Em vídeos inéditos de câmeras corporais, PM e bombeiro dizem que motorista de Porsche estava alcoolizado; assista

Nesta quinta-feira (25), a Polícia Civil pediu a prisão de Fernando Sastre de Andrade Filho pela 3ª vez

Nesta quinta-feira (25), novos vídeos de câmeras corporais, obtidos pelo g1, apontaram que o motorista do Porsche, Fernando Sastre de Andrade Filho, estava alcoolizado. A informação foi dada por um dos bombeiros que estava no local do acidente, que resultou na morte do motorista de aplicativo Ornaldo da Silva Viana, e um ferido. Ainda ontem, a Polícia Civil de São Paulo pediu pela 3ª vez a prisão do empresário.

No início da filmagem, os policiais escutam testemunhas que presenciaram o acidente. Segundo eles, o empresário bateu contra um Sandero a mais 100 km/h em uma via com limite máximo de 50km/h, e até tentou fugir após a batida. “Eles passaram pela gente. Passou a uns 200 km/h, tentou desviar de um carro e bateu no outro. (…) Nós fomos os primeiros a descer e ajudar eles a saírem do carro. Eles queriam fugir, mas a gente segurou”, recordou um casal.

Neste momento, Fernando é visto deixando o local do acidente ao lado da mãe, Daniela Cristina de Medeiros Andrade, quando é abordado pelos policiais. Em seguida, a policial perguntou para um colega se ele tinha um etilômetro para realizar o teste do bafômetro. O agente respondeu que não. Conforme o regulamento, não é obrigatório que toda viatura porte os respectivos itens. Porém, nesses casos, o padrão é pedir o equipamento a outra equipe.

Após receber a resposta negativa, a agente interroga Fernando sobre o que ocorreu. “Eu estava saindo com o Marcos (amigo), a gente estava indo para casa. E aí aconteceu um acidente horrível. Foi isso. A gente estava saindo de uma festa e indo pra minha casa, jogar sinuca. Aí, do nada, aconteceu um acidente horrível. Eu não lembro mais de nada”, informou o motorista da Porche.

Motorista da Porche e mãe são interrogados antes de deixarem local do acidente (Foto: Reprodução/g1)

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Em nenhum momento da gravação, os agentes questionam se o empresário bebeu antes de dirigir. Eles coletaram os dados de Fernando e o fizeram assinar uma declaração para liberá-lo. Segundo a mãe do condutor, ele seria levado ao hospital. Porém, como apontado pela própria reportagem, eles não deram entrada em nenhuma unidade de saúde. Em depoimento, Daniela contou que eles foram para casa tomar um banho e acabaram dormindo.

Pouco depois, um bombeiro que foi chamado para a ocorrência perguntou sobre Fernando, e comentou sua suspeita de que o motorista estava alcoolizado. “O cara da Porche foi embora? A família levou?”, questionou o socorrista. “Foi para o hospital. A mãe levou”, constatou a PM. “Estavam um pouco etilizados esses caras, né?”, apontou o bombeiro. “Sim, Sim”, confirmou o outro policial.

Assista:

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SSP de São Paulo se pronuncia

Em nota, a Secretaria da Segurança Pública de São Paulo, declarou que os policiais erraram ao não fazer o teste do bafômetro. “A sindicância da Polícia Militar concluiu, a partir da análise das imagens de câmeras corporais, que houve falhas de procedimento dos policiais que atenderam a ocorrência, por não seguirem a determinação da PM e não submeter o motorista ao teste de alcoolemia”, disse o texto.

O órgão acrescentou que “foi aberto um procedimento para a responsabilização dos policiais. Vale destacar que, enquanto aguardam o etilômetro, é dever dos policiais preservarem o local e os suspeitos, além de acionar o serviço de saúde. Atualmente, o Comando de Policiamento de Trânsito (CPTran) conta com 150 etilômetros para o uso nas atividades de patrulhamento”.

Carros ficaram destroçados após a batida (Foto: Reprodução/TV Globo)

Nesta quinta (25), a Polícia Civil de São Paulo pediu a prisão do motorista Fernando Sastre pela 3ª vez. O empresário vai responder pelos crimes de homicídio doloso, lesão e fuga do local do acidente. A mãe dele, Daniela, também foi indiciada por fuga do local do acidente, como coautora.

A Corregedoria da Polícia Militar investiga a conduta dos dois agentes por descumprirem o protocolo de atendimento em casos de acidentes com vítimas. Em contrapartida, a Polícia Civil apura as causas e eventuais responsabilidades pela morte do motorista de aplicativo e pelos ferimentos graves do amigo de Fernando, Marcus Vinicius Machado Rocha. Ele estava estava no banco do passageiro da Porche e, além dos ferimentos, fraturou quatro costelas e teve o baço retirado numa cirurgia

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