Empresário encontrado em buraco no Autódromo de Interlagos teve morte “lenta e agonizante”, diz polícia

Polícia revelou resultados de novos laudos

A morte do empresário Adalberto Amarilio Júnior, de 35 anos, cujo corpo foi localizado em um buraco de três metros de profundidade no Autódromo de Interlagos, é tratada pela Polícia Civil de São Paulo como homicídio. Nesta quarta-feira (18), as autoridades confirmaram que a vítima foi asfixiada e descartaram hipóteses de queda acidental ou latrocínio.

Segundo o Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP), a investigação permanece sob sigilo, mas já aponta que a morte foi “lenta e agonizante”, possivelmente com o empresário tentando respirar nos momentos finais.

Morte por asfixia

Durante entrevista coletiva, a delegada Ivalda Aleixo, diretora do DHPP, relatou que o corpo foi encontrado em pé, dentro do buraco, sem calça, tênis ou meias. “Talvez uma morte lenta, agonizante. Ele podia estar tentando respirar”, afirmou. O secretário-executivo da Secretaria de Segurança Pública, Osvaldo Nico Gonçalves, reforçou a gravidade do crime: “Foi uma morte sofrida mesmo, lenta”.

Os laudos do Instituto Médico Legal (IML) e da Polícia Técnico-Científica apontam que Adalberto morreu por sufocamento. A causa ainda está sendo apurada: a polícia investiga se a asfixia foi provocada por esganadura, compressão torácica ou outro tipo de constrição. “A gente tem aí o sufocamento como a causa da morte dele”, disse Ivalda. “Talvez uma constrição no pescoço, que vai para aquela ideia do ‘mata-leão’”, completou.

Havia escoriações nos joelhos e no pescoço da vítima, o que, segundo os investigadores, indica que ele pode ter sido obrigado a se ajoelhar ou arrastado. A ausência de sujeira nos pés e a cueca limpa reforçam a hipótese de que o corpo foi carregado ou que as roupas foram retiradas próximas ao buraco.

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Resultado de laudo não indica violência sexual

O exame pericial também encontrou presença de PSA (antígeno prostático específico) na região peniana da vítima, proteína que indica a presença de sêmen. No entanto, a Polícia Técnico-Científica descartou que o material seja evidência de ato sexual. “Pode haver eliminação de sêmen devido a contrações nas vesículas seminais em mortes por asfixia”, explicou Nico.

O laudo não identificou espermatozoides, o que, segundo o Instituto de Criminalística, reforça que não houve ejaculação associada a relação sexual. A ausência de calça, segundo o secretário, teria sido uma forma de “humilhação” por parte do autor do crime.

Empresário achado morto em buraco de obra no Autódromo de Interlagos (Foto: Reprodução/ Instagram)

Nova linha de investigação

Imagens de câmeras de segurança mostram Adalberto caminhando no estacionamento pouco antes de desaparecer. Ele havia ido ao evento de motociclismo em 30 de maio. Seu corpo foi encontrado em 3 de junho por um funcionário da obra no kartódromo, anexo ao autódromo. A polícia acredita que a vítima foi colocada ainda viva no buraco ou que morreu pouco tempo depois de ser deixada ali.

Os investigadores apuram se Adalberto se envolveu em alguma discussão com seguranças, vendedores ou frequentadores do evento. O delegado Rogério Thomaz declarou: “Uma das linhas é eventualmente ele ter se envolvido numa briga, que pode ser com segurança e pode não ser com segurança. A linha dos seguranças é uma das diretrizes. Ou ele arrumou uma confusão e certamente foi colocado num buraco por um frequentador do evento. Ou um vendedor que tinha barraca de coisas…. pode ser uma pessoa que vai sempre ao kartódromo de Interlagos”.

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Das 180 pessoas que atuaram na segurança do evento, 100 já foram descartadas com base na localização de seus celulares. A polícia analisa se os demais podem ter relação com o crime.

O amigo Rafael Aliste, que esteve com Adalberto no evento, contou à polícia que os dois tomaram oito cervejas e fumaram maconha. No entanto, os exames toxicológicos não encontraram vestígios de álcool nem drogas no corpo. Segundo os peritos, isso pode ter ocorrido devido ao tempo entre a morte e a coleta dos materiais. A polícia verificou o consumo de bebidas por meio de comandas e débitos bancários. Rafael foi ouvido como testemunha e não é considerado suspeito.

Corpo foi encontrado em buraco no autódromo (Foto: Reprodução/TV Globo)

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Laudos pendentes

A Polícia Científica ainda finaliza a análise do sangue encontrado dentro do carro do empresário, que estava estacionado em local proibido. Segundo apuração da TV Globo, parte do sangue seria de Adalberto, mas também há indícios de material genético feminino, ainda não identificado. A esposa dele forneceu amostras para comparação.

Outro laudo está sendo feito para mapear a área onde o corpo foi achado. Peritos preparam uma reconstituição em 3D com base em espelhamento da cena e nos depoimentos. O objetivo é entender o caminho percorrido por Adalberto entre o evento e o local onde foi deixado.

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