Jogos Universitários: Alunos da USP denunciam ofensas racistas e elitistas de estudantes da PUC; escritórios demitem estagiários envolvidos

Ofensas foram direcionadas a estudantes cotistas da USP

Neste sábado (16), durante os jogos universitários entre alunos da Universidade de São Paulo (USP) e da Pontifícia Universidade Católica (PUC), estudantes da USP acusaram colegas da PUC de fazerem ofensas racistas e elitistas. A denúncia ganhou repercussão, levando à identificação dos estudantes da PUC como responsáveis pelos ataques, que foram demitidos de seus estágios em grandes escritórios de advocacia em São Paulo.

De acordo com o g1, os xingamentos ocorreram durante uma partida de handebol masculino, envolvendo alunos do curso de Direito das duas universidades. Durante o jogo, membros da Torcida da Atlética 22 de Agosto da PUC proferiram frases de conteúdo pejorativo contra os estudantes da USP, que seriam cotistas. Além das palavras, os estudantes teriam feito gestos com as mãos, mencionando dinheiro e a condição socioeconômica dos alvos.

Uma testemunha relatou ao g1 que os ataques foram direcionados a um grupo de estudantes negros, com ofensas como “cotista filho da p*ta” e “manda o Pix da esmola” sendo gritos comuns. Assista abaixo:

Demissões

Com a divulgação do caso, ao menos dois estudantes da PUC, ambos do curso de Direito, foram desligados de seus estágios em grandes escritórios de advocacia em São Paulo. Em nota publicada hoje (18), o escritório Pinheiro Neto repudiou os acontecimentos e reforçou que não tolera qualquer forma de preconceito. “Informamos que a estagiária envolvida nesse episódio não integra mais o escritório”, afirmou a empresa. Leia a íntegra:

“O escritório Pinheiro Neto Advogados lamenta o episódio ocorrido durante os Jogos Jurídicos Estaduais, no último sábado (16). O escritório reitera que não tolera e repudia racismo ou qualquer outro tipo de preconceito. Informamos que a estagiária envolvida nesse episódio não integra mais o escritório”.

Além dela, outros quatro estudantes foram identificados por uma “força-tarefa” de alunos da USP, que utilizaram vídeos e fotos tirados durante a partida de handebol masculina, realizada em Americana, interior de SP. Entre os infratores identificados, estavam uma estagiária do escritório Machado Meyer e um estagiário do Castro Barros Advogados.

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Após afirmar que “faria as apurações necessárias e avaliaria as medidas a serem tomadas”, o escritório Machado Meyer confirmou ao UOL que o estagiário envolvido também foi desligado. “O Machado Meyer recebeu ao longo do final de semana notícias a respeito dos eventos ocorridos nos jogos jurídicos estaduais de São Paulo. Neste contexto, informa que fará as apurações necessárias e avaliará as medidas a serem tomadas. O escritório reforça que repudia, veementemente, qualquer ato de preconceito ou discriminação. O Machado Meyer tem a diversidade como um de seus pilares essenciais e reitera o seu empenho em garantir um ambiente profissional pautado pela ética e pelo respeito às diferenças”, informou a empresa em nota.

O escritório Castro Barros também se manifestou sobre o episódio, divulgando uma nota em seu LinkedIn. A empresa afirmou que não admite qualquer tipo de ato discriminatório, tanto dentro quanto fora do escritório, mas não confirmou demissões. Veja a nota abaixo:

“O Castro Barros Advogados não admite qualquer ato discriminatório praticado por qualquer um de seus integrantes, dentro ou fora do Escritório. Qualquer pessoa que ignore ou despreze esse fato não tem condições de fazer parte do Castro Barros Advogados”.

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Universidades se manifestam

A vereadora Luana Alves e a deputada federal Sâmia Bomfim, ambas do PSOL, tomaram conhecimento do ocorrido e, juntas, apresentaram uma denúncia ao Ministério Público de São Paulo, solicitando a abertura de um inquérito para investigar os atos racistas.

