Morre professora arremessada de brinquedo em Olinda, mais de 4 meses após acidente; parque se manifesta

Desde setembro, Dávine Muniz Cordeiro passou por dez cirurgias

Professora arremessada

Morreu, nesta quinta-feira (1º), a professora Dávine Muniz Cordeiro, aos 34 anos, mais de quatro meses após ser arremessada de um brinquedo em Olinda, no Grande Recife. O acidente aconteceu no “Wave Swinger”, no parque de diversões Mirabilandia, e foi registrado por câmeras de segurança. A morte foi confirmada pela família de Dávine ao g1.

Desde 22 de setembro de 2023, quando sofreu o acidente, a professora passou por dez cirurgias de reparação, sendo duas na cabeça. De acordo com os parentes, ela perdeu metade do cérebro no processo. A vítima estava internada no Hospital Ilha do Leite, na área central do Recife, e completaria 35 anos no próximo dia 23.

O parque de diversão se manifestou sobre o falecimento através de nota. “A direção e todos os que fazem o Mirabilandia lamentam a perda de Dávine Muniz, solidarizando-se com a família. Poucas palavras poderão representar o conforto neste momento, principalmente para quem sempre busca oferecer momentos de entretenimento e alegria. Que seja recebida com todas as honras na sua passagem deste nosso plano”, diz o comunicado.

Já a Polícia Civil informou que “o caso segue sob investigação” e mais informações “serão repassadas após a conclusão do inquérito policial”. Segundo a análise do Instituto de Criminalística, o acidente foi provocado pela corrosão dos elos das correntes que sustentavam os balanços da atração e a falta de manutenção do equipamento – que apresentava “sinais de desgaste visíveis”. A perícia foi realizada no dia do acidente e complementada em 27 de setembro.

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“Concluiu o perito criminal relator que o acidente ocorreu devido a uma sequência de fatores determinantes: desprovimento de inspeção técnica minuciosa e eficiente, por profissional qualificado, nas condições das correntes, haja vista as mesmas apresentarem sinais claros de corrosão, trincas e fraturas visíveis nos seus elos (fator raiz); falta de substituição ou reparo das correntes do brinquedo que apresentavam sinais de desgaste visíveis”, afirma o documento.

O laudo registra ainda que, mesmo em balanços que não se romperam, os elos das correntes tinham “fraturas”. “Vale ressaltar que, mesmo o aço inoxidável tendo uma excelente resistência à corrosão, ao entrar em contato com agentes corrosivos pode ocorrer corrosão, em especial por formação de fendas em ambiente que contenha cloretos como, por exemplo, a atmosfera marítima (maresia)”, informa.

Brinquedo se soltou e acidentou a professora. (Foto: Reprodução/ Twitter)
Brinquedo se soltou e acidentou a professora. (Foto: Reprodução/ Twitter)

O Parque Mirabilandia só voltou a funcionar 40 dias depois da interdição, em 2 de novembro, após seguir as exigências do Procon e do Crea, como a implantação de um plano de manutenção dos brinquedos e equipamentos.

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Ao longo do tratamento, houve alguns imbróglios jurídicos entre a família da vítima e a administração do Mirabilandia. O mais recente foi sobre a necessidade de a professora receber alta do Hospital São Marcos, onde estava internada antes, e ser colocada em home care. A família de Dávine afirmava que as reformas necessárias para a instalação do equipamento custavam de R$ 50 mil a R$ 60 mil, e que aguardava que o parque arcasse com todos os custos.

Ernesto Cavalcanti, advogado da empresa, apontou que o hospital sugeriu que o home care fosse pago pelo plano de saúde de Dávine, mas a família queria o serviço particular. Na ocasião, a direção do parque disse que continuaria “custeando toda a assistência de Dávine e cumprindo as responsabilidades que lhe competem para o seu tratamento”, como determinado pelo Tribunal de Justiça de Pernambuco.

Em 11 de janeiro deste ano, Dávine foi encaminhada para o Hospital Ilha do Leite, ligado ao plano de saúde da paciente. Até então, o tratamento era pago pelo Mirabilandia, que entrou em acordo com a família dela. O acordo tem cláusula de confidencialidade e os detalhes não foram divulgados.

Parque ficou interditado por 40 dias. (Foto: Reprodução/ TV Globo)

Relembre o caso

O acidente aconteceu em 22 de setembro, em Olinda, Pernambuco. Nos vídeos que mostram o momento exato do acidente, é possível ouvir o barulho do impacto do assento ao cair no chão. No “Wave Swinger”, existem balanços presos por correntes a uma estrutura giratória que simula o movimento de uma onda. De acordo com a administração do parque, essas cadeiras chegam a subir até a altura de 12 metros. Uma delas acabou se soltando.

Um enfermeiro que estava no parque prestou os primeiros socorros. Duas adolescentes que esperavam na fila foram atingidas por destroços do balanço e também receberam atendimento. O estabelecimento isolou apenas a área do ocorrido e continuou funcionando normalmente naquele dia.

Veja o vídeo abaixo [ Atenção! Imagens fortes]:

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