Delegado detalha depoimento de jovem de 13 anos que matou professora em SP: ‘Ele foi frio’

Estudante prestou depoimento, fez exame de corpo de delito e aguarda audiência na Fundação Casa

Ataque em SP

Após um adolescente de 13 anos matar uma professora e ferir outras cinco pessoas em um colégio estadual na Zona Oeste de São Paulo, nesta segunda-feira (27), o delegado responsável pela investigação deu detalhes do depoimento. Para a Folha de São Paulo, Marcos Vinicius Reis afirmou que o jovem demonstrou “frieza” ao relatar o ataque e a morte de Elisabete Tenreiro.

O suspeito é aluno do 8º ano do ensino fundamental e foi levado pela Polícia Militar. “Ele (o autor do ataque) passou todas as informações de forma pormenorizada, ele admitiu os fatos. E as imagens são fortes. Ele foi frio, não demonstrou muita emoção e admitiu, confessou, na presença da advogada, na presença dos pais”, contou o delegado.

A motivação do crime, no entanto, ainda está sendo investigada pelas autoridades. O próximo passo, segundo Marcos Vinícius, é analisar o bilhete que o adolescente deixou em casa e suas postagens online, além de ouvir outras testemunhas do ataque. Para o SBT, fontes haviam reportado que o estudante tinha prometido atacar professores e alunos porque era alvo de bullying.

Ao deixar a delegacia, o suspeito passou por um exame de corpo de delito no Instituto Médico Legal e, posteriormente, foi encaminhado para a Fundação Casa. A expectativa dos policiais é que ele continue detido após a audiência de custódia, prevista para esta terça-feira (28), na Vara da Infância e do Adolescente. “Esperamos que ele permaneça apreendido. Foi um procedimento com bastante lisura e trabalhoso. É um caso que envolve menores e uma vida”, disse o delegado.

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Transferência por violência

O secretário estadual da Educação de São Paulo, Renato Feder, confirmou que o estudante foi transferido para a Escola Estadual Thomázia Montoro após demonstrar comportamento violento em outra unidade. “Ele teve problemas de violência na outra escola, a família foi contatada sobre isso”, explicou Feder.

Segundo ele, uma escola de Taboão da Serra registrou um boletim de ocorrência de “ameaça” contra o jovem no dia 28 de fevereiro, no 1º Distrito Policial da cidade. De acordo com o documento, o menino vinha “apresentando um comportamento suspeito nas redes sociais, postando vídeos comprometedores como, por exemplo, portando arma de fogo, simulando ataques violentos”.

O menino foi detido e levado para o 89º Distrito Policial, onde o caso será registrado (Foto: Reprodução/g1)

“O aluno encaminhou mensagens e fotos de armas aos demais alunos por WhatsApp. Alguns pais estão se sentindo acuados e amedrontados com tais mensagens e fotos”, acrescenta o registro. Os pais do adolescente, inclusive, teriam sido chamados para comparecer a uma reunião com a direção da escola.

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Na época, o estudante estava matriculado na Escola Estadual Roberto Pacheco, para a qual havia sido transferido. Uma funcionária da instituição confirmou que a polícia foi acionada no mês passado: “Foi enviado para todos os órgãos competentes, mas não posso falar mais nada sobre isso”. Mais tarde, o aluno foi transferido para Escola Estadual Thomázia Montoro, onde ocorreu o atentado.

Além disso, também foram encontrados jogos de perguntas virtuais criados pelo adolescente. Entre os questionários, há um entitulado “Qual dos serial killers você seria?”, no qual ele elenca quatro assassinos em série, e um que propõe cinco formas de tirar a própria vida.

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Na manhã de segunda-feira (27), o adolescente de 13 anos esfaqueou seis pessoas na Escola Estadual Thomazia Montoro. A professora identificada como Elisabete Tenreiro, de 71 anos, sofreu uma parada cardiorrespiratória e não resistiu aos ferimentos. As demais vítimas foram encaminhadas aos hospitais da região, mas seguem estáveis, segundo o Secretário de Segurança de São Paulo. Com o jovem, foram apreendidas uma faca, uma tesoura, um celular e uma carta de despedida. Confira a íntegra do caso, clicando aqui.

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