Em resposta ao caso, as diretorias da USP e da PUC, assim como os centros acadêmicos das duas instituições, se posicionaram publicamente. Por meio de uma nota conjunta, as universidades repudiaram as atitudes discriminatórias e informaram que uma investigação interna será aberta para apurar os “lamentáveis episódios” e responsabilizar os envolvidos. Leia a íntegra:

“As Diretorias das Faculdades de Direito da USP e da PUC-SP e os Centros Acadêmicos XI de Agosto e 22 de Agosto das duas instituições vêm a público manifestar repúdio aos lamentáveis episódios ocorridos nos Jogos Jurídicos de 2024. Durante o evento, um grupo de alunos da Faculdade de Direito da PUC-SP proferiu manifestações preconceituosas contra estudantes da Faculdade de Direito da USP, utilizando o termo “cotistas” de forma pejorativa.

Essas manifestações são absolutamente inadmissíveis e vão de encontro aos valores democráticos e humanistas, historicamente defendidos por nossas instituições. Diante disso, as entidades signatárias comprometem-se a apurar rigorosamente o caso, garantindo a ampla defesa e o devido processo legal, e a responsabilizar os envolvidos de maneira justa e exemplar.

Reconhecemos que a segregação social ainda é um desafio no Brasil, mas entendemos que o ambiente universitário deve atuar como um espaço de reparação e transformação. Incidentes como este reforçam a urgência de combatermos todas as formas de hostilidade no meio acadêmico.

Festas e jogos universitários devem ser momentos de integração, congraçamento e solidariedade, não de ódio, violência e intolerância, como não raramente se vê. A luta pela superação de uma cultura de violência nesses espaços depende do engajamento de todos e todas.

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Além da responsabilização dos envolvidos, é indispensável avançarmos na direção de políticas preventivas e de acolhimento. Planejamos implementar protocolos que fortaleçam ouvidorias, promovam a prevenção e a educação antirracista e assegurem um ambiente inclusivo e respeitoso para todos os alunos e alunas. Essa é uma demanda frequente da comunidade acadêmica, que exige ações concretas e eficazes.

Estamos determinados a transformar este episódio em um marco para o fortalecimento de uma cultura de respeito, equidade e inclusão em nossas instituições.

As Diretorias das Faculdades de Direito da USP e da PUC-SP e os Centros Acadêmicos XI de Agosto e 22 de Agosto das duas instituições vêm a público manifestar repúdio aos lamentáveis episódios ocorridos nos Jogos Jurídicos de 2024. Durante o evento, um grupo de alunos da Faculdade de Direito da PUC-SP proferiu manifestações preconceituosas contra estudantes da Faculdade de Direito da USP, utilizando o termo “cotistas” de forma pejorativa.

Essas manifestações são absolutamente inadmissíveis e vão de encontro aos valores democráticos e humanistas, historicamente defendidos por nossas instituições. Diante disso, as entidades signatárias comprometem-se a apurar rigorosamente o caso, garantindo a ampla defesa e o devido processo legal, e a responsabilizar os envolvidos de maneira justa e exemplar.

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Reconhecemos que a segregação social ainda é um desafio no Brasil, mas entendemos que o ambiente universitário deve atuar como um espaço de reparação e transformação. Incidentes como este reforçam a urgência de combatermos todas as formas de hostilidade no meio acadêmico.

Festas e jogos universitários devem ser momentos de integração, congraçamento e solidariedade, não de ódio, violência e intolerância, como não raramente se vê. A luta pela superação de uma cultura de violência nesses espaços depende do engajamento de todos e todas.

Além da responsabilização dos envolvidos, é indispensável avançarmos na direção de políticas preventivas e de acolhimento. Planejamos implementar protocolos que fortaleçam ouvidorias, promovam a prevenção e a educação antirracista e assegurem um ambiente inclusivo e respeitoso para todos os alunos e alunas. Essa é uma demanda frequente da comunidade acadêmica, que exige ações concretas e eficazes.

Estamos determinados a transformar este episódio em um marco para o fortalecimento de uma cultura de respeito, equidade e inclusão em nossas instituições.

FACULDADE DE DIREITO DA USP, FACULDADE DE DIREITO DA PUC-SP, CENTRO ACADÊMICO XI DE AGOSTO e CENTRO ACADÊMICO 22 DE AGOSTO”

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