Mirian Lira, mãe das duas crianças que morreram após consumirem um ovo de Páscoa envenenado em Imperatriz, no Maranhão, deixou o hospital nesta quarta-feira (23) e falou pela primeira vez sobre a tragédia. Mirian perdeu os dois filhos em menos de uma semana: Luís Fernando, de 7 anos, morreu no dia 17, e Evelyn Fernanda, de 13, faleceu no dia 22.
Em entrevista à TV Mirante, a operadora de caixa, muito abalada, disse não saber como será sua vida daqui em diante. “Só Deus mesmo. Daqui pra frente, não tenho nem um pouco de noção como que vai ser. Só quero que seja feita justiça, porque foram meus dois filhos que eu não vou ter mais de volta”, afirmou.
Os três passaram mal após comerem o chocolate, entregue na casa da família por um motoboy na noite de 16 de abril. O doce vinha acompanhado de um bilhete com a mensagem: “Com amor, para Mirian Lira. Feliz Páscoa!!!”. Segundo Mirian, logo após o recebimento, ela atendeu a uma ligação de uma mulher perguntando se havia recebido o presente. “Na minha cabeça, achei que fosse o pessoal da Cacau Show confirmando se eu tinha recebido a embalagem. Eu apenas falei que tinha recebido e não procurei investigar de onde vinha”, contou.
“Nunca imaginei [que poderia estar envenenado]. Só passando por isso. (…) Estou tentando digerir aos poucos, ainda. É muita informação ainda. Estou tentando digerir devagarzinho”, completou. Assista à entrevista:
Mãe que perdeu dois filhos após comerem ovo de Páscoa fala pela primeira vez pic.twitter.com/XW88OK0Myu
— WWLBD ✌🏻 (@whatwouldlbdo) April 23, 2025
A principal suspeita do caso, Jordélia Pereira Barbosa, ex-namorada do atual companheiro de Mirian, foi presa preventivamente no dia 17, após ser localizada em um ônibus interurbano na cidade de Santa Inês, onde mora. Segundo a Polícia Civil do Maranhão, o crime teria sido motivado por ciúme e premeditado com detalhes. Câmeras de segurança registraram Jordélia comprando o ovo de Páscoa em uma loja de chocolates em Imperatriz, usando peruca e óculos para dificultar sua identificação. Ela teria viajado 384 km de Santa Inês até Imperatriz e retornado poucas horas depois, no mesmo dia em que o presente foi entregue.
As amostras do chocolate e o sangue das vítimas foram enviados para análise no Instituto de Criminalística, e o laudo cadavérico de Luís Fernando também foi solicitado para confirmar o envenenamento. A polícia apreendeu com Jordélia duas perucas, restos de chocolate em bolsas térmicas, bilhetes de ônibus e crachás falsos, que, segundo a investigação, foram usados para dificultar o rastreamento de sua identidade — ela chegou a se passar por uma mulher trans em um hotel, usando o nome fictício Gabrielle Barcelli.

Durante o interrogatório, Jordélia apresentou contradições, segundo a delegada Alanna Lima, da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa de Imperatriz. Inicialmente, ela negou ter comprado o chocolate, depois admitiu a compra, mas alegou que enviou o presente como uma gentileza. A mulher, que se apresenta como esteticista em redes sociais, agora responde por dois homicídios consumados e uma tentativa de homicídio.
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