Uma jovem de 27 anos que foi incendiada pelo próprio marido relembrou a batalha para sobreviver ao ataque. De acordo com a EPTV, afiliada da TV Globo, Dara Cristina de Andrade Rossato, da cidade de Franca, em São Paulo, ficou mais de um mês em coma e, desde que recuperou a coincidência, luta por justiça contra o ex-parceiro.
O crime ocorreu no fim de maio, quando Thiago Ricardo Rocha Gonçalves relatou à polícia que sua esposa havia sofrido um acidente doméstico. Segundo ele, Dara estava lavando roupas com álcool e depois foi cozinhar, o que teria gerado as queimaduras. Na época, vizinhos contaram à polícia que escutaram uma briga do casal e pedidos de socorro da mulher.
Depois de um mês sedada, Dara acordou e conseguiu revelar o que tinha acontecido. “Isso aqui que eu estou passando é resultado dele, resultado do machismo dele. Ele ainda me bateu. Eu só quero que ele vá preso, só isso. Estou sofrendo muito, só Deus sabe o tanto que eu estou sofrendo. Por favor, põe ele na cadeia, só isso que eu quero, que ele vá preso e pague o que ele fez comigo”, disse em um vídeo que foi entregue aos investigadores por sua mãe.
Após a denúncia, a Polícia Civil alterou o inquérito de acidente doméstico para tentativa de feminicídio. Ele foi preso em julho.
Mulher denúncia marido que a incendiou pic.twitter.com/aPXC7GajnX
— WWLBD ✌🏻 (@whatwouldlbdo) July 25, 2023
Por mais que já tenha recebido alta do hospital, ela continuará o tratamento por mais alguns meses. “Eu lutei pela minha vida, para estar aqui, para ver meus filhos de novo. Eu lutei, eu fui forte, senti dor, uma dor insuportável, os curativos doíam muito, muito, muito. Mas eu queria muito sobreviver. Eu não desejo mal para ele, mas sei que ele tem que pagar. Só isso. Tudo que está acontecendo comigo agora ele tem culpa, 100% de culpa de tudo”, desabafou a mulher em uma nova entrevista à emissora.
No próximo mês, Dara passará por uma cirurgia para a amputação do pé. “O mais difícil é saber que eu vou perder o meu pé, eu tenho meus filhos para cuidar. Eu fico imaginando como vai ser depois que eu não tiver meu pé mais. Como eu vou levantar, andar, cuidar dos meus filhos, levar eles na escola”, lamentou.
Questionada se essa teria sido a primeira agressão sofrida no relacionamento, a jovem garantiu que não, mas que nunca pensou em dar um ponto final no casamento porque amava o marido. “Nunca tive medo dele, eu gostava demais. Era amor. Sempre foi. Ele pedia perdão e falava que ia mudar. Eu sempre acreditei, eu nunca duvidei dele, das palavras dele. Eu sempre fui atrás dele, lutei por ele sempre”, afirmou.
Para ela, comentários de terceiros motivaram a crise de Thiago. “Só de lembrar do dia dá uma coisa ruim em mim. Eu sinto que é como se eu estivesse vivendo tudo de novo. Eu vou ter que fazer tratamento com psicólogo, fisioterapia, fono. A minha voz não voltou completamente. [Foram] Conversas de pessoas maldosas que falavam coisas de mim, coisas que não existiam. Ele foi fraco, acreditou nas pessoas e não foi capaz de acreditar em mim, que estava ao lado dele”, explicou.
Por fim, Dara analisou o impacto da agressão em seu futuro e fez previsões para o recomeço de sua vida com os filhos. “Me fere muito ficar me olhando, eu fico com vergonha de mim, do meu corpo. Eu quase morri, meus rins estavam parando. Os médicos não deram chance nenhuma, chegaram a ligar para minha família ir para São Paulo. Eu não posso ser egoísta, porque tem pessoa que está pior que eu. Nunca imaginei que fosse passar por isso”, apontou.
E concluiu: “Eu espero uma vida melhor para mim, para meus filhos, um mundo melhor. Eu dou um conselho para as mulheres não se envolverem com qualquer pessoa, conhecer a pessoa. Eu o conheci e casei, já vim morar junto, praticamente. Para elas tomarem cuidado, muito cuidado. Não dá para confiar mais nas pessoas, é difícil. Eu espero que tudo dê certo na minha vida”.
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