Caso Yanny Brena: Polícia detalha últimos momentos da vereadora e crueldade do namorado

Laudo apontou que Rickson amarrou e pendurou Yanny Brena em “suspensão incompleta”, ainda em vida, para simular suicídio duplo

A Polícia Civil do Estado do Ceará divulgou novos detalhes da investigação sobre o assassinato da vereadora de Juazeiro do Norte, Yanny Brena. De acordo com as autoridades, a jovem foi imobilizada pelo namorado, Rickson Pinto, com um “mata-leão” e pendurada em uma corda quando ainda estava viva.

Segundo o laudo, apresentado nesta quinta-feira (23), a presidente da Câmara Municipal foi assassinada pelo namorado, em casa, no dia 3 de março. O documento revelou que Rickson Pinto Lucena aplicou golpe conhecido como “mata-leão” para imobilizar a parceira – a manobra consiste em se posicionar nas costas da vítima e sufocá-la com os braços ao redor do pescoço. Na sequência, ele a arrastou até a sala, onde a amarrou e pendurou em “suspensão incompleta”, ainda em vida, para simular um suicídio.

De acordo com Márcio Gutiérrez, delegado-geral da corporação do Ceará, a polícia ouviu, ao todo, 25 testemunhas e analisou mais de 60 horas de imagens de câmeras de segurança da rua e da casa do casal. O policial revelou que o intuito de Rickson era simular um duplo suicídio e, por esse motivo, ele desligou as câmeras às 17h32 do dia 2 de março, dia que antecedeu a morte de ambos.

Gutiérrez negou, também, a versão inicial de que Yanny e Rickson foram encontrados de mãos dadas. “Rickson procurou subjugar a vítima, que resistiu. Ela tinha lesões de defesa em vários locais, material biológico dele debaixo das unhas”, disse o delegado. “Ela tinha lesões no olho, no queixo, nos braços, lesões de arrasto e de defesa. A perícia indicou que houve uma tentativa de subjugar a Yanny. Ele empregou muita força, inclusive, e ela se defendeu, resistiu até onde conseguiu. Ele chegou a aplicar um mata-leão nela, de forma muito violenta. A própria Pefoce (Perícia Forense do Ceará) deixou isso no laudo, de que ele empregou muita violência, compatível até com um acidente de veículo”, acrescentou.

Yanny Brena e Rickson namoravam desde 2020. (Foto: Reprodução/Arquivo Pessoal)

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Por não aceitar o término, que partiu da vereadora, Rickson matou Yanny e, horas mais tarde, tirou a própria vida. A investigação descartou, ainda, a presença de uma terceira pessoa na cena do crime, após encontrarem apenas o DNA do casal no local.

“Yanny estava extremamente machucada, sofreu muitas lesões, muitas agressões, tinha lesões superficiais de escoriações, tinha lesões na face, no queixo, lesões internas, e a mais importante era a compatível com um mata-leão. Essa vítima foi subjugada antes de ser colocada em uma corda para simulação do suicídio. Naquele momento, ela ainda estava viva, isso mostra também a crueldade que foi a situação”, detalhou o perito-geral da Pefoce, Júlio Torres.

Por fim, a polícia negou outra fake news, a de que Rickson teria deixado uma carta no local do crime. De acordo com a investigação, o assassino teria enviado apenas mensagens no WhatsApp num grupo da família, pedindo para cuidarem da filha dele.

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Relembre o caso

Segundo informações obtidas pela TV Verdes Mares, afiliada da TV Globo no Ceará, Yanny e Rickson foram encontrados mortos no dia 3 de março, na residência que dividiam no bairro Lagoa Seca, em Juazeiro do norte, por uma funcionária que cuidava do imóvel. A investigação constatou marcas nos corpos que indicavam luta corporal, o que foi confirmado pelo laudo ao qual a emissora teve acesso.

A hipótese de assassinato por uma terceira pessoa foi descartada pelas autoridades, pois não foram encontrados sinais de invasão na residência e nem de ferimentos de arma de fogo nos mortos. O laudo pericial indicou que ambos morreram por asfixia. Testemunhas próximas a Yanny disseram à polícia que a vereadora não queria continuar a pagar as contas do namorado e por isso colocou um fim no relacionamento, mas Rickson não aceitou.

Brena era médica, além de vereadora pelo PL. Rickson se intitulava atleta de vaquejada, mas não possuía uma ocupação fixa. Os dois namoravam desde 2020.

A jovem era médica e vereadora pelo PL. (Foto: Reprodução/Arquivo Pessoal)

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Denuncie a violência doméstica

Para denunciar um caso de violência doméstica, basta ligar para a Central de Atendimento à Mulher, no telefone 180, válido em todo o território nacional e no exterior, 24 por dias. Também é possível denunciar episódios de agressão por meio do aplicativo Direitos Humanos Brasil, bem como na página da Ouvidoria Nacional de Diretos Humanos (ONDH) do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMFDH).

A vítima de violência doméstica também pode ser atendida pelo Telegram. Para acessar, baixe o aplicativo e busque pelo canal “DireitosHumanosBrasil”. Em seguida, mande uma mensagem para receber atendimento.

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