Pais acusam creche de dopar menino autista de 2 anos no RJ, mostram vídeo e revelam exame

Laís e Luiz revelaram que os exames apontaram 0,18 miligramas de Zolpidem no organismo da criança

Os pais de um menino com transtorno do espectro autista, de 2 anos, denunciam que o filho foi dopado, com um sedativo de uso controlado, dentro do Espaço de Desenvolvimento Infantil René Biscaia, localizado em Cosmos, Zona Oeste do Rio de Janeiro. A família percebeu que a criança apresentou um comportamento estranho no dia 16 de junho, entretanto, o caso só foi noticiado nesta segunda-feira (24).

Em entrevista ao “RJ2”, da TV Globo, Laís Torres de Almeida explicou que o filho não conseguia andar normalmente ou segurar a mamadeira após retornar da creche. “Como de costume, eu sempre abaixo e abro os meus braços para poder recebê-lo correndo. Aí a professora o colocou no chão para ele tentar correr e vir até mim, e automaticamente ele caiu“, descreveu.

Ela ressaltou que o menino anda e brinca normalmente, e tem apenas atraso na fala. O cansaço incomum e a falta de coordenação motora também continuaram em casa. “Ele tentou pegar a mamadeirinha dele, com muita dificuldade, e levou até a boca, mas tropeçando a todo tempo e caindo a toda hora“, acrescentou Luiz Felipe dos Santos, pai do garoto. Assista:

Preocupados, eles levaram a criança para a emergência do Hospital Municipal Rocha Faria, e perceberam que, no caminho, ela chegou a ficar desacordada. “Foram os piores 20 minutos, porque o médico disse para mim: ‘Se em 20 minutos ele não voltar, a gente entuba. Se ele voltar, significa que ele foi dopado. E aí a medicação está cortando o efeito’“, explicou Laís.

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Na unidade de saúde, o menino recebeu uma lavagem estomacal e a medicação adequada. Cerca de 30 minutos depois, ele reagiu. Segundo a família, o médico teria sugerido que eles procurassem a polícia porque os exames indicavam que o garoto teria sido realmente dopado. No boletim médico, a situação foi classificada como intoxicação aguda.

No documento obtido pela emissora também consta que a criança apresentava sonolência, transtornos mentais e comportamentais devidos ao uso de sedativos e hipnóticos. O caso foi registrado na 35ª DP (Campo Grande), no entanto, segundo os pais, a Polícia Civil não pediu nenhum exame toxicológico. Por isso, eles fizeram em uma clínica particular, que encontrou 0,18 miligramas de Zolpidem, indicado no tratamento de insônia, no organismo do garoto.

Pais do menino relataram os sintomas e o levaram ao hospital. (Foto: Reprodução/TV Globo)

O filho de Laís e Luiz precisou de dois dias para voltar ao estado normal. “Ele nunca teve nenhum tipo de crise, ele não bate, ele não agride“, afirmou a mãe. Nesta segunda, eles foram na 10ª Coordenadoria Regional de Educação, em Santa Cruz, para tentar uma recolocação do menino em outra unidade.

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O pai da criança também fez um alerta sobre o Transtorno do Espectro Autista (TEA). “O autismo não é para o pobre no Brasil. Para a gente, tudo é muito difícil. Tudo é com muita briga, tudo tem que ter discussão, justiça“, desabafou. Na reportagem do “RJ2”, o neuropediatra Eduardo Jorge da Fonseca também falou sobre os riscos do medicamento em uma criança.

O Zolpidem é um indutor do sono. É um medicamento que tem que ser prescrita sob a orientação médica. Isso é muito importante. E esse tipo de medicação precisa de prescrição pela possibilidade de induzir alergias ou mesmo distúrbios de condutas e algumas reações adversas. É um tipo de medicação que, em qualquer faixa etária, tem que ser usado com uma parcimônia muito grande e com orientação“, informou.

A Secretaria Municipal do Rio instaurou uma sindicância e afirmou estar colaborando com as investigações da Polícia Civil. O órgão também garantiu que, assim que soube do caso, procurou a família e atendeu “prontamente” ao pedido de transferência do aluno. Não foi informada qual providência será tomada em relação à equipe da creche em Cosmos.

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