Ana Carolina Oliveira, mãe de Isabella Nardoni, se abriu sobre a filha, assassinada em 2008, em uma entrevista publicada hoje (15) pelo UOL. Ela explicou por que aceitou participar do novo documentário da Netflix, “Isabella: o caso Nardoni“, que abordará profundamente a morte da garota de 5 anos. Na conversa, Ana ainda desabafou sobre a progressão da pena da madrasta Anna Carolina Jatobá.
Decisão da Justiça pela soltura
Jatobá, junto ao pai de Isabella, Alexandre Nardoni, foi condenada pela Justiça em 2010 sob acusação de homicídio. Com uma pena de 26 anos, a acusada, recentemente, teve uma progressão para o regime aberto. “Não acho justo ela estar voltando para casa. Daqui a pouco, pode ser ele (Alexandre). A minha filha nunca vai voltar para casa. Repito: a minha filha nunca vai voltar”, disse Ana.
“Tenho que aceitar as decisões da Justiça do meu país porque não tenho como mudar esse curso, mas acho justo? Não, não acho. Acho que se a minha filha não volta para casa, eles também não têm que voltar”, ressaltou. Ela apontou, então, o motivo de ter aceitado o convite da produção da Netflix.
Dúvida com documentário
“Quando o Claudio Manoel (codiretor do documentário) me procurou para conversar, achei uma boa ideia inicialmente, no sentido de que é a história da minha vida, uma história que marcou e ajudou muitas pessoas. Apesar de 15 anos passados, casos de violência contra crianças ainda acontecem. Então, vi uma oportunidade de contar essa história para que a minha filha não fosse nunca esquecida, apesar de que por mim ela nunca será”, explicou.
Ana Carolina chegou a hesitar diante da proposta por conta dos outros dois filhos: Miguel, de 7 anos, e Maria Fernanda, de 3. “É óbvio que para as outras pessoas não é o mesmo sentimento que tenho. Mas depois liguei para o Claudio falando que achava que era muito delicado, que isso ia mexer com feridas, porque hoje isso envolve meus filhos”, ressaltou.
“Tenho um filho de 7 anos que sabe que tem uma irmã mais velha, mas não sabe a realidade dos fatos. Aí, eu desisti, mas depois voltei atrás. O meu propósito em aceitar fazer parte desse projeto foi que essa história e tantas outras que não foram contadas não sejam esquecidas”, declarou.
Dor sem fim
Na sequência, a mãe de Isabella recordou a dor que é passar pelo processo do julgamento. “O que todo pai e toda mãe procuram quando perdem o filho numa tragédia é justiça. O trâmite do processo, o julgamento, a condenação, é um processo de luto pelo qual você vai passando. Ver a justiça ser feita acalma o coração”, confessou. “Óbvio que 15 anos depois toda aquela dor é mais branda, mas ela existe. Eu me tratei muito para chegar ao nível em que estou hoje e poder falar do assunto”, acrescentou Oliveira.
“Falei e sempre falarei sobre o que aconteceu, mas é sempre dolorido e cutuca lembranças que a sua memória guarda lá no cantinho. A justiça foi feita, um ciclo se encerrou para mim, mas hoje fico com o meu sofrimento, a minha dor”, pontuou.
Por fim, a bancária observou como a produção do streaming poderá refletir em sua vida daqui em diante. “Não acho que seja um desfecho da história, acho que ela será contada de outra forma. As pessoas, talvez, me escutem de uma forma como nunca ouviram”, concluiu Ana. Saiba todos os detalhes de “Isabella: o caso Nardoni”, que estreia em 17 de agosto, e relembre o caso, clicando aqui.
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