Jovem é acusado de enganar mulheres e cometer fraudes de mais de R$ 100 mil

Jovem é acusado de aplicar estelionatos em pelo menos quatro estados

Matheus Rodelo Monteiro Machado, de 26 anos, é acusado por mulheres em pelo menos quatro estados de aplicar golpes financeiros usando redes sociais e apps de namoro. Ele nega as acusações e diz que vai se defender na Justiça. Veja relatos das vítimas e detalhes da investigação.

Um jovem que se apresenta como estudante de medicina está sendo acusado por várias mulheres de fraudes e golpes. De acordo com relatos de supostas vítimas ao jornal Folha de S. Paulo e boletins de ocorrência registrados nos últimos três anos, Matheus Machado, de 26 anos, teria se aproveitado de redes sociais e aplicativos de relacionamento para aplicar estelionatos em pelo menos quatro estados.

Em seus perfis no Instagram, TikTok e nos apps de namoro, Matheus se apresenta como estudante de medicina, investidor e kitesurfista. Os depoimentos afirmam que ele conquistava a confiança de mulheres jovens, bonitas, muitas delas estudantes de medicina ou profissionais bem-sucedidas, com idades entre 23 e 32 anos. “Era um playboy que morava em frente à praia. Não imaginei que fosse estelionatário. Ele tinha livros de medicina, jaleco e amigos da faculdade”, contou uma empresária carioca que o conheceu na Paraíba e o recebeu em sua casa no Rio de Janeiro.

A mulher afirma que Matheus usava cartões clonados para pedir comida e simulava uma vida de luxo. A farsa começou a ruir quando ela percebeu irregularidades, como o uso constante de iFood pago com cartões suspeitos: “Cheguei à conclusão de que coloquei um golpista dentro de casa”. Ela pagou R$ 300 para o rapaz remarcar sua passagem de volta para a Paraíba e depois cancelou todos os cartões, com medo de clonagem. Ainda assim, afirma ter sofrido perseguições telefônicas e ameaças veladas. “Levou meses para me livrar do stalker”, disse. Após alertar a polícia, as ligações cessaram.

Outro caso envolve uma arquiteta de 31 anos manteve um relacionamento de cerca de 10 meses com Matheus. Ela afirma ter perdido mais de R$ 100 mil e entrou com uma ação na Justiça para tentar recuperar o valor. O golpe começou com promessas de investimentos em criptomoedas. “Ele passou a oferecer à vítima a possibilidade de investimentos em criptomoedas e dólares, sempre salientando que seriam uma forma de estruturar um futuro juntos”, relata o boletim de ocorrência registrado em Caraguatatuba, em São Paulo. Foram 51 transações por Pix, cartão de crédito e transferências bancárias.

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Ela ainda diz que o flagrou nas câmeras da casa da tia, durante uma investigação sobre o sumiço de uma aliança. “Não quero deixar impune. Tenho certeza de que está fazendo a mesma coisa com outras mulheres”, afirmou.

Matheus chegou a se internar numa clínica após a denúncia. Um laudo médico aponta: “Há cerca de 6 anos iniciou realização de apostas, principalmente esportivas. Com o tempo foi aumentando frequência desse hábito e os aportes financeiros envolvidos”. O documento afirma ainda que ele reconhece ter causado prejuízos financeiros em relacionamentos amorosos e familiares.

Jovem é acusado de aplicar estelionatos em pelo menos quatro estados (Foto: Arquivo Pessoal)

Uma jovem de 23 anos, estudante de medicina, contou que conheceu Matheus em sua cidade natal no interior paulista. De início, acreditava que ele era uma pessoa de fé. “Dizia que era uma pessoa de Deus e, meus pais, do demônio”, relembrou. A relação gerou um afastamento da família, que desconfiava das intenções do rapaz. “Meu pai ouviu de alguns moradores que Matheus era um tipo interesseiro, que tirava dinheiro da família. Quando comecei a ficar incomodada com a presença dele e por ter de pagar tudo, Matheus passou a jogar com meu psicológico e minha autoestima”, detalhou. Ele ficou hospedado no apartamento dela por quatro meses.

Ela também relata que o jovem usava dinheiro destinado a compras para fazer apostas. “Estava cega”, disse, ao descobrir que R$ 1.000 deixados para o supermercado haviam sido perdidos em jogos. Ao longo dos meses, ela notou que notas estavam desaparecendo da carteira.

As acusações contra Matheus se estendem também a comerciantes e empresários. Um dono de arena esportiva em Cabedelo, Paraíba, afirma ter levado um calote de R$ 800: “Matheus chegou aqui com pinta de galã e bem-educado, como a maioria dos estelionatários”. Segundo ele, o jovem usava Pix falsos para pagar academia e outros serviços. Já um comerciante da praia, ao perceber o golpe, chamou a polícia.

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O que diz a defesa

Em nota enviada por sua advogada, Matheus nega as acusações. “Não dei nenhum tipo de golpe financeiro a qualquer uma das supostas vítimas”, afirmou. Segundo ele, as denúncias seriam fruto de mágoa. “Quanto às denúncias feitas, irei averiguar cada uma delas, pelas informações infundadas, e com o meu direito de defesa, chamarei todos os envolvidos judicialmente”, completou, dizendo que não há provas contra ele.

A advogada Clice Carvalho, do Grupo Justiceiras, que atua em defesa de mulheres, explicou que em casos de estelionato sentimental é comum que os golpistas ganhem a confiança das vítimas ao longo do tempo. “Eles não dão golpe no primeiro mês. É um namoro normal e se mostram atenciosos e presentes até conseguirem uma brecha para dar o bote”, descreveu. O grupo lançou, em parceria com o aplicativo Tinder, uma cartilha com dicas de segurança para encontros.

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