A mãe de Ielly Gabrielle Alves, jovem morta a tiros pelo próprio namorado, Diego Fonseca Borges, revelou que a filha pretendia terminar o relacionamento com o rapaz no dia em que faleceu. Ao g1, Olesiane Alves da Silva contou que Ielly desabafou sobre o assunto horas antes de sair com Diego. O crime aconteceu na noite de sábado (4), em Jataí, região sudoeste de Goiás.
“Ela falou: ‘Eu resolvi não querer mais, porque a gente não dá certo. Mãe, nós vamos ficar só amigos. Eu já pedi tanto a Deus para tirar esse sentimento [de mim]. Eu vi que a gente não dá certo'”, recordou a mãe. “Ela ainda esquentou um prato de comida para ele, porque ele tinha chegado. Ele comeu, eu conversei com ele. Ela falou: ‘Mãe, eu vou ali e logo já volto”, acrescentou Olesiane.
Segundo a mãe da vítima, Ielly se relacionou com Diego por mais de um ano. Para ela, o namoro era conturbado e marcado por idas e vindas dos dois. “Foi 1 ano e sete meses de sofrimento. Mais cedo no dia, ela disse que não queria mais porque eles ‘não davam certo’ e disse que ele queria conversar com ela”, afirmou. Ela explicou que tentou ajudar a filha, mas que a jovem não se abria sobre o relacionamento.
Olesiane destacou que Ielly sabia que Diego possuía uma arma, mas não que a portava naquele momento. “Teve algumas vezes que eles discutiram e ela chegava com algum hematoma. Eu achava ruim intrometer, mas era difícil. Ela não me falava muito porque ela sabia que eu tomava as dores dela”, disse a mãe. Entretanto, a vítima nunca registrou um boletim de ocorrência contra o rapaz.
A mãe, então, citou um episódio de violência que teria mudado o comportamento da jovem. “Ano passado, ele fez uma surpresa para ela, e uma ex [dele] esteve no local e agrediu minha filha. Ela foi parar no hospital e teve que dar pontos no braço. Ele deu todo o suporte, mas depois disso foi ficando mais conturbado [o relacionamento de Ielly e Diego]. Ela chegava chorando, mas não gostava de falar”, detalhou.
Ligação suspeita
Ainda ontem (6), Olesiane Alves da Silva disse ao g1 que recebeu uma ligação de Diego após a filha ser baleada. Conforme o relato, Borges teria inventado que ele e a namorada caíram em uma emboscada, onde ela foi atingida por um tiro. “Fiquei sabendo que ela estava no hospital através dele. No centro médico, ele me abraçou e disse: ‘Sogra, quem fez isso com ela vai pagar'”, lembrou.
Violência Doméstica
Corroborando com as declarações de Olesiane, uma tia de Ielly, que não teve sua identidade revelada, relatou episódios de violência doméstica sofridos pela sobrinha e de autoria de Diego. Foi ela quem entregou o celular da vítima às autoridades, no qual o vídeo do assassinato foi encontrado, bem como mensagens sobre as agressões.
Apesar do relato de violência, a Polícia Militar não encontrou denúncias da moça de 23 anos contra Fonseca. Diego já havia sido preso por agressão a uma ex-companheira. “Ele já tem passagens por roubo, injúria e lesão corporal, no contexto de violência doméstica”, informou o delegado Thiago Saad, responsável pelo caso.
Versões do autor do crime
Diego Fonseca foi abordado pelos policiais ainda no Hospital das Clínicas, onde Ielly deu entrada com perfuração de tiro, mas não sobreviveu aos ferimentos. Inicialmente, ele afirmou em seu depoimento que os dois haviam sido abordados por uma dupla em um veículo e que a namorada havia sido baleada pelo homem que estava na garupa da motocicleta. Os policiais, porém, desconfiaram da versão do atirador.
Nesta segunda (6), Borges, por sua vez, teria mudado a declaração. O autor do crime alegou que o tiro que matou a namorada foi acidental. “Ele alega que foi um tiro ‘sem querer’. Ele acreditava que não tinha munição na arma de fogo”, detalhou o delegado Saad ao jornal O Popular.
Diego foi preso em flagrante por homicídio qualificado, caracterizado pela traição, emboscada, dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa da vítima. O corpo de Ielly Gabrielle Alves foi sepultado no domingo (5), em Itajaí.
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