Mãe de criança sequestrada no RS detalha como está o estado psicológico da filha

“Ela não pode ficar no escuro”, disse a mulher em um trecho

Suspeito foi morto. (Foto: Reprodução)
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A mãe da menina sequestrada em Tramandaí, no Litoral Norte do Rio Grande do Sul, relatou o estado emocional da filha após o sequestro. A criança, que foi encontrada por policiais dentro de um alçapão em uma loja de conveniência, na manhã de quarta-feira (26), passou por um trauma profundo. A menina permaneceu cerca de 12 horas no porão antes de ser resgatada.

Em entrevista à Rádio Gaúcha, a mãe, que pediu para não ser identificada, contou que a menina está visivelmente abalada. “Agora ela está mais calma, né? Mas ela teve pesadelo de noite. Ela não pode ficar no escuro”, relatou.

“Agradeço muito a Deus. Prometi que eu vou auxiliar e vou orar o resto da minha vida e vou dar o que ela quiser. Vou dar o que ela quiser, que eu vou me esforçar o máximo para fazer ela feliz, fazer ela esquecer isso”, disse a mulher. O homem suspeito de sequestrar a menina, Marco Antônio Bocker Jacob, de 61 anos, teria atraído a criança oferecendo picolé. Após o resgate, ele foi linchado por moradores que acompanharam a operação das autoridades.

A mãe diz que ainda se sente culpada por ter permitido que a filha saísse para brincar: “Ela me pediu ‘mãe, eu posso ir na pracinha? As crianças dali da frente vão, meus amiguinhos’. Eu não ia deixar, daí fiquei com pena dela. Ainda disse para o meu marido ‘amor, vou deixar ela brincar um pouquinho ali, as outras crianças vão’. Todo mundo disse que eu não tinha culpa. Sinto culpa ainda porque se eu não tivesse deixado [ela ir], não teria acontecido nada”. 

O sargento Christian Pacheco, que participou do resgate, defendeu a mãe: “Ela não tem que se culpabilizar. Era um criminoso que estava ali agindo. Ele tinha antecedentes nesse sentido e, infelizmente, a pequena foi vítima”. A mãe revelou que a filha não quer falar do que aconteceu e pediu que ninguém comentasse sobre o caso perto dela. “Ela disse ‘mãe, eu não quero falar nada, eu não quero que ninguém fale'”, contou.

O sargento Pacheco, do 2º Batalhão de Choque de Santa Maria, explicou o impacto emocional do caso para ele e os outros agentes: “Nos sensibilizamos com esse fato porque somos pais. É até complicado a gente falar e não embargar a voz, porque a minha filha tem nove anos também. Quando eu falei com ela ali eu ouvi a voz da minha filha”.

Entenda o que aconteceu

Segundo o relato do pai da menina, ela saiu de casa por volta das 16h de terça-feira (25), para brincar na pracinha próxima à residência devido ao calor intenso. A demora para o retorno gerou preocupação na família, que iniciou buscas na região. Cartazes foram espalhados e um carro de som percorreu as ruas.

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O pai, ao passar pela loja de conveniência onde a filha estava sendo mantida refém, estranhou a atitude do suspeito. Ele percebeu uma música alta tocando no local e um arranhão no nariz de Jacob, o que levantou suspeitas. A Brigada Militar, juntamente com a Polícia Civil, foi acionada e, com base nas imagens de câmeras de segurança, identificou a menina entrando no estabelecimento. Ao chegarem ao local, ouviram gritos de socorro vindos do interior da loja.

Carro depredado por populares revoltados. (Foto: Reprodução)

“Puxamos ela pelo braço e ela foi no colo de um colega. Nós conseguimos com êxito tirar ela do local, colocar numa viatura discreta com a família e ir pra pra UPA dar o primeiro atendimento pra ela”, relatou o sargento Pacheco, à RBS TV.

Suspeito foi morto e linchado

Marco Antônio Bocker Jacob, estava em prisão domiciliar até janeiro, conforme informações do Tribunal de Justiça do RS. Após ser preso, ele foi linchado por moradores da região, que reagiram à detenção. A Brigada Militar tentou conter a multidão, utilizando balas de borracha, gás de efeito moral e spray de pimenta, mas não conseguiu impedir as agressões. Jacob morreu em decorrência dos ferimentos.

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