Hugo Gloss

Mãe é apontada como responsável por mortes das filhas gêmeas no RS, e polícia detalha indícios de envenenamento

Em outubro, Gisele Beatriz Dias, mãe das gêmeas de 6 anos que faleceram com apenas 8 dias de diferença, foi presa temporariamente pela Polícia Civil de Igrejinha, cidade a 90 km de Porto Alegre, sob suspeita de duplo homicídio. Hoje (12), segundo o g1, a Polícia Civil concluiu que ela é responsável pelas mortes.

As gêmeas Manoela e Antonia Pereira morreram nos dias 7 e 15 de outubro, respectivamente. Ambas sofreram paradas cardiorrespiratórias em casa, no loteamento Jasmim, bairro Morada Verde, e não resistiram. Na ocasião, Graciano Ronnau, comandante do Corpo de Bombeiros Voluntários de Igrejinha, observou semelhanças nos quadros das crianças. Além das paradas, ambas apresentaram hemorragias.

Após a morte da segunda menina, as autoridades passaram a investigar a hipótese de envenenamento intencional por parte da mãe. A desconfiança aumentou quando um médico relatou que Gisele, durante internação na ala psiquiátrica por depressão profunda semanas antes das mortes, mencionou “ideias perversas” sobre as filhas.

A irmã mais velha das gêmeas, cuja identidade foi preservada, também reforçou as suspeitas em depoimento, afirmando que a mãe seria “plenamente capaz” de cometer o crime.

Com a suspeita de feminicídio ganhando força, a polícia intensificou a coleta de provas técnicas. Como parte da investigação, o corpo de Manoela foi exumado para análise de material genético, uma vez que inicialmente não havia suspeita de homicídio.

Meses depois, o delegado Ivanir Luiz Moschen Caliari concluiu o inquérito, indiciando Gisele por dois feminicídios e solicitando a conversão de sua prisão temporária para preventiva. O pedido foi aceito na noite de terça-feira (10) pelo juiz da 1ª Vara Judicial da Comarca de Igrejinha, com parecer favorável do Ministério Público de Porto Alegre.

Gêmeas morreram em um intervalo de apenas 8 dias. (Foto: Arquivo Pessoal/ TV Globo)

Pai faz desabafo

Em entrevista à RBS TV, Michel Persival Pereira, pai das gêmeas, desabafou sobre os sentimentos que o acompanham desde as mortes das filhas: luto, saudade e a busca por respostas. “O que é difícil pra mim é entender que alguém queira ou tenha feito mal pras minhas meninas. Eu quero poder pensar que foi simplesmente um botãozinho que se desligou e elas foram pro céu. Agora pensar que alguém fez mal pra elas… Pior ainda, a mãe? É muita crueldade fazer isso. Eu não quero pensar nisso”, refletiu.

Michel, que trabalha como caminhoneiro, revelou que não estava presente em casa nos momentos em que ocorreram as tragédias. “Eu saí pra trabalhar. Quando voltei, tinha uma filha morta. Eu saí pra ir no mercado, quando voltei, tinha outra filha morta. É a única explicação que eu tenho. O que aconteceu nesse meio tempo eu não sei, eu não sei”, afirmou.

A emissora também destacou outros aspectos preocupantes do caso. Em 2022, Gisele teria perdido a guarda das filhas após deixá-las sob os cuidados de uma vizinha e sair de casa. Naquele período, as gêmeas chegaram a ser abrigadas em uma instituição antes de se mudarem para a casa do avô materno.

Além disso, meses antes, em dezembro de 2021, o Conselho Tutelar havia atendido Manuela, Antônia e a irmã mais velha em uma ocorrência policial em Xangri-Lá, no Litoral Norte do Rio Grande do Sul. Na ocasião, as meninas foram retiradas do pai e encaminhadas para os cuidados dos avós.

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