A mãe e a irmã de Vitória Chaves da Silva, de 26 anos, estiveram no “Encontro” com Patrícia Poeta desta quinta-feira (10), e lamentaram a exposição do caso. Cláudia Aparecida da Rocha Chaves foi aos prantos ao recordar a perda da filha, que morreu em fevereiro deste ano por choque séptico e insuficiência renal crônica. Ela ainda disse que a jovem teria sido agredida por uma das enfermeiras do Incor, onde Vitória realizou três transplantes cardíacos.
“Tem sido muito doloroso, porque a minha filha era uma menina que tinha sede de vida. Ela lutou 26 anos. E vir duas alunas que não a conheciam, não se aprofundaram no caso, e exporem minha filha desse jeito, afirmando que ela não tomava os remédios, que ela quis passar por um segundo transplante. Quem quer ir pra um centro cirúrgico sem saber se vai ser de lá vivo? Quem quer ser cerrado no peito? Quem quer ficar em uma UTI sem poder andar?”, desabafou a mãe.
“A minha filha queria ter uma vida normal. O sonho da minha filha era ser médica para pode retribuir tudo os que os médicos fizeram por ela. E vem duas alunas e expõem, debocham da minha filha. Era uma vida, não era um objeto. Porque nem o gato tem sete vidas. A minha filha não brincou com a vida”, continuou, em meio ao choro.
Assista:
Lamentável essas estudantes ironizarem algo tão sério. Que a mãe da Vitória sinta-se acolhida e abraçada por todos nós depois de ouvir palavras tão duras. #Encontro pic.twitter.com/Brus2680W1
— Brenno (@brenno__moura) April 10, 2025
Giovana Chaves, irmã de Vitória, rebateu as estudantes de medicina sobre a falta de comprometimento da paciente com o tratamento. “É impossível, porque quando a minha irmã passou pelo terceiro transplante, ela estava há oito meses internada. Então é a mesma coisa que afirmar que o hospital não estava dando a medicação pra ela. E isso não existe”, avaliou.
“A minha irmã sempre foi uma pessoa que queria, mais do que tudo, viver. Ela queria sair daquele hospital. Ela ficou quase dois anos internada em uma UTI, sem sentir o calor do sol, sem poder encostar o pé no chão. É muito triste a gente ter que ouvir uma coisa dessa. E por mais que as pessoas digam: ‘Ah, mas elas não falaram o nome, o endereço’, mas falaram o nome da instituição. E a minha irmã foi a única a fazer quatro transplantes no Incor. Três cardíacos e um no rim”, explicou a jovem.
Descoberta do vídeo
Giovana relatou que a família mexeu no celular de Vitória após sua morte, tomando conhecimento do vídeo pela primeira vez. “No celular dela tinham algumas mensagens e a primeira era de um amigo dela que mora lá na Holanda. Ele mandou o vídeo e a gente achou que era normal. Mas a gente viu esse trecho e foi absurdo, desesperador”, confessou.
Ela também expôs os comentários negativos sobre Vitória que começaram a circular na internet. “Isso propagou um certo ódio para minha irmã. O pessoal chamando ela de robô, que era só substituir as peças para ela sair andando, falando que três pessoas precisaram morrer para ela que não valorizava a vida. Que foram três órgãos jogados fora”, lamentou.

Suposta agressão de enfermeira
Claudia, então, revelou um episódio ainda mais surpreendente que teria acontecido no Incor. “Eu tenho uma gratidão muito grande por lá, mas nos últimos anos deixaram muito a desejar. A minha filha foi agredida por uma enfermeira, levou um tapa na cara. Na época, o diretor administrativo não fez nada. Eu entrei com denúncia na promotoria e só assim essa enfermeira foi mandada embora”, explicou.
A mãe ressaltou que Vitória já estava na instituição há mais de um ano, e recebeu garantias da própria médica que os detalhes do caso eram sigilosos. Sendo assim, ela não sabe como as estudantes teriam tido acesso as informações. “Não sei se o erro tá saindo mesmo do Incor. Se não tem uma pessoa lá dentro que está fazendo isso. Que ela apanhou, esse boato, porque não é verdade. A gente queria uma resposta tanto do Incor quanto das meninas”, ponderou.
Mãe de jovem ironizada por alunas de medicina no #Encontro pic.twitter.com/xzbwAt9ySI
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Claudia disse, ainda, que deseja honrar a memória de Vitória. “É um desrespeito. Eu queria que elas não fossem médicas, que elas fossem cassadas. No meu entender, elas são um risco para a sociedade”, opinou, acrescentando que tentou contato com Gabrielli Farias de Souza e Thaís Caldeiras Soares Foffano, mas não obteve resposta.
Por fim, a mãe da paciente deixou um pedido: “Eu quero que elas façam um vídeo com uma retratação na internet. Dizendo que o que elas falaram da minha filha é mentira. Porque as pessoas estão julgando a minha filha, estão falando mal dela. Que ela comprou órgão, que ela não deu valor, que o órgão que foi pra ela foi um desperdício. E eu quero isso dela, porque o mínimo é limparem o nome da minha filha”.

De acordo com a produção do “Encontro”, os representantes das duas alunas declararam que elas não tiveram contato com o prontuário da paciente e sequer sabiam quem ela era. A dupla também reiterou que Gabrielli e Thaís não tinham intenção de ofender ou causar desconforto para a família de Vitória.
A polícia abriu um inquérito por injúria contra as estudantes de medicina. Já ao portal de Leo Dias, o Ministério Público de São Paulo se manifestou em um comunicado. “Na terça-feira (8), foi protocolada na promotoria de Justiça de Direitos Humanos da Capital uma notícia de fato relatando o ocorrido. O caso está sendo analisado”, informou.
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