O “Fantástico” deste domingo (4) esmiuçou o plano de vingança de Jordélia Pereira Barbosa. Presa desde 17 de abril, a esteticista envenenou um ovo de Páscoa e provocou a morte dos dois filhos de Mirian Lira Rocha, após enviar o chocolate de forma anônima para a casa da família em Imperatriz, no Maranhão.
De acordo com a polícia, Jordélia escolheu o período de Páscoa para facilitar o objetivo, pois a maioria das pessoas deseja receber um ovo de chocolate. Por ser um feriado prolongado de seis dias, a esteticista também acreditou que as autoridades demorariam a agir, dando a ela chance de fugir da cena do crime. As ameaças começaram nas redes sociais, com um perfil falso de Jordélia. “Ela falava que eu ia pagar o preço, que era para eu sair [do relacionamento] enquanto era tempo“, disse a mãe das crianças.
Passo a passo
Imagens de câmeras de segurança mostraram Jordélia chegando para se hospedar em um hotel, em Imperatriz. Ela usava uma peruca preta como disfarce. Em seguida, a esteticista foi até o supermercado onde Miriam trabalha como operadora de caixa e pediu ao gerente do estabelecimento para oferecer uma degustação de chocolates.
Jordélia não conseguiu a autorização do funcionário e decidiu fazer a ação no pátio. A degustação seria apenas para os operadores de caixa, mas Mirian não participou. Segundo a polícia, essa foi a primeira tentativa de envenenamento. “Eu até olhei pra lá, mas não fui“, relatou a vítima. Sem sucesso, a esteticista colocou em ação o segundo plano.

Outras imagens registraram Jordélia comprando um ovo de Páscoa em uma loja de um shopping. De lá, ela retornou para o hotel e contratou um serviço de entrega para levar o doce até a casa de Mirian. O motoboy, que não quis ser identificado, falou sobre o serviço ao jornalístico. “Ela deu o endereço certinho, o número da casa, a referência, o nome da rua, tudo certinho. O nome da pessoa. E ela ainda falou assim: ‘Quando você chegar lá, pode perguntar pela Mirian’“, pontuou.
A esteticista ainda ligou para Mirian para confirmar a entrega. “Ela perguntou se eu tinha recebido a encomenda. Eu falei que tinha recebido e eu perguntei de quem era. Ela só falou que eu saberia quem tinha mandado. Eu pensei que tinha sido o Antônio Filho que tinha mandado pra mim“, contou. Após o envenenamento, o motoboy procurou a polícia e revelou a entrega.
Prisão e mortes
Os investigadores foram ao hotel, mas Jordélia já havia fugido. A polícia passou a monitorar o percurso do ônibus e ela acabou presa no dia 17 de abril, perto da cidade onde mora. Com ela, foram encontradas perucas, além de chocolate granulado que, de acordo com a polícia, foi usado para disfarçar o sabor do veneno.
Luís Fernando, de 7 anos, morreu poucas horas depois de consumir o ovo de Páscoa. Sua irmã, Evelyn Fernanda, de 13 anos, e a mãe foram internadas em estado grave. Evelyn faleceu cinco dias depois, por complicações decorrentes da intoxicação.

Conforme o dominical, o plano de Jordélia era se vingar de Mirian, atual namorada do seu ex-marido, Antônio Filho. Mirian e o homem já haviam namorado na adolescência, em Santa Inês. Após o fim da relação, ela se mudou para Imperatriz, onde formou outra família e teve dois filhos. Separados, eles voltaram a se relacionar em janeiro deste ano. “Isso causou um ciúme na Jordélia muito forte. Ela foi extremamente meticulosa, foi algo premeditado“, afirmou o promotor de Justiça, Tiago Quintanilha.
Jordélia foi indiciada por duplo homicídio qualificado e por tentativa de homicídio. As investigações apontam ainda que, no caso da tentativa de homicídio, ela agiu com dolo direto. Ou seja, com a intenção de envenenar um pessoa específica, a Mirian. Para o Ministério Público, ela agiu por vingança, o que caracteriza crime por motivo torpe. Se condenada, a esteticista pode pegar penas que variam entre 12 e 30 anos de prisão por cada um dos crimes cometidos.
Em depoimento, Jordélia confessou que comprou o ovo de Páscoa, que o enviou para Mirian, mas disse que não colocou veneno, e que a intenção era desejar Feliz Páscoa. Ao jornalístico, a defesa informou que os fatos alegados serão devidamente esclarecidos em tempo oportuno, no processo judicial, e que ela nega ter praticado o suposto crime de envenenamento. “Eu quero que a justiça seja cumprida, que ela pague por esse crime. Eu sei que não vou ter os meus filhos de volta, mas pelo menos vou ter um alívio. Foram duas vidas inocentes que ela tirou“, completou Mirian.
Assista à entrevista na íntegra:
Siga a Hugo Gloss no Google News e acompanhe nossos destaques