Influencer é preso em SP acusado de golpe do ‘falso funcionário de banco’; polícia detalha como quadrilha agia

Em apenas dois anos, o grupo teria movimentado, de acordo com as autoridades, mais de 1 milhão de reais

O influenciador digital Igor Fernando Palácio foi preso no domingo (4), em Itaquera, zona leste de São Paulo. Segundo a Polícia Militar, o rapaz de 28 anos tinha um mandado expedido em seu nome aberto até 2036 por estelionato e associação criminosa. Ele já era alvo de uma investigação das autoridades sobre o golpe do “falso funcionário” em bancos do interior da cidade.

Igão, como também é conhecido, estava foragido da Justiça desde o fim de junho. Ele foi localizado por policiais do 4º Batalhão de Ações Especiais (Baep) em uma adega que pertence a outro investigado por lavagem de dinheiro. Ao ser preso, o influencer assegurou que não sabia da existência do mandado, expedido no último dia 29 de julho, e negou ter praticado os crimes.

Conforme o delegado Rodolfo Latif Sebba, o grupo movimentou, pelo menos, R$ 1 milhão em dois anos abordando clientes de agências bancárias. Apenas em Cravinhos (SP), foram registrados três casos.

“A Polícia Civil agora vai aprofundar a investigação com o intuito de recuperar ativos e tentar entender de onde vem a origem do dinheiro que ele ostentava em redes sociais. Nosso objetivo é trabalhar com essa informação para tentar entender a questão da lavagem de dinheiro ou não, rastrear esse dinheiro, saber como ele pulverizava, se outras empresas também o auxiliavam”, explicou Sebba ao g1.

Além de Igor, Daniel dos Santos Lima e mais duas pessoas que atuavam como laranjas já foram identificadas como suspeitas de envolvimento no crime. Até o momento, a defesa deles não foi encontrada para comentar o assunto.

Igão ostentava vida de luxo nas redes sociais (Foto: Reprodução/Instagram)

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O delegado ainda afirmou que a quadrilha se aproximava, principalmente, de pessoas idosas oferecendo ajuda para que utilizassem caixas eletrônicos em transações. Câmeras de segurança do local mostraram como eles agiam. Em um dos casos, um homem chegou a perder R$ 40 mil.

“O pessoal, geralmente, tem bastante habilidade para conseguir passar uma informação verdadeira ou não. Ele tentam, criam dificuldades e essas dificuldades no movimento de fazer uma ação ali no caixa eletrônico, eles conseguiam ter acesso à informação sigilosa dessas pessoas. E essas informações sigilosas, senhas, possibilitavam uma transferência para uma conta desse possível laranja”, esclareceu Rodolfo.

De acordo com a polícia, o grupo passava a persuadir ou ludibriar as vítimas para conseguir os dados pessoais delas: “Eles se aproximam dessas pessoas e ali, com uma engenharia social, conseguem fazer com que essas pessoas acabem fornecendo ou digitando informações que são confidenciais”.

Câmeras de segurança registraram suspeito aplicando o golpe do “falso funcionário” de banco (Foto: Reprodução)

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Golpes no interior de SP

As investigações do caso descobriram que a quadrilha deixava a capital paulista e se concentrava em cidades do interior para despistar as autoridades e aplicar os golpes.

A polícia ainda teve acesso a uma troca de mensagens entre os integrantes, em que Daniel fala para um comparsa que o ‘setorzinho é gostoso’. O comentário, segundo as autoridades, seria uma referência às cidades consideradas ‘alvo fácil’ para a concretização dos crimes.

“Dá para acertar uma em Ribeirão e voltar batendo, que é certeza que vai acertar nas outras cidades, né, que é Cravinhos, Porto Ferreira, Leme, Araras, Rio Claro, esse ‘setozinho’ é gostoso, mano”, diz o homem na ocasião.

Suspeitos aplicavam os golpes em cidades do interior de SP, segundo a polícia (Foto: Reprodução/EPTV)

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O delegado Rodolfo Latif Sebba salientou que, só na região de Ribeirão Preto, pelo menos dez ocorrências estão sendo investigadas. “Temos aqui na região mais de dez casos já em andamento, em apuração, desse grupo criminoso específico que aconteceu em 2022. Só aqui na região, já foi mais de R$ 1 milhão de prejuízo a idosos”, revelou.

Além de buscar por outros envolvidos no crime, as autoridades também devem identificar laranjas que emprestavam contas bancárias para que as transações fossem efetuadas. “A gente consegue identificar esses ‘conteiros’, consegue rastrear esse dinheiro e essas pessoas também que emprestam as contas, em alguma forma, vão responder pelo crime”, garantiu Sebba.

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