A Polícia Civil do Rio Grande do Sul iniciou as investigações do caso em que animais que estavam no subsolo de um pet shop localizado em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, morreram afogados durante enchente. A informação foi divulgada pelo O Globo nesta segunda-feira (20). A situação aconteceu na unidade da empresa Cobasi que fica no Shopping Praia de Belas, e foi denunciada pela ONG gaúcha Princípio Animal.
De acordo com a ONG, os bichos poderiam ter sido salvos se os profissionais tivessem transportado todos eles do subsolo do local para o mezanino, parte mais alta e que não foi atingida pela água. Entre os animais que morreram estavam aves, peixes e roedores. O inquérito apura crime de maus tratos.
A organização pediu à Justiça para que o estabelecimento apresente um documento que comprove quantos e quais animais existiam exatamente na loja. “Não temos nem como estimar quantos animais estavam ali. E esse é um dos nossos pedidos na Ação Civil Pública. Requeremos que a empresa nos diga quantos animais, as espécies, apresente laudo veterinário, responsável técnico etc.”, afirmou a advogada da ONG, Cícera de Fátima Silva.
A Princípio Animal consegui no domingo (19) uma liminar da Justiça para acessar a loja e ir até o local acompanhada da polícia e do Corpo de Bombeiros. Isso aconteceu após o pedido de coleta antecipada de provas. O acesso ao subsolo não foi permitido pelos militares por questões de segurança, já que a água ainda atinge altura de 1,80m neste ambiente.
Todavia, foi possível constatar durante a visita que a parte mais alta poderia ter servido de abrigo aos animais, já que estava intacta. “Nós queríamos entrar no local para sabermos se ainda havia algum animal vivo. A própria Cobasi emitiu a nota dizendo que estavam mortos, mas nós tínhamos esperança”, disse o diretor da ONG, Fernando Schell Pereira, que esteve no local.
“A loja fica no subsolo do shopping, mas tem um segundo andar, um mezanino. Os bombeiros não deixaram a gente descer à parte mais baixa, porque não tinha viabilidade, a água estava muito alta, mas foi constatado que nenhum animal sobreviveu. E o que nos revoltou ainda mais foi ver que a parte de cima estava intacta: local onde eles exibiam produtos e rações. Ou seja, os funcionários, o responsável, tiveram todo o tempo do mundo para colocar esses animais em segurança, mas eles permaneceram lá embaixo em suas gaiolas”, adicionou ele.
A delegada Samieh Saleh, da Delegacia do Meio Ambiente, ouviu nesta segunda-feira (20) depoimentos de responsáveis pela unidade da Cobasi, além dos funcionários envolvidos no ocorrido. Procurada pelo O Globo, a Cobasi emitiu uma nota na qual lamentou a morte dos animais. “A loja Cobasi Praia de Belas teve de ser deixada de forma emergencial, seguindo as orientações das autoridades locais”, iniciou.
“Foi garantido que os animais estivessem seguros e com o necessário para a sobrevivência até o retorno dos colaboradores, o que considerávamos ser breve. Mas a tragédia foi sem precedentes e, apesar das tentativas constantes da empresa nos últimos dias, não foi possível o acesso seguro à loja devido ao nível da água. É com pesar que a Cobasi comunica a perda das vidas dos animais que estavam no local”, declarou a empresa.
“A empresa seguirá atuando com as ONGs de proteção animal, da região e de todo o país, para salvar as vidas que pudermos, enquanto lamentamos aquelas que não pudemos salvar. Estamos sensibilizados com o que aconteceu na Loja Praia de Belas. A Cobasi está apurando as denúncias, e sentimos muito pelas perdas dos roedores e aves da nossa loja. E é com essa sensibilidade que a Cobasi segue ajudando o estado do RS sem medir esforços”, concluiu.
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