No início deste mês, Giovanna Pacheco, uma modelo de 19 anos, foi sequestrada por uma quadrilha de motoristas de aplicativo, em São Paulo. A jovem ficou por volta de 8 horas no carro com criminosos armados, que a exigiram R$ 40 mil. Em entrevista ao UOL neste sábado (18), ela detalhou o episódio assustador.
“Entrei no carro, estava tudo normal. Depois de uns 10 minutos, outro carro parou ao lado e dois meninos entraram e colocaram um pano preto na minha cabeça. Eles disseram: ‘A gente não quer te matar nem te machucar, só queremos dinheiro'”, recordou Giovanna. Câmeras de segurança mostraram que o outro automóvel já a seguia desde a porta de casa.
Segundo a menina, ela chegou a transferir R$ 10 mil para os bandidos, que também abusaram de seu corpo. “Eles levantaram a minha saia e bateram na minha bunda. Eles pegaram as minhas fotos do celular e compartilharam com eles. Disseram: ‘Não tem problema pra você, né?!’. E eu ia falar o que? Eles estavam armados. Mas é claro que eu não queria isso”, disse, ressaltando que também foi chamada de “gostosa”.
Então, os criminosos começaram a enviar mensagens a outros contatos de Giovanna, pedindo por mais dinheiro. Contudo, de acordo com a vítima, eles tiveram receio de envolver mais pessoas no crime e decidiram soltá-la. “Eles pediram um Uber para eu voltar porque queriam logo se livrar de mim”, declarou a jovem.
Em seguida, ela tentou chamar por outro carro de aplicativo para finalmente chegar em casa. No entanto, o motorista se recusou a fazer a corrida. “Entrei nesse outro carro e o motorista não queria fazer a corrida comigo porque tive uma crise de ansiedade. Ele falou: ‘Ouvindo sua história, tá bem estranha, eu não vou conseguir fazer essa corrida pra você’ e me deixou no posto de gasolina. Fiquei meia hora até que apareceu uma outra mulher, que me salvou pedindo um novo carro para mim”, recordou.
Quando finalmente conseguiu colocar os pés em casa, Pacheco teve medo de sair. Sua intenção era ir à polícia para dar queixa do que havia acontecido, porém, precisaria chamar outro carro de aplicativo e correr o risco de reviver o trauma. “Fiquei com medo de sair porque eu não dirijo e teria que pedir outro carro”, expressou. Assim, uma viatura foi até sua residência levá-la até à delegacia.
A modelo ainda revelou que recebeu ameaças dos bandidos pelas redes sociais, dias após ter conversado com as autoridades. Eles pediram para que ela não os denunciasse. “Eles disseram que sabiam meu endereço, começaram a fazer pressão psicológica”, contou. Felizmente, ela não se deixou levar pelo medo e conseguiu com que os envolvidos fossem capturados.
“Eu estou bem agora, mas fiquei com trauma. Eu só queria não ter medo de sair na rua, ainda mais utilizando aplicativo. Eu não tenho carro e dependo muito disso. Agora, quando eu vou sair, eu peço para algum conhecido vir me buscar porque eu estou com medo”, confessou a jovem, ainda bastante abalada com toda a situação.
Assista ao relato completo da vítima:
Segundo a publicação, três homens de 26, 27 e 29 anos, foram presos na segunda (13), suspeitos de integrar uma organização criminosa que extorquia, roubava e até tentava cometer homicídio com diversas mulheres. Ao todo, a Polícia Civil registrou sete vítimas, incluindo Giovanna. Os aplicativos utilizados pelos homens eram Uber, 99 e inDrive. As investigações seguem em andamento.
Empresas se manifestam
As três empresas de carro por aplicativo se pronunciaram através de notas. A Uber lamentou o ocorrido e enfatizou que ajudou nas investigações do caso. “A Uber possui uma equipe especializada, formada por ex-policiais, que está sempre à disposição das autoridades. A empresa defende que as mulheres têm o direito de ir e vir da maneira que quiserem e têm o direito de fazer isso em um ambiente seguro. De toda forma, sabemos que os esquemas de fraude estão em constante evolução e é por isso que a Uber está comprometida em atualizar e fortalecer seus processos internos para se proteger deles”, diz o comunicado.
A inDrive Brasil também lastimou o acontecimento e contou que bloqueou permanentemente os envolvidos, no momento em que tomou conhecimento dos fatos. “Desde o início das investigações, a empresa vem prestando suporte direto às operações policiais. A inDrive preza pela segurança e bem-estar dos seus usuários e continua em contato com as autoridades e vítimas para dar todo o auxílio”, afirmou.
Já a 99 disse que fiscaliza junto ao Detran o cadastro dos motoristas, além de fazer reconhecimento facial periódico de cada um deles antes de se conectarem. “A 99 repudia ações criminosas e continua colaborando com as investigações da polícia. Além das verificações, a 99 analisa, durante o processo de cadastro, o histórico público de cada um a partir dos documentos enviados e faz uma consulta de antecedentes criminais em mais de 40 fontes públicas e consultamos com o Denatran (Departamento Nacional de Trânsito) se o carro é roubado ou se possui algum registro”, pontuou a empresa.
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