A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, manifestou sua preocupação com as tentativas de culpar as vítimas nas denúncias de assédio sexual contra o ex-ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida. A declaração veio após a demissão de Almeida, anunciada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva nesta sexta-feira (6), que considerou insustentável a permanência do ministro diante das acusações.
O ministro dos Direitos Humanos foi exonerado do cargo após a ONG Me Too Brasil confirmar que recebeu denúncias de assédio sexual contra ele. Em nota, o presidente explicou a decisão. “O presidente considera insustentável a manutenção do ministro no cargo considerando a natureza das acusações de assédio sexual”, afirmou nota da Presidência. O comunicado ainda aponta que “o Governo Federal reitera seu compromisso com os Direitos Humanos e reafirma que nenhuma forma de violência contra as mulheres será tolerada”.
No texto compartilhado no Instagram, Anielle afirmou que relativizar violências sofridas por mulheres é inaceitável. “Não é aceitável relativizar ou diminuir episódios de violência. Reconhecer a gravidade dessa prática e agir imediatamente é o procedimento correto, por isso ressalto a ação contundente do presidente Lula e agradeço a todas as manifestações de apoio e solidariedade que recebi. Tentativas de culpabilizar, desqualificar, constranger, ou pressionar vítimas a falar em momentos de dor e vulnerabilidade também não cabem, pois só alimentam o ciclo de violência”, declarou.
Em outro trecho, a ministra pediu respeito a sua privacidade e garantiu que irá contribuir com as investigações do caso. “Sabemos o quanto mulheres e meninas sofrem todos os dias com assédios em seus trabalhos, nos transportes, nas escolas, dentro de casa. E posso afirmar até aqui, que o enfrentamento a toda e qualquer prática de violência é um compromisso permanente deste governo. Sigo firme nos passos que me trouxeram até aqui, confiante nos valores que me movem e na minha missão de trabalhar por um Brasil justo e seguro pra todas as pessoas”, finalizou. Leia o texto na íntegra:
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Silvio Almeida é demitido
Em uma reunião na manhã de hoje, Almeida foi chamado para “prestar esclarecimentos ao controlador-geral da União, Vinícius Carvalho, e ao advogado-geral da União, Jorge Messias, por conta das denúncias publicadas pela imprensa contra ele”. Uma investigação da Polícia Federal também será iniciada.
Mais cedo, Lula já tinha comentado sobre as acusações, destacando que o ministro terá o direito de defesa. “O que eu posso antecipar para você é o seguinte: alguém que pratica assédio não vai ficar no governo. Eu só tenho que ter o bom senso de que é preciso que a gente permita o direito à defesa, a presunção de inocência, ele tem o direito de se defender“, declarou.
“Eu estou numa briga danada contra a violência contra as mulheres, o meu governo tem uma prioridade em fazer com que as mulheres se transformem numa parte importante da política nacional. Então, eu não posso permitir que tenha assédio”, ressaltou.
Lula também reiterou a informação dada por Mônica Bergamo, da Folha de S. Paulo, de que a permanência de Almeida no cargo é insustentável. “Então, é o seguinte, nós vamos ter que apurar corretamente. Mas eu acho que não é possível a continuidade no governo, porque o governo não vai fazer jus ao seu discurso, à defesa da mulheres, inclusive dos direitos humanos, com alguém acusado de assédio”, sustentou.
Para complementar, ele afirmou que não permitirá que um “erro pessoal” ou um “equívoco” de alguém prejudique o governo. “Nós queremos paz e tranquilidade, e assédio não pode coexistir com a democracia, com o respeito aos direitos humanos. E sobretudo, com o respeito aos subordinados”, concluiu. Assista:
Almeida nega denúncias
Em um vídeo publicado na quinta-feira (5), Silvio Almeida negou qualquer crime e chamou as denúncias de “mentiras”. “Repudio com absoluta veemência as mentiras que estão sendo assacadas contra mim. Repudio tais acusações com a força do amor e do respeito que tenho pela minha esposa e pela minha amada filha de 1 ano de idade, em meio à luta que travo, diariamente, em favor dos direitos humanos e da cidadania neste país”, afirmou. Leia a íntegra.
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