Eita, gente! Após gravar um vídeo no TikTok para comemorar a vitória em um processo trabalhista, a jovem Esmeralda Mello, de 21 anos, levou uma multa e foi condenada por “litigância de má-fé” – quando há intenção de enganar o judiciário. Agora, em entrevista ao g1, a ex-vendedora contou como se sentiu com a decisão da Justiça sobre reverter o resultado da ação e opinou sobre a repercussão do caso.
Esmeralda trabalhava em uma joalheria de São Paulo e entrou com a ação no fim de 2021. A jovem pedia o reconhecimento de vínculo empregatício de um período anterior ao que consta na carteira de trabalho, dano moral pela omissão do registro e dano moral por tratamento humilhante em ambiente de trabalho.
No entanto, no dia da audiência, que aconteceu por chamada de vídeo em novembro passado, ela publicou uma “dancinha” nas redes sociais, ao lado das duas testemunhas levadas por ela para depor. Na legenda do vídeo, Mello escreveu: “Eu e minhas amigas indo processar a empresa tóxica”. O que ela não esperava era que, mesmo após tanto tempo, o tal vídeo chegaria até a desembargadora responsável pelo processo…
A dona da empresa apresentou a publicação como prova de que Esmeralda tinha “amizade” com as testemunhas. Segundo a legislação brasileira, como amigas, elas seriam impedidas de atuarem no processo. “As duas são minhas colegas de trabalho e não se usa esse termo na internet. Nem sei o que deu de postar esse vídeo, mas não ia colocar na legenda ‘eu e minhas colegas’. Coloquei amigas. Amigo é um termo muito comum de ser usado. O vídeo foi postado depois da audiência, em novembro do ano passado. Ainda nem sabia se ia ganhar a causa”, justificou Esmeralda.
@esmeraldamello♬ som original – Esmeralda Mello
Além de anular os depoimentos das testemunhas, o tribunal condenou as três mulheres ao pagamento de uma multa de 2% sobre R$21.693, valor atribuído à causa. Esmeralda tentou recurso, que foi negado. O Tribunal Regional do Trabalho da 2ª região, em São Paulo, manteve a sentença e ainda negou pagamento das horas extras.
“Trata-se de uma atitude jocosa e desnecessária contra a empresa e, ainda, contra a própria Justiça do Trabalho. Demonstra, ainda, que estavam em sintonia sobre o que queriam obter, em clara demonstração de aliança, agindo de forma temerária no processo, estando devidamente configurada a má-fé”, afirmou a desembargadora Silvia Almeida Prado Andreoni, relatora do processo.
Mesmo desconsiderando as testemunhas, a Justiça do Trabalho condenou a empresa a pagar à jovem outros direitos trabalhistas como 13º salário proporcional, férias proporcionais com acréscimo, FGTS e multa de 40%. A empresa também foi condenada a pagar para a Justiça uma multa de 2%, por ter ofendido advogados públicos em um áudio vazado.
Apesar do prejuízo, a jovem afirmou que não se arrependeu da postagem e que está “encarando numa boa”. “Não me arrependi da postagem, mas ela teve uma repercussão que eu não esperava. Tive um milhão de visualizações no vídeo e não esperava que fosse repercutir desse jeito. Meu celular está travado de tanta mensagem. Mas estou encarando tudo isso numa boa. Como diz o ditado: fazendo do limão uma bela limonada”, disse.
“Eu nem sei dizer se valeu ou não a pena entrar com essa ação. As questões trabalhistas eu recebi no ano passado. Mas a indenização não teve. Esse dinheiro que eu vou pagar não tem nada a ver com a empresa. Vou dar pra Justiça, mas o valor não é alto. Ainda não tenho prazo sobre o pagamento”, acrescentou a jovem.
Nas redes sociais, Esmeralda publicou outro vídeo, com mais de 1 milhão de views, brincando com a fama repentina. “Mãe, eu tô na Globo, só não conto o porquê”, escreveu.
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