Pai de ex-cunhada de Djidja diz que resgatou filha de cárcere privado e expõe condições degradantes da casa; assista

Pai da vítima disse que filha não tomava nem banho no local e que virou dependente química

O pai da ex-cunhada de Djidja Cardoso afirmou que a filha, de 27 anos, tornou-se dependente química e foi salva de cárcere privado após a família procurar a polícia. Ela era companheira de Ademar Cardoso, irmão da ex-sinhazinha do Boi Garantido, que está preso. Em entrevista à Rede Amazônica nesta quarta-feira (5), o pai da jovem contou que ela foi resgatada em uma situação degradante da mesma casa onde Djidja foi encontrada morta, em Manaus.

O homem, que preferiu não se identificar, informou que a filha precisou ser internada para tratar a dependência pela cetamina. Ele acrescentou que, no auge do consumo da droga, ela passou a ser mantida em cárcere privado por Ademar. O rapaz é investigado pela Polícia Civil por suspeita de estuprar e causar aborto da ex-namorada.

Imagens obtidas pela filial da TV Globo mostraram a jovem com uma seringa na mão e deitada em uma cama, enquanto outra pessoa confirma que ela estava injetando a substância. “Ela ficava anestesiada, ficava fora de si. Não sabia quem era. Pra você ter uma ideia, ela se restringe até [de tomar] banho”, declarou o pai da moça.

A ex-cunhada de Djidja tem dois filhos, um de 4 anos e uma bebê de 8 meses. Segundo o pai, o primogênito presenciou a mãe sob o efeito da cetamina, e estava com ela em uma das vezes em que precisou de atendimento médico. “O menino de 4 anos sofre muito com a falta de atenção da mãe. Até em ver o estado da mãe, ele percebe. Ele já teve a ausência dela nos tratamentos anteriores. Ele está fazendo tratamento psicológico por causa disso. Ele se tornou um menino nervoso e ansioso”, relatou.

Ex-cunhada de Djidja Cardoso em atendimento médico após dependência em cetamina (Foto: Reprodução/JAM)

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O pai da vítima acrescentou que, em outubro do ano passado, a diarista que trabalhava na casa da família Cardoso teria entrado em contato com ele para alertar sobre a situação do casal e das crianças. Segundo a funcionária, eles viviam trancados há dias dentro da residência. Foi então ele e a esposa decidiram chamar a polícia para forçar a entrada no local.

“A patrulha se deslocou e o chefe da patrulha bateu na casa. Eles não queriam atender. Em conversas, o chefe da patrulha disse que se a mãe não pudesse falar, caracterizava o cárcere privado e depois do alerta alguém abriu a porta. O menino saiu para a rua e ela veio toda drogada, sem condições quase de andar. Saiu atrás do menino, cambaleando. Aí a patrulha pegou, jogou na viatura, chamou o Samu, levaram pro hospital Platão Araújo”, narrou o homem.

Atualmente, as crianças estão sob os cuidados dos avós. A filha mora com o pai, mas ainda não conseguiu se recuperar da dependência química. “Ela não reconhece que é dependente, ainda não chegou nesse estágio. Não sei nem se vai chegar no estágio de reconhecer, porque às vezes as pessoas acabam morrendo. Espero que os fatos que aconteceram recentemente seja motivo para ela se tocar e tomar uma atitude na vida dela. Filha única. É triste, resumindo, é muito triste. É um sentimento de fracasso”, concluiu o pai da jovem. Assista:

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Operação

Após a morte de Djidja Cardoso, a Polícia Civil deflagrou a Operação Mandrágora, que investiga a seita “Pai, Mãe, Vida”, supostamente liderada pela família dela. De acordo com o inquérito, eles forçavam os participantes a usarem a cetamina em rituais para alcançar uma falsa plenitude espiritual. A droga é usada como anestésico em procedimentos cirúrgicos, mas também causa efeitos alucinógenos. Ela é utilizada, principalmente, para a realização de cirurgias em animais de grande porte.

Conforme a corporação, as investigações sobre a existência da seita e a prática de crimes começaram há 40 dias, antes da morte da ex-sinhazinha. Nesse tempo, foi descoberto que o grupo obtinha a cetamina em uma clínica veterinária, sem qualquer tipo de receita ou controle, e distribuía entre os funcionários da rede de salões de beleza. O irmão e a mãe de Djidja, Cleusimar Cardoso, também são investigados por tráfico da substância.

Drogas apreendidas com a família de Djidja Cardoso, em Manaus. (Foto: Catiane Moura, da Rede Amazônica)
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