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A estudante de Direito Cláudia Roberta Silva deseja recuperar os R$ 77 mil que seriam destinados à formatura de sua turma, mas foram usados por ela em apostas on-line. O advogado Joel Sustakovski também afirmou que sua cliente irá devolver ao grupo a quantia arrecadada. O caso ocorreu em Chapecó, Santa Catarina, e é investigado pela Polícia Civil. A mulher foi denunciada pelos demais formandos.
“Conforme já amplamente divulgado antes deste Procurador assumir o caso da Sra. C.R., a mesma confessou que, de fato, se apropriou dos valores relacionados à formatura da turma de Direito, gastando o valor integralmente com apostas online, em especial, o conhecido ‘Jogo do Tigrinho‘”, afirmou Sustakovski, em nota divulgada pelo g1 nesta sexta-feira (28).
Segundo ele, o foco neste momento é “esclarecer os fatos, principalmente aos colegas de formatura da suspeita”. “Todas as medidas judiciais serão tomadas para tentar recuperar os valores perdidos nas apostas online, assim como serão ressarcidos os valores aos colegas de formatura. No mais, a suspeita aguarda ser chamada na Delegacia de Polícia Civil de Chapecó SC para ser ouvida”, atualizou.
“O caso serve de alerta, haja visto que não é um caso isolado, e prova que tal modalidade de apostas leva pessoas a perderem o controle financeiro e emocional, como foi o caso. Importante destacar que a suspeita também utilizou valores seus e a soma ultrapassa o valor que era destinado à festa de formatura”, concluiu o advogado.

A Polícia Civil informou que trabalha com duas linhas de investigação, apropriação indébita ou estelionato, e os envolvidos serão ouvidos nos próximos dias.
De acordo com o delegado regional de Chapecó, Rodrigo Moura, a delegacia responsável pelo inquérito fez um pedido à Justiça para rastrear e tentar recuperar o valor supostamente desviado. Já o Tribunal de Justiça de Santa Catarina (TJSC) declarou que não vai se manifestar enquanto a investigação estiver em andamento.
Entenda o caso
Nicoli Bertoncelli Bison, uma das vítimas, teria sido informada sobre a situação pela própria responsável pelo dinheiro. Em uma conversa no Whatsapp, em 27 de janeiro, Cláudia enviou uma mensagem admitindo que perdeu a quantia. “Eu perdi todo o dinheiro da formatura. Me viciei em apostas on-line, Tigrinho e afins, e quando perdi todo o dinheiro que eu tinha guardado, comecei a usar o da formatura para tentar recuperar. E aí, cada vez mais fui me afundando no jogo”, relatou.
A estudante explicou que os alunos contribuíram por três anos para juntar o dinheiro necessário para a festa de formatura. Todo o valor foi depositado na conta de Cláudia, que ficou responsável por cuidar da parte financeira da organização. O boletim de ocorrência registrado pela turma detalha que, no fechamento do contrato com a empresa organizadora, foi pago um adiantamento de R$ 2 mil. O restante da quantia, R$ 76.992,00, deveria ser quitado até dezembro de 2024.

Nicoli também disse que a empresa contratada para fazer a formatura chamou os estudantes em um ultimato, em janeiro deste ano, para receber o pagamento. “A gente não desconfiou de nada porque, desde o início, ela sempre foi muito assim: ‘Vou atrás, vou fazer'”, ressaltou. No entanto, algumas atitudes de Cláudia começaram a chamar a atenção.
“A prestação de contas que a comissão nos repassou depois, ela fazia em Excel, em Word. Ela não apresentava esse extrato bancário, coisa que não faz nenhum sentido”, admitiu. A Polícia Civil confirmou que os 16 alunos da Unidade Central de Educação Faem Faculdade (UCEFF) reuniram o dinheiro, divididos da seguinte forma:
- R$ 78.992,00 – valor total da formatura;
- R$ 2.000,00 – pago à empresa responsável ao fechar o contrato;
- R$ 76.992,00 – valor que deveria ter sido pago para empresa em dezembro de 2024;
Empresa se pronuncia
Em nota, a Nova Era Formaturas afirmou que não possuía qualquer responsabilidade sobre a arrecadação, administração ou guarda dos valores destinados à realização do evento. “A arrecadação foi realizada diretamente pelos formandos, por meio de rateio, sendo os valores depositados em conta bancária de responsabilidade exclusiva dos alunos. Em nenhum momento tais quantias estiveram sob a administração ou custódia da Nova Era Formaturas”, garantiu.
“Apesar de não ser responsável pelo ocorrido, a Nova Era Formaturas se solidariza com a situação dos formandos e reafirma seu compromisso com mesmos, ressaltando que está envidando todos os esforços necessários para, em conjunto com os estudantes, viabilizar a realização dos eventos de formatura, de modo a minimizar os impactos do ocorrido e garantir que este momento tão aguardado seja, enfim, concretizado”, continuou a empresa.
Por fim, a Nova Era se colocou à disposição para quaisquer esclarecimentos. “Dito isso, reiteramos nosso compromisso com a transparência, profissionalismo e dedicação para tornar a formatura um evento memorável, e seguimos à disposição dos formandos e de seus familiares para quaisquer esclarecimentos adicionais”, garantiram.
A Polícia Civil já havia pedido à Justiça que tomasse medidas para rastrear o dinheiro e, se possível, reaver a quantia que foi desviada. Enquanto tenta recuperar os valores perdidos, a turma decidiu realizar uma nova arrecadação para viabilizar a formatura em maio deste ano, utilizando vaquinhas online e eventos.
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