Jovem internada após cheirar pimenta recebe alta; mãe dá detalhes do quadro de saúde

Thaís Medeiros de Oliveira estava internada desde fevereiro

A trancista Thais Medeiros de Oliveira, de 25 anos, que foi internada em fevereiro após cheirar pimenta, recebeu alta nesta segunda-feira (31). A mulher teve uma grave reação alérgica ao cheiro do condimento, que provocou uma parada cardiorrespiratória. Com isso, ela desenvolveu uma lesão irreversível no cérebro.

“Eu tive muito medo de trazer ela para casa, mas estava na hora”, diz a mãe de Thais, Adriana Silva Medeiros, ao UOL. “Minha filha saiu de um jeito e voltou assim, como um neném”, pontuou ela. Adriana tem a ajuda do marido, Sérgio Alves Silva, para cuidar da trancista e das filhas dela, Valentina, de 8 anos, e Antonella, de 7.

Para acompanhar o tratamento de Thais no hospital, Adriana precisou deixar o salão em que trabalhava. Enquanto isso, Sérgio, que é comerciante, fechou a loja para cuidar das crianças. O médico geriatra Fernando Henrique de Paula, do Centro de Reabilitação e Readaptação Henrique Santillo (Crer), onde Medeiros estava internada desde abril, afirmou que o quadro de saúde dela está um pouco melhor.

De acordo com o médico, a mulher chegou na unidade em estado grave e passou por complicações que impossibilitaram a reabilitação. A mãe relatou que Thais teve uma infecção em junho e uma outra provocada por fungos no local de uma cirurgia para retirada de abscessos. Nos próximos seis meses ela ainda fará tratamento para osteomielite, uma infecção óssea, e para escaras, lesões e feridas causadas por grande pressão na pele.

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Apesar do quadro, Medeiros está acordada. Porém, ela não dá respostas neurológicas. Segundo Adriana, ela reage quando vê as filhas e sempre presta atenção quando alguém entra no quarto. A família conseguiu arrecadar R$ 172 mil em uma vaquinha online para adaptar a casa às necessidades de locomoção de Thais. A equipe do Crer irá atender a mulher em casa uma vez por semana e a cada quinze dias ela terá consultas ambulatoriais no centro de reabilitação.

Relembre o caso

Em 17 de fevereiro, Thais Medeiros de Oliveira, de 25 anos, foi internada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) em um hospital de Goiás, após cheirar pimenta bode. Segundo relato do namorado da jovem, Matheus Oliveira, Thais estava almoçando com ele quando começou a perder forças. “Ela estava na cozinha e entraram em assunto de pimenta. Então ela passou a pimenta no nariz e cheirou. A garganta dela começou a coçar e, logo em seguida, ela já foi perdendo as forças. E a levamos para o hospital”, contou o rapaz.

Thais teve uma reação alérgica na casa do namorado. (Foto: Arquivo Pessoal/ Adriano Medeiros)
Thais teve uma reação alérgica na casa do namorado. (Foto: Arquivo Pessoal/ Adriano Medeiros)

Thais, que tem asma, sofreu uma parada cardiorrespiratória. A jovem ficou cerca de sete minutos sem pulso e 15 minutos sem oxigênio. Adriana Medeiros, mãe de Thais, contou ao g1 que os problemas de respiração da filha são genéticos, e que a menina “nunca fumou, bebeu ou usou qualquer tipo de droga”. Medeiros apontou que a trancista nunca teve um quadro grave de reação alérgica antes do incidente.

Apesar de rara, existem outros relatos sobre a reação alérgica sofrida pela jovem. “Alergia a pimenta é extremamente rara, mas tem relatos na literatura [médica]. Ela entra no que chamamos de especiarias e alguns outros alimentos estão nesse conjunto, como a noz-moscada, pimenta preta, da Jamaica e canela”, disse a alergista e imunologista Lorena de Castro.

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No dia 21 de fevereiro, Thais passou por um exame que mostrou um edema cerebral – um inchaço de uma região cerebral ou de todo o cérebro, resultado do acúmulo de líquidos no tecido, aumentando o volume e consequentemente a pressão intracraniana. No dia 4 de março a sedação foi retirada, mas ela não apresentou qualquer resposta neurológica aos estímulos. No dia 23 do mesmo mês, foi divulgado que ela teve uma lesão irreversível no cérebro.

Em entrevista ao g1, Segundo Rubens Dias, médico da UTI da Santa Casa de Anápolis, explicou que a lesão foi causada pela falta de oxigenação no cérebro de Thais após uma parada cardíaca. “O que ela teve foi um período que o cérebro não tem oxigenação devida, porque o coração não estava bombeando sangue para o corpo. E ele gera uma lesão que é irreversível e tem um potencial de gravidade muito grande”, afirmou.

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