Dono de empresa se manifesta sobre demissão de funcionária que ganhou carro em sorteio, e aponta motivo

Disputa entre ex-funcionária e empresa de Santos pode parar na Justiça

Rodrigo Morgado, proprietário da Quadri Contabilidade, em Santos, São Paulo, se posicionou sobre o impasse envolvendo Larissa Amaral da Silva, de 25 anos, ex-funcionária que ganhou um Jeep Compass em um sorteio da empresa e, meses depois, perdeu o prêmio e o emprego. Em conversa com o g1 divulgada nesta segunda-feira (28), ele afirmou que a demissão não foi motivada diretamente pela disputa em torno do carro, mas pelo comportamento da colaboradora no ambiente de trabalho.

“Foi uma decisão tomada para que não contaminasse o ambiente, já que a postura dela de não conversar de maneira correta acabou levando a esse desfecho”, declarou Morgado. O empresário ainda afirmou que Larissa descumpriu o regulamento do sorteio, o que resultou na perda do direito ao carro.

De acordo com ele, o prêmio só seria transferido oficialmente após 12 meses de vínculo empregatício, cumprimento de metas trimestrais — como captação de clientes e participação em treinamentos internos — e conservação adequada do veículo. Um ponto-chave, segundo Morgado, foi a descoberta de que Larissa teria negociado o uso do carro com uma terceira pessoa, prática proibida pelo contrato. “O carro não estava em posse dela, estava em posse dessa terceira que ela locou, vendeu”, afirmou.

Larissa foi sorteada e ganhou um carro (Foto: Reprodução/Instagram)

O impasse, que começou em dezembro de 2024 com o sorteio realizado na festa de fim de ano, ganhou força após Larissa expor o caso nas redes sociais em abril. Desde então, a empresa rebateu publicamente, reforçando que todos os funcionários participantes assinaram um regulamento que previa as condições para a transferência definitiva do veículo, marcada para 13 de dezembro de 2025. Além do vínculo de 12 meses e das metas, o regulamento exigia que o carro fosse mantido segurado, em bom estado, e não poderia ser repassado a terceiros.

“Teve gente que não quis [participar], em relação ao preço do carro, porque foi expressado aproximadamente quanto ficariam o seguro e o IPVA. Já sabendo a média salarial, nós fizemos questão de expor isso a eles, para que todos se sentissem confortáveis em querer ou não participar, já sabendo daquilo que eles iriam arcar”, alegou Morgado.

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Larissa, por sua vez, contesta a versão apresentada pela empresa. Nas redes sociais, relatou que recebeu o Jeep Compass com uma série de defeitos mecânicos, o que a obrigou a desembolsar aproximadamente R$ 10 mil em manutenção, licenciamento e documentação. Segundo ela, os problemas surgiram logo no primeiro uso do veículo. “No painel mesmo, logo que eu peguei, já apareciam mensagens de que precisava fazer manutenção no motor, de que tinha a luz queimada”, relatou. Larissa tentou negociar o reembolso desses custos com a Quadri, mas afirmou que a empresa não deu retorno. Pouco depois, foi demitida. “Até então eu era bem elogiada, então não faz sentido terem me demitido do nada. Esperamos justiça”, disse. Um vídeo mostra o momento em que a funcionária recebe a chave do automóvel.

Assista:

Após a repercussão do caso, a Quadri informou ter tentado um acordo com os advogados de Larissa, oferecendo o pagamento integral do valor do carro em troca de uma nota pública de esclarecimento nas redes sociais. No entanto, a proposta foi recusada. A empresa lamentou a postura da ex-funcionária e afirmou que o veículo “jamais pertenceu à Sra. Larissa, constituindo-se um bem da empresa sorteado sob condições específicas, as quais não foram integralmente cumpridas”.

A defesa de Larissa, representada pelos advogados Paulo Ferreira e Lenine Lacerda, informou que o caso será levado à Justiça. “Estamos analisando os documentos comprobatórios e estudando a melhor estratégia para atuação, que em breve será judicializada”, afirmaram.

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O sorteio e suas regras

De acordo com o regulamento apresentado pela Quadri Contabilidade, o sorteio do Jeep Compass 2017 foi realizado como parte da ação “Acelerando com a Quadri em 2025”, criada para incentivar o desempenho da equipe. Todos os participantes foram informados de que a propriedade do carro só seria transferida após um ano, desde que cumprissem as metas estabelecidas e permanecessem na empresa até a data prevista para a oficialização do prêmio, em dezembro de 2025.

As metas incluíam desde captação de novos clientes e participação em treinamentos até ações sociais, como organizar campanhas de doação de brinquedos. Além disso, o funcionário sorteado deveria manter o carro em boas condições, com seguro ativo e impostos em dia. O regulamento permitia a desclassificação em caso de descumprimento de qualquer cláusula, inclusive a proibição de repassar o veículo a terceiros.

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