Menino de 2 anos morre após ser esquecido por funcionários em van escolar, em SP; mãe dá depoimento aos prantos: “Ele não queria ir”

O caso aconteceu ontem (14), na Zona Norte de São Paulo. A polícia suspeita que o calor tenha matado o pequeno Apollo Gabriel Rodrigues, de 2 anos

Nesta terça-feira (14), um garoto de dois anos faleceu após ser esquecido na van escolar. O caso aconteceu na Zona Norte de São Paulo e, em entrevista ao jornal “SP2”, da TV Globo, a mãe de Apollo Gabriel Rodrigues revelou que o pequeno chorou ao entrar no veículo que o levaria até a creche.

A van escolar buscou o menino por volta das 7h, mas ele não foi entregue no destino final pelo motorista e auxiliar do transporte. Horas depois, Apollo foi encontrado desacordado no veículo e, por volta das 16h20, foi encaminhado ao Hospital Municipal Vereador José Storopolli, no Parque Novo Mundo. O garotinho foi resgatado tarde demais e chegou à unidade de saúde já sem vida.

Em conversa com o veículo, Kaliane Rodrigues relembrou a última vez que viu o filho com vida. “Ele estava tão bem. Mas quando eu fui por ele na perua, ele chorou. Ele chorou. Não queria ir. E ela [a auxiliar do motorista] sempre colocava ele na frente, hoje ela colocou ele no banco de trás e esqueceu do meu filho”, recordou a mãe.

“Eu nunca pensei em passar por isso, é muito difícil saber que eu deixei meu filho na perua pensando que ele estava seguro e fui trabalhar. Mas, sabe, pressentimento de mãe. Não foi bom o meu dia e quando deu 16h eu falei ‘mãe, o Apolo chegou?’. Sempre que eu chegava, meu filho estava lá. Hoje eu cheguei e meu filho não estava e eu nunca mais vou ver ele. Eu nunca mais vou ver meu filho”, lamentou a mãe, aos prantos.

Kaliane declarou, ainda, que espera ver a justiça sendo feita. “Independente se ela [auxiliar] colocou atrás, na frente ou no meio da van, isso pra mim é irresponsabilidade, porque quem trabalha com criança tem que ter muita atenção. E eu acho isso injustiça demais. E eu quero justiça. Só peço justiça”, destacou.

A avó da criança, Luzinete Rodrigues dos Santos, também se manifestou. Ao SP2, Luzinete chorou pelo neto e destacou a falta de responsabilidade dos donos da van. “Deixou a perua no estacionamento, num calor terrível, como hoje, só foi perceber [que o menino ainda estava atrás] na hora de entregar as crianças. Eles não tiveram culpa, mas foi irresponsabilidade. Minha filha quer justiça. Quem cuida de criança tem que ter o máximo de responsabilidade”, disse ela.

Kaliane e o filho, Apollo Gabriel. (Foto: Arquivo Pessoal)

Investigação

Após o caso, a polícia abriu um inquérito para avaliar o que de fato causou a morte do menino. Em depoimento à polícia, o motorista da van, Flávio Robson Benes, de 45 anos, e a mulher, Luciana Coelho Graft, de 44 anos, que atua como auxiliar do veículo, afirmaram que buscaram Apollo em casa pela manhã para então levá-lo a creche.

Entretanto, o casal só se deu conta de que havia esquecido o menino dentro da van depois do almoço, quando era horário de buscar as crianças na creche. Flávio e Luciana encontraram o menino na cadeirinha, já caído no penúltimo banco. No boletim de ocorrência, ao qual o g1 teve acesso, o casal afirmou que foi até a creche na sequência e conversou com a responsável da instituição. De lá, partiram para o hospital mais próximo com a criança desmaiada. A morte de Apollo foi confirmada por médicos do local.

Em seu relato, a auxiliar alegou ter o costume de conferir o embarque e desembarque dos pequenos, mas que devido a uma enxaqueca, ela não passava bem, o que pode ter prejudicado sua atenção no trajeto.

Auxiliar e motorista esqueceram Apollo no fundo da van. (Foto: Reprodução/TV Globo)

O caso foi registrado como homicídio contra menor de 14 anos. A investigação suspeita que Apollo morreu por conta do calor – nesta terça-feira (14), o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) constatou que a temperatura atingiu 37,7º graus em São Paulo, registrando o segundo dia mais quente da história das medições feitas pelo Inmet. Ainda assim, a causa da morte só será confirmada após a conclusão do laudo médico.

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Flavio e Luciana foram presos e encaminhados ao IML. Hoje (15), o casal deve passar por audiência de custódia. Com a repercussão da tragédia, a Prefeitura de São Paulo se manifestou. Em nota à imprensa, o órgão lamentou o caso e disse que prestará apoio à família de Apollo. Leia a íntegra:

“A Diretoria Regional de Educação (DRE) acompanha o caso e o Núcleo de Apoio e Acompanhamento para a Aprendizagem (NAAPA), composto por psicólogos e psicopedagogos, foi acionado para atender a família. Um Boletim de Ocorrência foi registrado e a Diretoria Regional de Educação (DRE) está à disposição das autoridades competentes para auxiliar na investigação. O condutor do Transporte Escolar Gratuito (TEG) já foi descredenciado e um processo administrativo foi aberto para apurar a conduta do profissional”.

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