Francisca Maria da Silva, de 32 anos, morreu na madrugada desta terça-feira (7), no Hospital Estadual Dirceu Arcoverde (Heda), em Parnaíba, no litoral do Piauí. A informação foi confirmada pela polícia ao g1. A mulher estava internada, e é a quarta vítima da família após comer arroz envenenado com uma substância tóxica semelhante ao chumbinho.
Ao todo, nove pessoas consumiram o alimento no primeiro almoço do ano. Os filhos de Francisca, Igno Davi, de 1 ano e 8 meses, e Maria Lauane Fontenele, de 3 anos, também vieram a óbito. Já sua outra filha de quatro anos permanece internada no Hospital de Urgência de Teresina (HUT) em estado grave. Os outros quatro familiares receberam alta.
Conforme o portal da Globo, Francisca tinha cinco filhos e quatro deles já morreram por envenenamento. Além dos que faleceram após comer o baião de dois (arroz com feijão), outros dois vieram a óbito depois de ingerirem cajus envenenados, em agosto de 2024. A suspeita do crime ocorrido no ano passado está presa e foi denunciada por duplo homicídio qualificado.
Veneno semelhante ao chumbinho
O laudo pericial do Instituto de Medicina Legal (IML) revelou que o veneno estava no baião de dois preparado pela família no dia anterior. Com o resultado, a Polícia Civil do Piauí (PCPI) investiga o caso como homicídio. “Estava em todo o arroz, em grânulos visíveis”, declarou o médico Antônio Nunes, diretor do IML, acrescentando que a substância tóxica foi colocada em grande quantidade na comida.
O veneno, por sua vez, foi identificado como “terbufós”, da classe dos organofosforados, utilizado como inseticida e nematicida (pragas de plantas). Ele ataca o sistema nervoso central e a comunicação entre músculos, causando tremores, crises convulsivas, falta de ar e cólicas. Os efeitos aparecem pouco tempo depois da exposição ao elemento, podem deixar sequelas neurológicas e causar a morte.
Agora, a Polícia Civil investiga como a substância foi colocada no baião de dois. “É impossível ter ido parar lá sem intenção de alguém”, observou o delegado Abimael Silva. Ele apontou, ainda, o que teria acontecido na ocasião. “No dia 31, a família fez o baião de dois e consumiu, mas ninguém passou mal. Só depois do meio-dia do dia 1º, começaram a sentir os efeitos”, analisou.
A possibilidade de envolvimento de algum membro da família ainda está sendo apurada, mas a avó das crianças, Maria dos Aflitos da Silva, descarta essa ideia. Ela acredita que o autor do crime tenha sido alguém que invadiu a casa durante a madrugada.
“Essa porta aqui não tem segurança, a porta da frente muito pior, o portão é só empurrar e entrar que ninguém escuta nada. E todo mundo dormindo. Tem capacidade de alguém ter entrado aqui e ter botado o veneno na comida“, declarou ela.