Na tarde dessa segunda-feira (7), a Polícia Civil apreendeu um crânio humano durante a fiscalização de um ônibus na Rodovia Castello Branco, próximo à cidade de Itu, São Paulo. O resto mortal estava guardado na bagagem de mão de um passageiro boliviano, que foi encaminhado ao 4° Distrito Policial de Itu.
Às autoridades, o viajante explicou que o crânio pertencia ao irmão mais velho dele, morto na Argentina. O corpo então foi cremado e a ossada da cabeça foi guardada por uma questão de costume cultural e familiar. O rapaz disse ainda que pretendia levar o crânio para São Paulo, local onde mora.
O boliviano foi autuado pelo crime do artigo 17, da Lei 9434/97, que considera ilegal o transporte ou recolhimento de partes do corpo humano, sem previamente informar a procedência do mesmo. A ossada foi apreendida e deve passar por uma perícia técnica.
A história passou a ganhar vulto nas redes quando uma das passageiras publicou um relato mencionando o susto que levou, ao saber que seu ônibus de viagem passaria por fiscalização da polícia. Um vídeo do momento de apreensão dos restos mortais também foi compartilhado por ela. Veja:
https://twitter.com/MidiasSo/status/1402292819914526730?s=20
O caso repercutiu na web e levantou questões sobre xenofobia. De fato, existe um ritual religioso na Bolívia chamado de “ñatitas”, que consiste em decorar crânios humanos com toucas, coroas de flor, chapéus e outros adereços, como forma de homenagear aqueles que partiram. Orações, cantigas e danças em torno da ossada também são gestos comuns. Devotos atribuem poderes milagrosos às caveiras, como capacidade de se comunicar com os vivos através de sonhos.
imigrantes tem direito à liberdade religiosa, tem direito ao acesso e manutenção de sua ancestralidade. Não to dizendo q n deveriam existir procedimentos entre as nações (e que regulação desse tipo de transporte n seja um deles) mas PRENDER alguém por seu credo é totalmente fora.
— juriti pupu (@ojuriti) June 8, 2021