Especialista aponta o que pode ter provocado morte de homem atingido por barra de supino, em Olinda

Família de Ronald José Salvador Montenegro afirmou que ele fazia musculação há mais de 30 anos

Um homem, de 55 anos, morreu enquanto praticava supino em uma academia, em Olinda. Um especialista explicou o que pode ter provocado o acidente. A família ainda afirmou que Ronald José Salvador Montenegro praticava musculação há mais de 30 anos.

Uma pegada errada pode ter provocado o acidente que resultou na morte de um homem, de 55 anos, durante um exercício físico em uma academia, em Olinda. Ronald José Salvador Montenegro realizava supino reto com barra livre quando o equipamento caiu sobre o tórax dele.

Ao portal g1, o presidente do Conselho Regional de Educação Física (Cref) da 12ª Região/Pernambuco, Lúcio Beltrão, disse que a forma como Ronald segurava a barra, sem colocar os polegares ao redor do equipamento, é considerada inadequada. O acidente aconteceu na segunda-feira (1º) e foi registrado por câmeras de segurança.

De acordo com Beltrão, a gravação mostra que a pegada utilizada pelo homem é conhecida como “pegada suicida”, ou “false grip”, quando o dedo polegar não envolve a barra. O equipamento fica apoiado nas palmas das mãos e nos outros dedos. “Acho que ele pegou os cinco dedos passando da barra, se não me engano. Era para ter fechado. Esse nome [pegada suicida] é o que a turma chama, não é um nome científico, mas ele se colocou em risco, em perigo“, explicou o presidente do Cref.

O risco é o que aconteceu, que é escorregar e cair. Quando você fecha o dedo, diminui o risco da barra cair, porque você tem um dedo ali dificultando. Eu diria que tudo que você faz para reduzir o risco, você deve tentar fazer“, alertou. Beltrão, por sua vez, disse que, ainda, não se pode atribuir de maneira oficial o acidente à “pegada suicida”. “Podia não ter sido isso, poderia ser que, mesmo com o dedo ali, a carga seria tão alta que ele não teria sustentado. Bom, tem muitos ‘se’, mas a pegada correta, a carga correta, são um conjunto de fatores que ajudam a evitar o acidente“, pontuou.

Pegada errada teria provocado acidente que resultou na morte. (Foto: Reprodução/g1)

O presidente do Cref também contou que além de fechar as mãos, é possível utilizar equipamentos para reduzir algum acidente, e destacou que o acompanhamento profissional é essencial. “A questão da luva também, tem regra dizendo que é para fazer com luva, sem luva… tem luva que pode, inclusive, fazer com que escorregue. Vai ter luva um pouco mais áspera, que pode fazer com que escorregue menos. Mas, de novo, a pegada certa ajuda, a carga correta ajuda, é um conjunto de cuidados“, disse.

Eu vi que no final, o professor chega depois. Não sei se ensinou [a pegada correta] e ele não fez, se ele viu alguém fazendo e foi copiar, ou se ele viu na internet… Deveria ter pego com os dois dedos tocando um no outro, mas ele deixou o polegar de fora e [a barra] escorregou na parte final da mão“, declarou.

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Segundo a família, Ronald praticava musculação há mais de 30 anos e nunca sofreu nenhum outro acidente ao se exercitar. “Já malhou muito tempo, nunca teve nenhum acidente. Dizem que ele estava há mais de dez anos nessa academia“, contou Tatiane Costa, ex-cunhada do homem.

Carnavalesco apaixonado e dedicado à festa de Momo há mais de três décadas, Ronald era presidente do Centro Cultural Palácio dos Bonecos Gigantes de Olinda, no bairro do Carmo, localizado no Sítio Histórico da cidade. Ele deixou dois filhos: Milena, de 25 anos, e Ronald, de 18.

O acidente

Depois de ser atingido pela barra, Ronald se levanta, mas cai no chão segundos depois. Ele chegou a ser socorrido e levado por profissionais da academia à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Rio Doce, mas não resistiu.

Veja o vídeo:

O caso foi registrado como morte acidental na Delegacia de Rio Doce. O laudo sobre a causa da morte ainda não foi finalizado. Em nota ao g1, a RW Academia, no Jardim Atlântico, se solidarizou e informou que o ocorrido foi um acidente, “uma fatalidade que deixou a todos nós muito abalados“.

O estabelecimento esclareceu que prestou atendimento imediato ao aluno, acionando socorro especializado, e que é devidamente registrada no Conselho Regional de Educação Física. Além de contar com professores formados, a academia informou que realiza treinamentos periódicos de primeiros socorros com toda a equipe.

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