Maria Helena de Souza Pereira, mãe de Francisco de Assis, o Maníaco do Parque, revelou em um primeiro momento que não receberia o filho, caso ele seja solto em 2028. Mas, após uma orientação do filho mais velho, Luís Carlos Pereira, ela mudou a resposta. A senhora de 77 anos também admitiu que talvez o assassino não esteja pronto para seguir com a vida fora da prisão.
“Não tem como [recebê-lo]. Ele é outro homem. Afinal, são 30 anos. Nem sei como ele está. Além do mais, moro em uma casa humilde. Tenho receio do assédio da imprensa. O ideal seria que ele fosse morar em Portugal, onde há uma mulher apaixonada que quer levá-lo para lá”, declarou Maria à coluna de Ullisses Campbell, do jornal O Globo, nesta terça-feira (13)
Ela, por sua vez, pediu para corrigir a fala depois de um conselho de Luís: “Com certeza [receberia], de braços abertos. Isso ninguém tira [de mim]“. Logo em seguida, a mãe de Francisco opinou sobre a capacidade do filho em conviver socialmente. “Olha, é uma coisa bastante difícil de responder, mas, no momento, eu acho que ainda não”, confessou ela.
“Durante dez anos, eu não converso com ele, porque não tenho o visitado. Então como a gente vai conversar, né? Mas agora, recebendo novamente a nossa visita, se ele achar que a gente deve visitá-lo, vamos estar mais conscientes de tudo”, completou. A mãe do Maníaco do Parque também foi questionada sobre a possibilidade do assassino cometer novos crimes ao ser solto.
“Depois que ele passou a ser um novo homem, uma nova pessoa, sem maldades, eu acredito que ele não vai fazer mais. Porque aquele Francisco era uma pessoa, hoje ele é outra”, avaliou ela. Entretanto, ela disse não ter garantias sobre o assunto: “Com certeza, ele nunca deu sinal [sobre os delitos que cometeu]. Isso também pode ser uma coisa do mal que pegou”.
“Ele foi uma criança normal, como qualquer outra. Nasceu gordinho, demorou a andar e a falar. Mas isso não tem nada a ver. O meu pequeno Tim foi tão amado quanto os irmãos”, continuou Maria Helena. Ela ainda reagiu aos laudos feitos por psiquiatras e psicólogos que definiram o assassino como “psicopata”.
“Se tivesse percebido alguma coisa, teria buscado tratamento. Mas nunca percebi nada. Ele sempre foi amigo das meninas, de mulheres, de moças, e amava crianças. Sempre foi muito mulherengo. As meninas viviam atrás dele”, recordou.
A senhora também esclareceu os motivos para não visitar o filho na prisão. “Devido à situação financeira, que atrapalhou bastante. Também veio a pandemia depois, ele mesmo pediu para não ser visitado. E pela situação financeira que nós estávamos passando. Uma coisa muito difícil. Talvez ele nem entenda o porquê”, contou.
Título de ‘Maníaco do Parque’
A mãe do maior serial killer do Brasil também afirmou que não gosta de ouvir as pessoas chamando o filho de “Maníaco do Parque”. “Eu tenho pavor dessas palavras. Não gosto, não aceito e não respondo nada sobre essa pergunta, esse nome, que é um nome maldito que a mídia colocou sobre ele. Pra mim ele é maldito e sempre será”, cravou.
Visitas e cartas de mulheres
Um fato chocante revelado por dona Maria Helena é que Francisco de Assis tem várias admiradoras que o visitam na prisão e outras que lhe enviam cartas, dizendo estarem apaixonadas por ele. “Acho que nunca teve visita íntima. Essas mulheres o visitam na cadeia. Elas me ajudam com alimentos e repasses financeiros”, explicou.
A senhora chegou até a ser procurada por duas delas. “Eu sempre tratei elas muito bem, e elas também falaram muito bem dele. Sempre foram muito bem recebidas por ele”, comentou, acrescentando nunca ter dado nenhum alerta para elas. “Nunca dei. Elas foram por livre espontânea vontade”, ressaltou.
Questionada sobre seu atual sentimento pelo filho, Maria respondeu: “O que eu sempre senti, amor, carinho. Ele é meu filho do coração como os outros também são”. Por fim, a senhora deixou um recado para as vítimas que foram assassinadas por Francisco – e para as famílias delas.
“Se é o que aconteceu, perdão pra todas elas. Eu continuo sempre pedindo perdão para todas as que partiram, porque partiram [por causa] dele”, concluiu Maria Helena. Conforme a coluna, a entrevista foi feita em três momentos e faz parte da biografia “Francisco de Assis – O Maníaco do Parque”, com lançamento marcado para setembro.
Sobre o caso
Francisco de Assis Pereira protagonizou um dos maiores casos do Brasil, em 1998, ao aterrorizar os moradores da cidade de São Paulo. Ele foi condenado a mais de 280 anos de prisão pelo assassinato de sete mulheres, embora tenha confessado a morte de nove. Segundo apuração das autoridades, o criminoso também teria estuprado nove de suas 16 vítimas.
Apesar da longa pena, o serial killer deverá ser solto em 2028, já que na época de seu julgamento, um preso não poderia cumprir mais de 30 anos em uma penitenciária. Atualmente, Francisco está na Penitenciária Orlando Brando Filinto, de Iaras (SP), onde cumpre a sentença desde 22 de maio de 2009.
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