Jeander Vinicius Braga, suspeito de ter sido cúmplice na morte do ator Jefferson Machado da Costa, em janeiro deste ano, revelou como encontrou o cadáver da vítima. No “Domingo Espetacular” deste domingo (17), ele falou pela primeira vez sobre o crime e qual relação tinha com Bruno de Souza Rodrigues, a quem acusa de ter executado o artista.
“É aquela cena que até hoje vem na minha cabeça: o Jeff caído no chão, amarrado, com o fio de telefone enroscado na garganta. E o Bruno tranquilo com aquela situação”, confessou Braga ao dominical. Questionado pela reportagem, o pedreiro – que também atuava como garoto de programa – disse que não sabe o motivo do assassinato. Ele foi preso em junho, acusado de homicídio triplamente qualificado, ocultação de cadáver e, ainda, maus-tratos aos animais.
“Eu não matei o Jeff. Fui preso acusado de ser suspeito de um assassinato o qual eu não cometi. E infelizmente eu estava no lugar errado, na hora errada, com a pessoa errada”, declarou. No laudo da perícia, foi confirmado que a causa da morte de Jeff foi asfixia por estrangulamento. A suspeita é que Rodrigues teria prometido ao ator uma participação em uma novela da TV Globo em troca de dinheiro.
Jeander, então, explicou como foi o primeiro contato com Bruno. “Conheci ele por meio de um aplicativo de relacionamento. O Bruno me contratou como garoto de programa nessa primeira vez, e a gente acabou tendo uma relação de colegas. Eu confiava no Bruno, ele é uma pessoa que transmite confiança”, afirmou.
Ele reforçou que todos acreditavam que Rodrigues conseguiria o trabalho para Jeff. “Ele dizia sempre que era produtor da Globo. Inclusive, alguns encontros que a gente marcava, ele cancelava dizendo que aconteceu algum problema no Projac. Então ele me passava sim muita confiança que era do meio artístico”, admitiu.
Depois disso, os assuntos mudaram para o âmbito profissional, e o falso produtor da emissora chamou Braga para reformar um imóvel em Guaratiba, no Rio de Janeiro. “Ele dizia que estava preparando a casa para um amigo, e uma das exigências era de que eu começasse pela cisterna. Que era para poder ter água na casa. Fiquei muito convencido de que eu estava fazendo um trabalho normal de cavar a cisterna”, recordou o suspeito.
Jeander lembra que foi apresentado a Machado após Bruno dizer que eles estavam fechando um contrato. “Ele disse que nós faríamos uma confraternização. E fomos pra casa dele. Me pareceu que eles estavam fazendo todas as assinaturas de contratos da Globo, até que ele disse que tinham encerrado e que era para eu ir tomar banho. Quando saí [do banheiro], o cara já estava morto e amarrado”, afirmou.
“Eu falei: ‘Cara, que você fez? O cara está morto’. Ele disse: ‘Agora você está comigo. Nós vamos colocar ele naquele buraco que você cavou’. Ele me deu a ordem pra tirar o baú do carro e colocar a cisterna lá. Foi quando eu comecei a entender que aquilo já era um plano, de matar e jogar o Jeff na cisterna”, acrescentou.
Braga apontou ainda por que não procurou a polícia antes para contar a sua versão. “A senhora acreditaria em quem? Em alguém instruído, com faculdade, vários advogados. Acreditariam nele ou em mim? Um garoto de programa”, questionou. “A cabeça do Bruno é de um psicopata mesmo. Uma pessoa que prejudica e que tem o dom da manipulação, não é uma pessoa normal. Soube que ele pode ter matado outras pessoas, que tem pelo menos uns três desaparecidos”, acusou Jeander.
Maria das Dores, mãe de Jeff Machado, confirmou a versão de que o filho foi vitima de estelionato devido a uma falsa oportunidade na TV Globo. “Ele tinha um sonho de ator, e parece que a pessoa está cega quando tem um sonho”, lamentou, emocionada. “Ele dizia que o Bruno era o melhor amigo dele. Eu acho que eles se conheceram nas redes sociais, porque o Jeff postava que era ator e modelo, e o Bruno disse que era agenciador”, informou.
A mãe do ator reforçou as altas quantias de dinheiro que Jeff movimentava, acreditando que seria escalado para a então novela. “Ele [Bruno] pediu R$ 12 mil para colocar ele numa novela da Globo. Eu desconfiei, porque a Globo não pediria dinheiro”, admitiu. Ao todo, entre 2019 e 2023, o artista realizou vários depósitos, totalizando mais de R$ 23 mil. “Ele acreditou até o último instante que esse Bruno ia colocar ele na Globo. Morreu por um sonho”, concluiu Maria. Assista à reportagem completa:
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