Mulheres moram há três meses em Mc Donald’s do Leblon, e reportagem detalha caso

Suzy e Bruna estariam, supostamente, procurando um apartamento no local e já recusaram ajuda

McDonald’s

Segundo reportagem da CBN desta quinta-feira (25), duas mulheres estão morando no McDonald’s do Leblon, na Zona Sul do Rio de Janeiro. O bairro tem um dos metros quadrados mais caros do país. De acordo com a rádio, que acompanhou a rotina da dupla nas últimas semanas, elas estão no local há quase três meses, e já recusaram ajuda do poder público.

Com cinco malas grandes, elas dormem sentadas na calçada, esperam os funcionários abrirem a loja e passam o dia na lanchonete. As refeições são todas feitas no local. A rede de fast food, localizada entre as ruas Carlos Góis e Ataulfo de Paiva, fecha às cinco da manhã e reabre às dez. “Quando o Mac fecha, elas ficam sentadas do lado de fora, não se afastam. Quando abre, de manhã, elas entram e pegam sempre a mesa perto da porta. Muito triste, morar em uma lanchonete é uma situação insustentável”, disse um morador, um empresário que mora na região.

Chama atenção dos vizinhos, porém, que elas têm celulares, estão sempre com roupas limpas, carregam ao menos cinco malas em bom estado, além de mochilas, e possuem dinheiro para pagar o que consomem na loja e em outros comércios da região.

Como apontou a CBN, as mulheres recusaram qualquer tipo de ajuda. Moradores, empresários, policiais militares, uma equipe do Segurança Presente e até funcionários da prefeitura já tentaram uma aproximação, mas sem sucesso.

Para a reportagem, Suzy e Bruna relataram que são mãe e filha, aparentemente com 50 e 30 anos. Elas nasceram no Rio Grande Sul e vivem no Rio de Janeiro há oito anos. Suzy contou que pretende encontrar um aluguel no Leblon por até R$ 1.200 – algo notadamente impossível nos dias de hoje. Segundo ela, ambas estão visitando apartamentos da região e preferem não gastar dinheiro enquanto procuram o imóvel.

Em outra visita, Bruna estava fazendo maquiagem quando recebeu a CBN. Ela confirmou a história da mãe e garantiu que as duas estão bem de saúde. A jovem lembrou que Suzy teve um “problema” no olho, mas que já tinha sido resolvido. Mesmo após o bate-papo com o repórter, elas negaram entrevistas.

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Respostas

Uma equipe da Secretaria de Assistência Social do Rio foi até o local, mas o contato foi dispensado. Assistentes sociais do Segurança Presente também estiveram no McDonald’s, mas teriam sido recebidas de “forma ríspida” e não conseguiram fazer o cadastro das mulheres.

Por telefone, uma delas afirmou que a situação “parecia mais complexa do que a narrativa sobre mãe e filha procurando um apartamento para alugar”. À assistente social, elas relataram que o marido de Bruna estava em Paris, na França, e que assim que ele voltasse, a família alugaria o imóvel. O homem, no entanto, nunca havia sido mencionado por nenhuma delas.

Já Nilson Mendonça, um ambulante que vende água de coco na mesma esquina e trabalhou em um hotel em Copacabana antes da pandemia, contou que Suzy e Bruna deram um calote no estabelecimento e saíram sem pagar, em 2022. Uma pessoa que trabalhou na gerência do hotel confirmou a história. Na época, a direção preferiu não denunciar o caso “para evitar exposição”.

Suzy e Bruna recusaram ajuda de moradores e do poder público. (Foto: Reprodução/ CBN)
Suzy e Bruna recusaram ajuda de moradores e do poder público. (Foto: Reprodução/ CBN)

Nilson ainda mencionou que elas chegaram a ser despejadas de uma casa na Cruzada São Sebastião, conjunto habitacional do Leblon onde ele vive. “Conheço elas pelo histórico [do local] onde eu trabalhei, um hotel em Copacabana. Elas se hospedaram lá e não pagaram a hospedagem, em 2022. Não aceitam ajuda, são bem ríspidas, não se abrem. Ficam andando na rua, peregrinando. Ficam para lá e para cá, e não tem um local fixo. Na Cruzada São Sebastião, saíram sem pagar aluguel”, narrou.

Após a repercussão do caso, há relatos de que as duas estão vagando pela cidade e já teriam passado uma temporada no Aeroporto Internacional Tom Jobim, o Galeão, e outra no parque Jardim de Alah, também no Leblon.

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