Cinco corpos de uma família são encontrados abraçados no RS; repórter desabafa com cena

Vítimas eram da mesma família e foram encontradas em residência atingida por deslizamento de terra

Enchente RS (Foto: Prefeitura de São Leopoldo/Divulgação)

Subiu para 83, o número de mortos em razão dos temporais que atingem o Rio Grande do Sul. De acordo com o boletim divulgado pela Defesa Civil nesta segunda-feira (6), há 111 desaparecidos, 276 pessoas feridas e 4 mortes em investigação. São 141,3 mil pessoas fora de casa, sendo 19,3 mil em abrigos e 121,9 mil nas casas de familiares ou amigos. Em Roca Sales, no Vale do Taquari, cinco corpos foram encontrados abraçados em uma casa soterrada.

Segundo os bombeiros que atenderam à ocorrência, as vítimas eram da mesma família e estavam no interior de uma residência que foi soterrada após um deslizamento de terra. Entre elas, estava uma menina de 13 anos. Como apontam as estimativas oficiais das autoridades, pelo menos 20 pessoas morreram na enchente no Vale do Taquari. Parte dos corpos foi encaminhada ao posto do Departamento Médico-Legal em Lajeado.

O repórter William Fritzke conseguiu chegar até o local e registrou o momento em suas redes sociais. “Estamos em uma localidade que ninguém chegou. Domingo, dia 5 de maio, nos aproximamos de uma residência que foi totalmente soterrada, onde estão cinco pessoas da mesma família em óbito. Não existe acesso ao local, viemos de helicóptero trazer mantimentos. Os bombeiros estão, neste momento, retirando os corpos. É uma situação inimaginável”, desabafou.

“É difícil o acesso, mas nós estamos tentando. É uma cena muito triste, eu cheguei a ver os corpos abraçados, uma família inteira. O morro desceu e acabou atingindo aqui. Aquele morro inteiro desmoronou. O que aconteceu aqui é terrível, uma tragédia”, lamentou.

Assista ao relato:

O presidente Lula voltou neste domingo (5) ao Rio Grande do Sul. Ele se reuniu com o governador Eduardo Leite para discutir ações de resposta à tragédia. “Já estamos no Rio Grande do Sul para acompanhar e reforçar o trabalho coordenado com o governo do estado e as prefeituras nesse momento tão difícil para a região”, escreveu. Há três dias, o presidente já havia estado no RS.

O governo estadual decretou estado de calamidade, situação que foi reconhecida pelo governo federal. Com isso, o estado fica apto a solicitar recursos federais para ações de defesa civil, como assistência humanitária, reconstrução de infraestruturas e restabelecimento de serviços essenciais.

Ao todo, 341 municípios gaúchos foram afetados pelas enchentes – o que representa mais da metade do estado. Nessas localidades, a população está sem acesso a saúde básica, água potável, energia elétrica, telefonia, e as principais rodovias estão interditadas.

Além disso, a operação de 110 hospitais foi afetada – 17 tiveram de suspender os atendimentos a pacientes, e 75 funcionavam apenas parcialmente, segundo o último boletim do governo estadual. São mais de cem pontos de bloqueio terrestre no estado, e o aeroporto de Porto Alegre está com atividades paralisadas. Ao todo, são 850 mil pessoas afetadas.

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A previsão de chuva para a partir da metade desta semana em áreas já castigadas por temporais volta a deixar o estado em alerta. De acordo com a Climatempo Meteorologia, o avanço de nova frente fria volta a provocar aumento nas condições de pancadas fortes de chuva. A possibilidade de aumento do frio também pode dificultar os resgates.

O nível do Guaíba, em Porto Alegre, está quase 2,30 metros acima da cota de inundação. Em medição realizada às 5h15 desta segunda-feira (6), o patamar estava em 5,26 metros. O limite para inundação é de 3 metros.

Causas

Ao g1, meteorologistas explicaram que os temporais que ocorrem no Rio Grande do Sul são reflexo de, ao menos, três fenômenos que ocorrem na região, agravados pelas mudanças climáticas. Nas próximas 24 horas, há previsão de mais chuva. A tragédia no estado está associada a correntes intensas de vento, a um corredor de umidade vindo da Amazônia, aumentando a força da chuva, e a um bloqueio atmosférico, devido às ondas de calor.

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Como ajudar

O governo do estado reativou o canal de doações via Pix para auxiliar as vítimas das enchentes. Há o compromisso de destinar o total dos recursos à ajuda humanitária.

Conta da doação: SOS Rio Grande do Sul;
Chave Pix é o CNPJ: 92.958.800/0001-38
Em nome de “SOS Rio Grande do Sul”.

Também foi aberta uma vaquinha para arrecadar recursos. A ação é promovida pelo Instituto Vakinha, Pretinho Básico e Badin Colono. Clique aqui para doar.

(Foto: Reprodução/ Instagram)

Alguns itens específicos são necessários, como colchões, roupa de cama e banho (higienizados), e cobertores (higienizados). As doações podem ser entregues no Centro Logístico da Defesa Civil Estadual: Avenida Joaquim Porto Villanova, 101, bairro Jardim Carvalho, em Porto Alegre.

O Departamento Estadual de Sangue e Hemoderivados, da Secretaria da Saúde, também faz um chamado para reforçar os estoques no hemocentro de Porto Alegre. Segundo o governo, componentes sanguíneos estão em risco de falta, principalmente plaquetas e hemácias.

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