Jovem de 18 anos pula muro e esfaqueia cachorros do vizinho, em Santa Catarina; um animal morreu

João Mário, tutor dos cães, se manifestou sobre o ocorrido; a defesa de Daniel também se pronunciou

A Justiça de Santa Catarina mandou soltar um homem de 18 anos que esfaqueou três cachorros de seu vizinho, na segunda-feira (18), em Florianópolis. Daniel Hazan Rodrigues havia sido preso em flagrante pelo crime de maus-tratos. Um dos animais não resistiu aos ferimentos e morreu.

De acordo com informações do UOL, o próprio Daniel foi quem procurou a Polícia Militar. Em seu relato, o estudante disse que estava irritado com os latidos dos cachorros há meses. Ele pulou o muro e golpeou os animais com uma faca de cozinha. O crime aconteceu por volta das 17h, quando o tutor dos cães, João Mário Hoff, não estava em casa.

Apesar disso, a Justiça do estado ordenou a libertação de Daniel, durante a audiência de custódia, um dia depois do ocorrido. Em nota ao portal, o Tribunal de Justiça de Santa Catarina informou que, na terça-feira (19), foi deferido o pedido de concessão de liberdade provisória, formulado pelo Ministério Público e pela defesa, com o cumprimento de medidas cautelares.

O estudante foi proibido de entrar em contato com o tutor e deverá manter, no mínimo, 20 metros de distância dos cachorros agredidos. Além disso, ele deverá informar e manter atualizado seu endereço e comparecer em juízo para declarar e justificar suas atividades. O colégio particular onde Daniel estudava também informou que ele foi expulso.

Relato do tutor

João Mário disse para as autoridades que estava na academia no momento do crime. Ele revelou que o imóvel onde vive é alugado e que não se sente seguro em voltar para a residência. Em vídeo, o tutor narrou o que viu na casa. “Na última segunda-feira, eu entrei no maior pesadelo que eu poderia imaginar, e eu não saí dele até agora. Eu recebi uma ligação, dizendo que o meu vizinho havia pulado o muro, invadido minha casa com uma faca e matado meus três cachorros. Eu cheguei desesperado na minha casa, abri a porta e vi um banho de sangue. Com os meus gritos, eu senti que os meus cachorros estavam vivos e eles vieram se arrastando até mim“, declarou.

Malo, pai dos outros cachorros, não resistiu e morreu. (Foto: Reprodução/Instagram)

O mais ferido foi o pai, o Malo, que levou três facadas. O Malo não resistiu, na madrugada de segunda para terça, ele morreu. O filho dele, o Guapo, levou uma facada muito forte na lateral e perdeu o baço, continua hospitalizado. O Malo protegeu a filha, a Gaia, e não deixou que esse assassino assustador a maltratasse“, prosseguiu João Mário, bastante emocionado.

No relato, o tutor também falou que o vizinho chegou a ir para o colégio e alegou que estava salvando os cachorros. “Ele mente no colégio, que ele tentou salvar os cachorros de um marginal qualquer que entrou na minha casa. A única motivação que tenho nesse mundo, que tenho hoje é que se faça Justiça. Que o Malo não tenha morrido em vão, que um louco desse pague até as últimas consequências por esse crime brutal. Ele dilacerou meu coração, mas esse louco está solto, esse louco está indo para o colégio e esse louco está mentindo para os amigos dele. Eu só preciso de ajuda para que isso seja propagado, para que as pessoas conheçam e que isso nunca mais aconteça“, completou. Veja:

O que diz a defesa?

O advogado Carlos Rodolpho Glavam informou que Daniel será punido pelo crime, mas alegou que a família sofreu maus-tratos do tutor dos animais. Ele afirmou ao UOL que o estudante não possui transtornos mentais e que João Mário tentou agredir a mãe de seu cliente na delegacia. Além disso, o advogado alegou como o tutor supostamente tratava dos cachorros.

Os cachorros passam dias abandonados, ele tem uma vida diferente, sai e deixa os cachorros sozinhos. Eles têm que aguentar latidos 24 horas por dia, uivos 24 horas por dia, cocô, xixi, o tempo inteiro, e ninguém fez nada. Se a imobiliária tivesse atendido os inúmeros pedidos da mãe do rapaz, talvez pudéssemos ter feito uma reunião entre eles há um ano, quando começou o problema, e tudo estaria certo. Agora, a dona do imóvel, ao invés de tentar interceder, porque é o patrimônio dela que estava em risco, não fez nada e não adiantou“, relatou.

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“[Daniel] Não é um menino que tem um problema mental, tem alguma situação diferente, e por esse motivo ele atacou. Não, teve um motivo, por isso que eu preciso falar, porque isso aí vai ter que ser apurado, se for o caso, numa sentença judicial. Tudo está seguindo religiosamente o que a lei determina. Rapaz primário, bons antecedentes, estudante, tem renda, porque a mãe trabalha, casa própria, não havia qualquer elemento que pudesse impedir a liberdade provisória do rapaz. Ele praticou um fato descrito como crime e vai responder. O Estado não está dando nenhuma moleza para ele“, acrescentou.

Por fim, Glavam criticou a expulsão de Daniel do colégio e se posicionou contra a vontade de João Mário em ter os próprios cachorros. Ele ainda chegou a comparar a vida do cachorro com a do rapaz. “O menino não vai conseguir estudar em Florianópolis a pedido do dono do cachorro, então quer dizer, nós vamos acabar com a vida de um menino por causa de uma vida de um cachorro, qual que vale mais para nós? Nós estamos vendo apenas a ponta do iceberg, a ponta do gelo que está para cima da água. Nós não estamos vendo para baixo da água, então assim, nós só vemos os animais machucados, certo? E isso é exatamente em função de uma sociedade doente em que nós estamos vivendo, onde os casais não desejam mais ter filhos, eles têm cachorros, em que a vida de um animal é mais importante do que a de um rapaz“, finalizou.

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