Pai suspeito de sequestrar a própria filha em SC se entrega à polícia, e surpreende ao revelar paradeiro

Anderson Rafael Hasse se entregou à polícia no Rio de Janeiro

Bianca Freitas de Hasse estava desaparecida há 15 dias. (Fotos: Reprodução / Instagram)
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O homem suspeito de sequestrar a própria filha de 8 anos em Santa Catarina foi preso na noite desta quinta-feira (20), após se entregar no posto policial da Rocinha, na Zona Sul do Rio de Janeiro. Segundo a Polícia Civil, Anderson Rafael Hasse ficou escondido na comunidade com a menina durante os 15 dias em que esteve foragido.

A prisão foi confirmada pela polícia de Santa Catarina, estado de onde o suspeito partiu com a criança, saindo de Ilhota, no Vale do Itajaí. A última vez que pai e filha haviam sido vistos foi em 1º de março. O desaparecimento, no entanto, só foi comunicado à polícia seis dias depois.

De acordo com o delegado Bruno Fernando Alves de Oliveira, a família da menina está a caminho do Rio de Janeiro nesta sexta (21), para buscá-la. Bianca Freitas de Hasse está bem e, até a chegada dos familiares, foi encaminhada a um abrigo.

Segundo as autoridades, Anderson Rafael permanecerá no Rio até ser transferido para um presídio em Santa Catarina. A mudança será solicitada pela Polícia Civil, e deve ocorrer após a audiência de custódia marcada para esta sexta-feira. “Estava homiziado [fugindo da Justiça] na Rocinha e decidiu por bem entregar a criança para se defender da melhor forma”, afirmou o delegado ao Encontro, da TV Globo. O suspeito estava com um mandado de prisão em aberto desde 14 de março e responderá por sequestro e cárcere privado.

Anderson Rafael Hasse é acusado de sequestro e cárcere privado. (Foto: Reprodução/Redes Sociais)

A polícia ainda investiga como o suspeito se manteve escondido durante esse período. Não há informações sobre se ele alugou um imóvel na comunidade ou se ficou na casa de conhecidos.

Investigação aponta planejamento prévio

As investigações indicam que pai planejou a fuga com a filha cerca de três meses antes, depois de perder a guarda da menina. O suspeito afirmava acreditar que a criança havia sido vítima de abuso sexual por um familiar, caso que também está sob investigação da polícia.

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Testemunhas, entre amigos e familiares, relataram à polícia que duvidavam que ele realmente fosse levar adiante o plano. “Esses fatos já vinham sendo apurados em um inquérito paralelo e estamos aguardando manifestação do juízo, sobre o suposto abuso. Só que o Anderson acabou fazendo o que fez acreditando que não estava no tempo que ele achava necessário. Ele disse que teria provas de que a família estaria maltratando a criança e em razão da repercussão do caso decidiu se entregar, estava homiziado na Rocinha”, disse o delegado Bruno Fernando.

O desaparecimento

Pai e filha foram vistos pela última vez no Morro do Baú, em Ilhota. Eles chegaram ao local de carro por um motorista de aplicativo, levando várias malas e instrumentos musicais. Anderson afirmou ao condutor que um amigo viria buscá-los para seguirem até Blumenau. De lá, ele viajaria com colegas de trabalho para Piratuba, no Oeste de Santa Catarina, onde passariam o feriado de Carnaval. Os colegas, no entanto, negaram que tenham programado o passeio, conforme a Polícia Civil.

Pai e filha foram vistos pela última vez com malas e instrumentos musicais. (Foto: Reprodução / Instagram)
Pai e filha foram vistos pela última vez com malas e instrumentos musicais. (Foto: Reprodução / Instagram)

Motivações e alienação parental

A investigação revelou que Anderson vendeu seu carro, instrumentos musicais e realizou um empréstimo bancário para financiar a fuga. No total, ele arrecadou mais de R$ 60 mil, valor retirado de suas contas bancárias antes de desaparecer.

Além do planejamento da fuga, ele também praticava alienação parental contra a mãe da menina, estratégia usada para afastar a criança da família materna. Esse comportamento, segundo a polícia, foi um dos fatores que resultaram na perda da guarda. “A família da mãe conseguiu demonstrar que ele vinha alienando a criança, e houve a alteração da guarda. Quando muda-se a guarda, os familiares maternos tomam conhecimento desses supostos abusos. Acreditam que tudo não passa de uma invenção do Anderson em razão da perda da guarda”, explicou o delegado.

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Mãe relatou angústia

Mariane de Freitas, mãe da criança, contou que percebeu mudanças no comportamento do suspeito após a separação e afirmou que ele tinha uma “obsessão” pela filha. Mariane disse que chegou a alertar conhecidos sobre os temores em relação ao ex-companheiro: “Falei que tinha medo ou de ele sumir com a Bianca, ou de ele acabar fazendo alguma coisa para mim. Ele estava muito quieto [nas semanas que antecederam o desaparecimento], e realmente o meu medo tinha sentido, não era loucura da minha cabeça”.

Mariane afirmou que o homem tem uma “obsessão” pela filha. (Foto: Reprodução / TV Globo)
Mariane afirmou que o homem tem uma “obsessão” pela filha. (Foto: Reprodução / TV Globo)

Ao matinal, Mariane também contou que a filha já havia percebido as atitudes do pai. “Ele tinha uma manipulação gigante em cima dela e ela tadinha, é uma amada. E ela é muito meiga, não quer magoar ninguém e entra nessa muito fácil. Ela já vinha percebendo algumas coisas do pai, comentava comigo, mas ela é uma criança, não tinha muito o que a gente fazer”, concluiu.

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