Homem confessa crime contra delegada na BA, aponta motivação e como a matou; polícia expõe suspeita

Tancredo Neves Feliciano de Arruda confessou ser o autor do feminicídio

Tancredo Neves Feliciano de Arruda, que foi preso por suspeita de matar a delegada Patrícia Neves Jackes Aires, na Bahia, confessou o crime à polícia nesta segunda-feira (12). Ele disse ter estrangulado a então companheira usando um cinto de segurança, e que se defendeu de supostas ameaças feitas por ela.

As declarações foram dadas na 37ª Delegacia Territorial da Bahia, em São Sebastião do Passe, na Região Metropolitana de Salvador. Após a audiência de custódia, Arruda teve a prisão em flagrante convertida em preventiva.

Supostas ameaças

“Não sou um monstro, não, não sou um bicho (…) Ela veio para cima de mim me ameaçando, e eu perdi a cabeça”, alegou Tancredo no depoimento, segundo o UOL. O homem acrescentou que Patrícia teria ameaçado ele e sua família de morte por não aceitar o fim do relacionamento.

“Patrícia não aceitava o término de jeito nenhum, e eu não vou negar que amava ela e tentava ver aquilo dentro dela de novo, mas sempre voltava para o mesmo final de ameaça. Mas eram só palavras, ela nunca tinha feito algo, e, nesse dia, ela puxou o volante”, alegou Tancredo.

Conforme ele, a delegada o intimidou com uma arma durante uma discussão antes de pegarem a estrada. A ameaça teria ocorrido quando eles ainda estavam em casa, no município de Santo Antônio de Jesus, onde Patrícia trabalhava. O homem afirmou que os dois se resolveram, saíram e decidiram viajar para Salvador. Contudo, a delegada voltou a ameaçá-lo, de acordo com o depoimento.

Delegada foi encontrada morta dentro de carro, e polícia trabalha com suspeita de estrangulamento (Foto: Reprodução/Arquivo Pessoal)

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Apesar das afirmações de Arruda, a mãe da vítima, Maria José Jackes Aires, salientou que o antigo genro era ciumento e controlava até como a filha se vestia. “Ela pegou um áudio dele para a mãe [em que ele dizia]: ‘Mãe, vou pegar um remédio para me controlar porque lá vai ter muito homem. Não sei se vou conseguir me controlar’. Então, já era uma forma de ele mostrar a personalidade violenta. Esse áudio só chegou até ela (Patrícia) depois que eles tinham se separado”, descreveu a senhora em entrevista à TV Globo Pernambuco.

O crime

O suspeito contou que na noite do crime saiu para beber com Patrícia e que ela teria ficado alcoolizada. Foi na saída do local que a delegada teria decidido a viagem com o objetivo de comprar roupas. Porém, durante o percurso, ele teria dito para a mulher que os dois precisavam repensar a relação.

Tancredo destacou que a então companheira “nunca saía armada e na noite do ocorrido não foi diferente”. Contudo, ela perdia o controle emocional com frequência, segundo ele. O suspeito acrescentou que a reação de Patrícia às suas falas foi de descontrole e ameaças de morte contra a família e a filha dele. Nesse momento, ela teria puxado o volante do carro, provocando a colisão contra uma árvore.

Carro em que eles estavam bateu em uma árvore após discussão, segundo suspeito (Foto: Polícia Civil)

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Polícia suspeita de morte por estrangulamento

Em seguida, de acordo com Tancredo, ela teria começado a bater nele, que enrolou o cinto de segurança no pescoço da delegada. No depoimento, Neves afirmou que objetivo não era matar Aires, e sim fazer com que ela parasse as supostas agressões.

Tancredo confirmou às autoridades que Patrícia estava desacordada menos de um minuto após o ocorrido. Ele, então, saiu do carro e chamou a polícia, sem ter certeza se a mulher estava morta.

De acordo com a Polícia Civil, o suspeito foi visto no domingo (11), circulando pela BR-324, quando foi levado para a Polícia Rodoviária Federal (PRF). Horas depois, o carro com o corpo da vítima foi localizado em um acostamento da rodovia, no trecho do município de São Sebastião do Passé, e ele foi preso.

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A causa da morte ainda é investigada. No entanto, a principal suspeita é de que Patrícia tenha sido vítima de estrangulamento, pois o investigado confessou ter girado “o cinto de segurança no pescoço dela”, enforcando-a.

Falso sequestro

No primeiro depoimento, o homem disse que eles teriam sido vítimas de um sequestro, algo desmentido pelo próprio nas novas declarações. “Fiquei com medo por ela ser delegada, medo da polícia fazer alguma coisa”, confessou.

Casamento

Tancredo Neves ainda disse que casaria com a chefe de polícia nesta quarta-feira (14), apenas três dias após ela ter sido assassinada. No entanto, a delegada-geral da Polícia Civil da Bahia, Heloísa Brito, informou que a cerimônia teria sido cancelada pela vítima na semana passada e remarcada pelo suspeito.

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O investigado, que também é alvo de um inquérito por exercício ilegal da Medicina, contou que conheceu Patrícia em novembro de 2023, em um restaurante de Santo Antônio de Jesus. O relacionamento, por sua vez, teve início há cerca de quatro meses.

Na ocasião, a delegada atuava como plantonista na unidade policial da cidade. Por fim, Tancredo reconheceu que houve agressões verbais ao longo desse período, mas negou que tenha ocorrido qualquer episódio de violência física ou sexual.

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