Um homem, de 46 anos, morreu após comer um baiacu em Aracruz, no Espírito Santo. Segundo o UOL, os médicos informaram aos familiares de Magno Sérgio Gomes que a morte foi causada por uma toxina presente no peixe. Ele faleceu em 27 de janeiro após ficar 35 dias internado.
De acordo com as informações, um amigo de Magno levou uma sacola de peixe para ele, em 23 de dezembro. No entanto, ninguém da família sabia limpar corretamente o animal. O amigo, por sua vez, se ofereceu para fazer a limpeza, retirou apenas o fígado e comeu o peixe, com limão e sal, com Gomes. Poucas horas depois, Magno começou a passar mal.
“A gente já tinha costume de comer baiacu. Comprávamos o peixe limpo no mercado e nunca tivemos nada. Dessa vez, meu irmão limpou com o amigo e depois começou a passar mal. Os lábios ficaram dormentes e ele foi correndo para o hospital. Em menos de 40 minutos, o quadro piorou e ele mal conseguia falar. Ele teve, em seguida, uma parada cardíaca de oito minutos na recepção do hospital. Foi desesperador“, disse Myriam Gomes Lopes, irmã da vítima.
Após chegar ao hospital, Magno foi entubado e transferido para uma unidade hospitalar particular em Vitória, onde permaneceu em coma induzido. “As coisas foram acontecendo muito rápido. O médico disse que o veneno logo subiu para a cabeça dele. Ele teve muitas convulsões nos primeiros dias e isso afetou o cérebro dele“, relatou a irmã.
Em 15 dias, o homem começou a apresentar melhora. Ele abriu os olhos, tentou se comunicar com os familiares, mas piorou em seguida. Depois disso, Gomes passou a não responder mais aos medicamentos. “Ele morreu pelo que mais gostava de comer. A gente consumia muito peixe aqui em casa, nossa família sempre se reunia e comprávamos. É difícil acreditar que meu irmão morreu por algo tão improvável assim. Um peixe derrubou o meu irmão. Ele que sempre foi uma pessoa forte, saudável, trabalhava bastante, era o pilar da nossa família, me criou e criou meus irmãos. Sempre foi família, cuidava dos filhos e de todos nós. Era o nosso amor“, lamentou Myriam.
O amigo de Magno também passou mal após ingerir o baiacu, e foi internado no mesmo hospital, duas horas depois que a vítima. No entanto, ele recebeu alta, mas teve sequelas, segundo a irmã de Gomes. “Ele (o amigo) começou a passar mal, vomitou bastante. Enquanto meu irmão estava sendo entubado no hospital, ele chegou. Hoje está em casa, mas não anda direito e teve sequelas neurológicas. Quando soube que meu irmão morreu, chegou a passar mal e foi parar no hospital de novo. Ele se sente culpado, mas a gente sabe que ele não teve intenção nenhuma, nada de maldade, sabemos que ele é amigo“, completou Myriam.
Ainda segundo o UOL, Magno era coordenador de uma terceirizada da multinacional estaleiro Jurong, em Aracruz, especializada na construção de plataformas para exploração de petróleo e gás em alto-mar. Ele era casado e deixou três filhos.
Toxina mortal do baiacu
O baiacu é conhecido por apresentar uma toxina chamada TTX (tetrodotoxina), localizada em sua vesícula biliar. Se ingerida, ela pode, inicialmente, causar dormência na boca, mãos e pés. Em seguida, a vítima de intoxicação pode apresentar complicações neurológicas, até a morte por parada cardiorrespiratória.
No Brasil, os dois tipos mais comuns do peixe são o arara e o pintado. Enquanto o arara apresenta um nível de toxidade menor, podendo até ser encontrado em mercados especializados, o pintado tem doses altas de tetrodotoxina. A limpeza precisa ser perfeitamente concluída para evitar a contaminação de quem pretende consumir o baiacu.
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