Nesta terça-feira (9), o caso do cônsul alemão Uwe Herbert Hahn – preso como principal suspeito pela morte do marido, o belga Walter Henri Maximilien Biot – teve novos desdobramentos. Segundo o UOL, em depoimento para a polícia brasileira, um amigo do casal contou que eles estavam cogitando se separar. Ainda, o irmão da vítima revelou que Walter vinha sofrendo agressões por parte do marido. O homem foi encontrado morto na sexta-feira (5), na varanda de seu apartamento em Ipanema, no Rio de Janeiro.
Nas mensagens, trocadas em 17 de julho, o belga classificou o relacionamento como um “inferno”. “Eu te ligo outro dia. É o inferno aqui com Uwe”, escreveu para o irmão, que respondeu: “Não se preocupe. Coragem”. Biot concluiu o bate-papo dizendo que pretendia procurar a polícia e enviou uma foto, que mostrava uma lesão no queixo. Walter e Uwe estavam juntos há 23 anos.
O caso foi registrado na 14ª DP (Leblon), que investiga o diplomata. Para a unidade não há dúvidas de que o belga tenha sido morto pelo companheiro. “A gente não tem dúvida sobre a existência do crime. Queremos saber o que teria motivado, qual o plano de fundo, os bastidores, como estava o clima do casal, qual a relação do casal. Essas circunstâncias vão ser importantes, não para definição de autoria, que já está definida, mas para incidência de circunstâncias que vão qualificar o crime e na persecução penal que vai interferir na pena”, disse a delegada Camila Lourenço
Um espanhol, amigo do casal, afirmou que os dois vinham brigando com frequência. Ele descreveu o alemão como uma pessoa controladora e que humilhava o marido, que até um ano atrás dependia dele financeiramente. No depoimento, o rapaz contou que, no mesmo período, um amigo de Biot morreu e deixou uma herança de 600 mil euros (cerca de R$ 3 milhões), o que piorou o desentendimento entre o casal.
“Uwe é uma pessoa extremamente arrogante e não raro escutava o cônsul vociferar: ‘Eu sou diplomata e nada pode me acontecer’. Uwe tratava os amigos de Walter com desprezo. Que, por não trabalhar, Walter era constantemente diminuído por Uwe. E que ficava responsável por todas as tarefas domésticas do casal”, disse ele à polícia.
A diarista que trabalhava no apartamento também prestou depoimento nesta semana. Além de confirmar uma série de desavenças, em abril ou maio ela notou que a porta da despensa e um vidro do armário da cozinha estavam quebrados, “como se tivessem sido atingidos por algum objeto”. Além disso, a funcionária teria notado manchas de sangue na fronha do travesseiro usado por Biot mais de uma vez, além de um corte recente na testa do belga.
De acordo com o g1, o cônsul alemão disse inicialmente que o marido sofreu uma queda depois de um mal súbito. Uma ambulância do Samu foi chamada para socorrer Walter, mas o médico encontrou o belga já em parada cardiorrespiratória e com lesões no corpo. Por isso, a equipe não quis atestar a morte e o corpo foi encaminhado para o IML.
Segundo as autoridades, foram identificados vestígios de sangue em vários cômodos do apartamento onde o corpo de Biot foi encontrado. A série de fatores levou a Polícia Civil a pedir a prisão em flagrante de Uwe. “A conclusão foi baseada na perícia técnica e a versão apresentada pelo cônsul de que a vítima se exasperou e caiu, ela está na contramão das conclusões do laudo pericial. Ele aponta diversas equimoses, inclusive na área do tórax, que seria compatível com pisadura. Lesões compatíveis com agressão por instrumento cilíndrico. O cadáver grita as circunstâncias de sua morte”, disse a delegada ao justificar a prisão.
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