o que aconteceu. Toda informação será relevante. Por isso, acho prudente primeiro dizer na delegacia a dinâmica dos fatos, até mesmo para não atrapalhar os trabalhos desenvolvidos”, informou o líder de Marcelo Crivella na Câmara.

Monique Medeiros da Costa Almeida e Dr. Jairinho deixam a delegacia após 12 horas de depoimento sobre a morte do menino Henry Borel. (Foto: Reprodução/Globo)

Em 18 de março, a 16ª DP teve acesso às imagens de câmeras de segurança que mostram o menino Henry em boas condições e sem lesões aparentes, durante passeio pelo shopping com o pai, ainda no dia 7, e sendo deixado mais tarde no condomínio onde moram Monique e Jairo.

“O menino estava em perfeitas condições, totalmente normal, brincando, alegre, feliz, e quanto a isso não tem nenhum questionamento a se fazer. O que me chamou atenção nesse caso foi o laudo. O que o pai me contou foi que ele foi para o hospital com alegação de parada respiratória e quando tive acesso ao laudo, ele transcreveu causa de morte por ação contundente, hemorragia no fígado e lesões em outros órgãos. Isso me causou total estranheza, pois não tinha nexo causal com o que aconteceu e com a informação prestada no hospital”, disse Leonardo Barreto, advogado de Leniel, ao UOL.

Continua depois da Publicidade

“Se eles (a mãe e o vereador) mudaram a versão, está bem claro o que aconteceu. Nossa função aqui não é atribuir responsabilidade a ninguém, não é tentar incriminar A ou B, é simplesmente saber a verdade como o menino morreu”, acrescentou ele à reportagem. O advogado disse ainda que o pai do menino está estarrecido. “Quando ele viu o laudo, o mundo dele caiu, desabou, ele está completamente mal e desnorteado”, concluiu.

Uma reportagem exibida em 28 de março, no “Fantástico”, também revelou imagens exclusivas dos últimos momentos do garoto, em vida, assim como divulgou trechos de um depoimento feito na última semana, por uma ex-namorada de Dr. Jairinho, relatando supostas agressões contra ela e a sua filha. Veja e saiba todos os detalhes, clicando aqui.