Homem jogado da ponte por PM em SP se pronuncia pela primeira vez e aponta o que agente disse antes: ‘Você tem duas opções’; assista

Defesa do soldado Luan Pereira, que está preso, também se manifestou

Marcelo Amaral falou pela primeira vez em entrevista após ser jogado por um policial militar do alto de uma ponte em São Paulo. Em entrevista ao “Fantástico” deste domingo (8), o entregador disse que foi agredido e ameaçado pelo soldado, Luan Felipe Alves Pereira. “Quase morri na mão de um policial que estava desequilibrado“, desabafou.

O policial militar que cometeu o crime é soldado de um batalhão de Diadema e trabalha na Rocam (Ronda Ostensiva com Apoio de Motos). Ele foi preso na última quinta-feira (5) por lesão corporal e violência arbitrária, ou seja, quando pratica violência no exercício de função ou a pretexto de exercê-la. “Quase morri. Não tem o que falar. O que passou na mente dele pra ele me jogar da ponte?“, questionou Marcelo.

Na madrugada do crime, 2 de dezembro, acontecia um baile funk na região. Em seu depoimento, ao qual o dominical teve acesso, Marcelo afirmou que não estava na aglomeração e apenas passava pelo local. Ele disse que se assustou quando viu PMs correndo em sua direção. O jornalístico também exibiu novas imagens do ocorrido, que mostram o entregador parando em cima da ponte, descendo da moto e correndo. Em seguida, policiais vão atrás dele e todos saem do alcance da câmera.

Marcelo contou que, neste momento, foi agredido com golpes de cassetete na cabeça e nas costas. Segundo a vítima, o soldado disse: “Você tem duas opções: ou você pula da ponte, ou eu jogo você e sua motocicleta daqui“. Para o “Fantástico”, Marcelo afirmou: “Isso eu disse pra ele: eu não sou ladrão e a minha moto não é roubada. Minha moto tá certinha. Nada de errado. Em nenhum momento da abordagem, ele pediu documentação da moto“.

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Embora não tenha reagido, Marcelo acabou sendo jogado da ponte por Luan. “Uma sensação horrível, a partir do momento que ele falou pra mim que ia me jogar da ponte, eu não sei voar. É impossível“, desabafou. Assista:

A vítima explicou que caiu de joelhos dentro do córrego, que passa embaixo da ponte, e foi socorrido por moradores da região. Ele contou que não se machucou na queda e que os ferimentos na cabeça foram causados pelos golpes de cassetete de Luan. Marcelo precisou levar 8 pontos.

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Defesa de Luan se manifesta

O “Fantástico” também revelou três processos na ficha do soldado. Dois são de 2019. Luan se justificou dizendo que foi recebido a tiros e precisou revidar. Um dos suspeitos foi baleado três vezes e acabou preso pelo PM. O outro também sobreviveu, mas ficou paraplégico. O homem foi preso e cumpriu a pena.

O terceiro processo é do ano passado. O soldado disse que matou com 12 disparos um suspeito que havia atirado nele primeiro. O caso foi arquivado. Nos três processos, a Justiça entendeu que ele agiu em legítima defesa. Luan possui dois advogados. Ambos afirmam que os policiais foram hostilizados no baile funk.

Luan Pereira foi preso na quinta-feira (5). (Foto: Reprodução/TV Globo)

Imagine você, cidadão de bem, à flor da pele, numa situação de estresse. A gente tem a certeza de que isso de algum modo contribuiu para o cenário. Não estamos dizendo se justifica ou não. Nós não estamos dizendo da atitude dele. Nós estamos dizendo basicamente é de um cenário, um contexto que existe por trás“, declarou Wanderley Alvez, um dos advogados.

Raul Marcolino, que também defende Luan, acrescentou: “Se ele errou, ele já está pagando pelo erro. E diga-se de passagem, caro. Ele está pagando pelo erro e diga-se de passagem, caro. Mas que seja com dignidade também“.

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