Perícia revela substância encontrada no sangue de três pessoas que comeram bolo no RS

Vítimas morrem em intervalo de poucos minutos após comerem o bolo em uma reunião de família, na segunda-feira (23)

Os resultados das primeiras análises laboratoriais, coletadas pelo Hospital Nossa Senhora dos Navegantes, indicaram que a possível causa da morte de três pessoas da mesma família em Torres, no Rio Grande do Sul, foi por envenenamento. Os testes constataram a presença de arsênio no sangue de uma das vítimas e dos dois sobreviventes que comeram o bolo em uma confraternização familiar, na segunda-feira (23).

Foram feitos exames na mulher que preparou o bolo, no sobrinho-neto dela – uma criança de 10 anos – e de Neuza Denize Silva dos Anjos, que faleceu. A tia e o menino permanecem hospitalizados e estão “clinicamente estáveis”, conforme boletim médico divulgado na manhã desta sexta-feira (27).

O delegado Marcos Vinícius Veloso, que conduz as investigações, também confirmou a informação à RBS TV. “O próprio hospital levou o material para o Centro de Informação Toxicológica. Nesse centro, foi constatado arsênio no sangue de duas vítimas que sobreviveram, que estão no hospital ainda, e de uma mulher que morreu, a dona Neuza”, explicou.

Outra duas pessoas também vieram a óbito com intervalo de algumas horas. Tatiana Denize Silva dos Santos e Maida Berenice Flores da Silva tiveram parada cardiorrespiratória, segundo o hospital. Já Neuza sofreu um “choque pós intoxicação alimentar”.

Perícia encontrou arsênio no sangue das vítimas que comeram o bolo (Foto: Reprodução/ g1)

Veloso contou, ainda, que a mulher que fez o bolo foi a única pessoa da casa a comer duas fatias. Logo, a maior concentração da substância altamente tóxica foi encontrada no sangue dela. A polícia apura as hipóteses de envenenamento ou intoxicação alimentar.

O que é o arsênio?

De acordo com André Valle de Bairros, professor de Toxicologia da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), a substância é o elemento químico, enquanto arsênico é denominado para o composto trióxido de arsênio. Ele ressaltou que é proibido comercializá-lo no Brasil como raticida e o uso como agente quimioterápico é restrito.

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“O arsênio é um elemento de alta toxicidade conhecida pela humanidade e sempre houve um certo temor. Há locais no globo terrestre ricos em arsênio, e isso contamina fontes de água. Mas é algo que precisa ser muito investigado. Há literatura científica, e de fato, há essa contaminação em leite, carne e frutas, porém, o fato de estar expostos a concentrações maiores de arsênio não significa necessariamente uma intoxicação”, explicou o especialista.

“O arsênico trata-se da forma mais tóxica. A partir de 100 mg é possível a morte de um indivíduo adulto. Geralmente, o arsênico está na forma de pó e não tem cheiro ou gosto. Apesar de ter sido usado como raticida, esta droga pode ser empregada para fins de tratamento oncológico em pacientes com leucemia promielocítica aguda e é comercializada como Trisenox”, concluiu.

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