Laudo aponta substância em ovo de páscoa que matou irmãos de 7 e 13 anos no MA

As investigações apontam que o crime foi motivado por ciúme e vingança

Jordélia Pereira Barbosa, de 35 anos, foi presa suspeita de envenenar um ovo de Páscoa, que causou a morte de duas crianças e deixou a mãe delas em estado grave. O caso ocorreu no início de abril, em Imperatriz, no Maranhão. Nesta quarta-feira (30), a Polícia Civil confirmou que a substância utilizada no crime foi o “chumbinho”.

O veneno é um pesticida proibido no Brasil, mas que ainda é vendido clandestinamente para matar ratos. A informação foi divulgada após a conclusão de um laudo do Instituto de Criminalística.

Segundo o documento, o chumbinho foi encontrado no ovo de Páscoa, nos corpos das vítimas e também no material apreendido com Jordélia no momento da prisão. À polícia, ela admitiu ter enviado o chocolate à família, mas negou qualquer envolvimento no envenenamento.

Itens foram apreendidos com Jordélia Pereira Barbosa estavam contaminados com chumbinho. (Foto: Divulgação/Polícia Civil do Maranhão)

O laudo pericial deve embasar a conclusão do inquérito policial. Durante as investigações, as autoridades descobriram que Mirian Lira, mãe das vítimas, estava em um relacionamento há três meses com o ex-marido de Jordélia — o que pode ter motivado o crime. De acordo com a Polícia Civil do Maranhão, Jordélia agiu por ciúmes e desejo de vingança. Ela deve ser indiciada por duplo homicídio e tentativa de homicídio por envenenamento.

Morte das crianças

Luís Fernando, de 7 anos, morreu poucas horas após consumir o ovo de Páscoa. Sua irmã, Evelyn Fernanda Rocha Silva, de 13 anos, e a mãe foram internadas em estado grave. Evelyn não resistiu e faleceu cinco dias depois, por complicações decorrentes da intoxicação. A mãe segue internada.

O corpo de Evelyn foi sepultado no dia 23 de abril, no cemitério Bom Jesus, em Imperatriz (MA). Segundo os médicos, a causa da morte foi choque vascular e falência múltipla de órgãos.

Em entrevista à TV Mirante, Mirian lamentou profundamente a perda dos filhos e pediu justiça. “Só Deus mesmo. Daqui para frente não tenho nem um pouco de noção como que vai ser. Só quero que seja feita justiça porque foram meus dois filhos que eu não vou ter mais de volta. Então é só o que eu peço: justiça”, disse a vítima.

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Ela relatou ainda ter recebido uma ligação suspeita no mesmo dia em que o chocolate chegou, mas jamais imaginaria que o ovo de Páscoa pudesse estar envenenado. “Quando chegou a embalagem, me ligaram, né? Me perguntaram se eu tinha recebido. Só que na minha cabeça, eu achei que fosse o povo da Cacau Show confirmando se eu tinha recebido a embalagem. Eu apenas falei que tinha recebido e não procurei investigar de onde vinha”, afirmou.

Ainda segundo Mirian, todos estavam na cozinha e provaram o chocolate juntos. “Nunca imaginei [que poderia estar envenenado]. Só passando por isso. (…) Estou tentando digerir aos poucos, ainda. É muita informação ainda. Estou tentando digerir devagarzinho”, disse.

Luís Fernando, que faleceu, junto a mãe, Mirian, e a irmã Evelyn, que também morreu vítima do envenenamento. (Foto: Arquivo Pessoal)

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Relação com o suspeito e motivações

A Polícia Civil apurou que o relacionamento entre Mirian e o ex-marido de Jordélia pode ter sido o estopim para o crime. Mirian e o homem já haviam namorado na adolescência, em Santa Inês. Após o fim da relação, ela se mudou para Imperatriz, onde formou outra família e teve dois filhos.

Já o ex-namorado de Mirian permaneceu em Santa Inês, onde conheceu Jordélia. Eles se casaram, tiveram dois filhos e se separaram há dois anos. Em janeiro deste ano, ele e Mirian retomaram o relacionamento, agora à distância.

Foi o próprio homem quem alertou a polícia sobre a possível participação de Jordélia no envenenamento. Ele relatou que o relacionamento entre eles era conturbado e que, em janeiro, a ex-mulher já havia ameaçado Mirian.

Jordélia usou crachás falsos para se hospedar em Imperatriz, horas antes do crime. (Foto: Reprodução/g1)
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