Peeling de fenol: Polícia investiga farmacêutica que vendeu curso feito por Natalia Becker, e profissional aponta erros da influencer; assista

Em comunicado, Daniele Stuart afirmou que a influenciadora não seguiu o que foi ensinado no curso online ministrado por ela

A Polícia Civil do Paraná investiga a farmacêutica Daniele Stuart, por suspeita de vender um curso online de aplicação de peeling de fenol à influencer Natalia Becker. A Delegacia de Repressão aos Crimes Contra a Saúde (Decrisa), em Curitiba, é a responsável pelo caso e vai apurar se a profissional cometeu exercício ilegal da medicina.

A PCPR tomou conhecimento dos fatos nesta quarta-feira (12), e abriu a investigação após um pedido da Polícia Civil de São Paulo. Daniele, dona da clínica Neo Stuart em Curitiba, teria vendido o curso para ao menos 1.100 estudantes matriculados. O material ficou fora do ar após a repercussão da morte do empresário Henrique da Silva Chagas, no dia 3 de junho, ao realizar ao procedimento estético na clínica de Natalia.

Segundo Eduardo Luis Ferreira, delegado titular do 27º Distrito Policial (DP), Campo Belo, o Conselho Federal de Medicina (CFM) informou que somente médicos dermatologistas podem realizar o peeling de fenol, por ser considerado invasivo. “A gente vai extrair cópia do inquérito policial e enviar para a polícia do Paraná investigar a suspeita de que Daniele possa ter cometido exercício ilegal da medicina por ensinar como fazer peeling de fenol. Esse curso online extrapola a questão do ato médico. Está bem definido que esse tipo de procedimento é um ato médico”, declarou ao g1.

Em seu interrogatório à polícia paulista, Becker disse ter aprendido a aplicar o fenol após comprar o curso com a farmacêutica no ano passado, por aproximadamente R$ 500. No entanto, a defesa de Daniele afirmou que ela nunca teve contato com a influenciadora. O advogado dela, Jeffrey Chiquini, explicou que o curso ministrado por sua cliente é “online e exclusivamente conceitual” e que não tem caráter profissionalizante.

“A doutora Daniela é habilitada para atuar na área, ela é especialista na área. A questão é que é muito injusto, irresponsável, precipitado, tentar vincular a imagem da doutora Daniela com este caso. Não há nexo causal algum entre o curso da doutora Daniela com a morte daquela vítima”, declarou Chiquini em comunicado à imprensa. Assista:

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Farmacêutica se pronuncia

Segundo Stuart, Natalia não tinha “formação alguma” para realizar o procedimento. Ela acrescentou que a influencer não cumpriu o protocolo de fenol ministrado por ela. Em um vídeo publicado na noite desta terça-feira (11), Daniele mostrou um print veiculado na imprensa que mostra a vítima, Henrique Chagas, com a pele lesionada. A profissional, então, acusou Becker de “não seguir corretamente a aplicação” que seria demonstrada no curso.

“Há evidências de que Natália lesionou a pele do paciente antes da aplicação do peeling e qualquer profissional habilitado na área da estética sabe que não se faz nada em pele que não esteja íntegra! Natália não tinha senso, conhecimento e formação nenhuma para realização de tal procedimento”, escreveu a farmacêutica em um post no Instagram.

Daniele também informou que a influenciadora causou lesões na vítima que aumentaram “ainda mais a absorção do fenol”. “Outra evidência de que a influenciadora não utiliza o meu protocolo é essa foto, em que ela retira uma máscara plástica [do rosto de outra cliente] na qual eu desconheço essa formulação, e ela fez em uma influencer. Deve ser aplicado um selante, em forma de creme e macio, para que seja fácil a remoção mecânica do mesmo”, explicou. Confira:

Natalia Becker após prestar depoimento à Polícia Civil. (Foto: Reprodução/ TV Globo)

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Conselho Regional de Farmácia apura conduta de Daniele

Em nota ao UOL, o Conselho Regional de Farmácia do Estado do Paraná (CRF-PR) informou que irá apurar a conduta de Daniele. O órgão disse que tem ciência das alegações de Natalia sobre se “qualificar” por meio do curso online, e abrirá um procedimento administrativo disciplinar contra a farmacêutica.

“É de extrema importância para a instituição e para a sociedade esclarecer os fatos e garantir a integridade e a ética no exercício da profissão farmacêutica. O CRF-PR reforça seu compromisso com a transparência, a ética e a regulamentação adequada da prática farmacêutica, sempre priorizando a segurança e o bem-estar da população”, pontuou o texto.

O Conselho ainda confirmou que Stuart é graduada em farmácia e que está com registro ativo. O órgão esclareceu que os farmacêuticos não têm impedimento para ofertar cursos livres, assim como outros profissionais da saúde. Porém, ressaltou que esses materiais não são de habilitação profissional, mas, sim, de atualização. “Apenas podem atuar na área da saúde pessoas com formação específica para o respectivo exercício de cada uma de suas profissões”, completou o CRF-PR.

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