Engenheiro brasileiro é encontrado morto na Argentina; polícia revela principal suspeita e pai relembra última conversa com o filho

Ele trabalhava como voluntário em um albergue no país há três meses

O engenheiro civil brasileiro Rafael Barlete Rodrigues, de 32 anos, foi encontrado morto na última quarta-feira (7). O corpo estava entre pedras de uma praia no sul de Mar del Plata, na Argentina. De acordo com o site local La Capital, os moradores do bairro Los Acantilados ligaram para a emergência após avistarem um cadáver no local.

Os policiais informaram que Rodrigues foi encontrado de bruços, vestido com uma camiseta preta e cueca branca. As equipes de bombeiro e a defesa civil precisaram percorrer um quilômetro de trilha para chegar no local em que ele estava.  As investigações preliminares indicam que o corpo não apresentava sinais de violência.

Atualmente, a promotoria de Investigação Funcional trabalha com a hipótese de que Rodrigues se afogou. A maré teria subido e o engenheiro teria ficado preso no rochedo.

O homem atuava como voluntário em um albergue há três meses. O amigo dele – que identificou o corpo – descreveu a vítima como introvertida. Rafael foi visto com vida pela última vez na tarde de terça-feira (6), por volta das 17h, enquanto carregava seu violão.

Neste sábado (10), o pai de Rafael, João Aparecido Rodrigues, contou ao UOL qual foi o último contato que teve com o filho: “Ele me mandou mensagem umas 14h de terça, no dia em que sofreu o acidente. Ele saiu da pousada umas 17h pra andar na beira da praia. Ele se dirigiu para um lado da praia que tinha pedras e barranco. Um amigo local disse que ele gostava de andar naquele lado”.

Rafael Barlete Rodrigues tinha 32 anos. (Foto: Reprodução/ UOL)

“Quando ele estava longe, a maré subiu, e não tinha como voltar andando. A polícia e os bombeiros acham que ele tentou nadar, mas as ondas estavam fortes e ele não conseguiu… Eles têm essa suspeita porque não é a primeira vez que isso acontece naquele lugar”, continuou.

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O pai recebeu a notícia pelo delegado de Bebedouro, cidade do interior de São Paulo, onde mora: “Eu estava no serviço. Ele me ligou dando a notícia e dizendo que o Consulado ia falar comigo. Como eu não tinha condições de ouvir e gravar os procedimentos, a moça do Consulado ligou para a Câmara Municipal, que providenciou uma assistente social que passou a intermediar tudo”. 

“Eu e minha esposa ficamos muito abalados, mas graças a Deus estamos bem, tentando lidar com a perda”, falou ele. João ainda afirmou que o filho começou a viajar depois da pandemia de covid-19. “Ele tinha uma vida normal no Brasil antes da pandemia. Quando ela acabou, ele permaneceu trabalhando em home office”, afirmou.

Rafael Barlete com os pais, João Paulo Rodrigues e Odete Barlete Rodrigues. (Foto: Reprodução/ UOL)

“Como podia trabalhar de qualquer lugar, ele começou a viajar. Foi ao Paraná, Santa Catarina, sempre perto de praia, que ele gostava”, comentou. Na virada do ano, Rafael decidiu ir trabalhar na Argentina. “Ainda lá, ele se desligou da empresa, mas como iniciou em outro emprego remoto, disse que ia ficar por mais um tempo antes de voltar ao Brasil”, disse o pai.

Além do trabalho em uma empresa de suporte de software, a vítima pagava a estadia dedicando algumas horas do dia trabalhando para a pousada. Agora, os amigos da família organizam uma vaquinha para trazer o corpo para o Brasil.

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O custo do traslado de avião até o Aeroporto de Guarulhos será de no mínimo R$ 21 mil. De lá até Bebedouro, a prefeitura vai pagar o valor de R$ 4 mil. “Esse preço foi passado pela funerária local. Só que, depois de saber onde estava o corpo, eles disseram que pode aumentar. Surgiram outras opções, mas as mais baratas não fazem esse serviço. Agora não sabemos quanto vai ficar”, pontou o pai.

Entretanto, ele não sabe ao certo o quanto foi arrecadado até agora. “Segundo o rapaz que organiza, tem um valor considerável, mas ainda falta”, falou ele. O Ministério das Relações Exteriores informou eu que não pode pagar pelos custos. “O traslado dos restos mortais de brasileiros falecidos no exterior é decisão da família e não pode ser custeado com recursos públicos, à luz do § 1º do artigo 257 do decreto 9.199/2017”, disse em nota.

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