O adolescente de 16 anos que matou os pais adotivos e a irmã ficou surpreso quando foi informado que seria apreendido, de acordo com informações da Polícia Civil. O crime ocorreu dentro da casa onde a família morava, na Zona Oeste de São Paulo.
Segundo o delegado Roberto Afonso, responsável pela investigação, o jovem ficou assustado, mas não demonstrou arrependimento. “Ele tomou um susto. Foi uma surpresa pra ele na hora que foi falado: ‘você vai ser preso’. Ele se espantou com isso. A gente não sabe se ele estava fora da realidade com relação à apreensão ou pode ser que ele tenha considerado que é um adolescente. A gente vai estar analisando lá na frente“, afirmou ao g1.
O menor afirmou ter matado os familiares na sexta-feira (17) e contou ter convivido com os cadáveres dentro de casa durante todo o final de semana. Em depoimento, o garoto demonstrou frieza e falou com naturalidade sobre como teria atacado os familiares. Questionado, ele disse não estar arrependido e afirmou que, se fosse possível, “faria tudo novamente”. Ele também contou que já havia pensado em matar os pais anteriormente e que decidiu colocar o plano em prática após eles “confiscarem” seu aparelho celular.
O delegado ainda comentou sobre a frieza do menino: “É um caso que sempre choca, né? Você tem familiares que foram assassinados por um outro familiar. É um homicídio intrafamiliar. Sempre chama atenção a frieza, porque são familiares. Matou três familiares e tem espaçamento de tempo. As questões vamos levantar e mais pra frente vamos traçar um perfil do garoto”.
Segundo Afonso, o garoto deve ser submetido a uma avaliação psicológica. “Ele fica esse tempo apreendido na Fundação Casa. O Ministério Público, titular da ação penal, vai estabelecer a necessidade de rigidez mental para saber se ele estava em sã consciência. Isso tudo tem que ser analisado e o MP fará isso aí. Vamos aguardar o laudo“, completou.
O crime
O adolescente foi apreendido, na madrugada desta segunda-feira (20), após assassinar o pai, a mãe e a irmã adotivos na Vila Jaguara, Zona Oeste de São Paulo. O próprio menor ligou para a polícia e confessou o crime. Em seu depoimento, ele disse que matou os pais após ser chamado de “vagabundo” e ter o celular retirado para fazer um trabalho de escola.
De acordo com o boletim de ocorrência, ao qual o g1 teve acesso, o adolescente chamou as autoridades na noite de domingo (19) e afirmou que havia matado seus familiares, dentro da própria casa, usando a arma de fogo do pai, que trabalhava na Guarda Civil Metropolitana de Jundiaí, no interior do estado paulista. Os corpos de Isac Tavares Santos, de 57 anos, Solange Aparecida Gomes, de 50 anos, e Letícia Gomes Santos, de 16 anos, estavam com marcas de tiros efetuados por uma pistola e já estavam em processo de decomposição.
Localizado na mesa da sala, o revólver usado no crime ainda estava municiado e com um cartucho íntegro. Próximo ao corpo de Letícia ainda havia uma cápsula deflagrada de arma de de fogo. O material também foi aprendido. Na delegacia, o adolescente afirmou que sempre teve desentendimentos com os pais adotivos.
Segundo o boletim de ocorrência, ele declarou que, na quinta (16), os pais “o teriam chamado de vagabundo, tiraram seu celular e, não podendo usar o aparelho para fazer uma apresentação da escola, planejou a morte“. O menor revelou, ainda, que sabia onde o pai escondia a arma e testou a pistola momentos antes de praticar o crime.
No dia seguinte, ele atirou contra o pai, de costas, na cozinha da casa. A irmã ouviu o disparo e se dirigiu até o cômodo, onde foi baleada no rosto. O adolescente contou que foi para a academia após matar os dois. Ao retornar, ele esperou pela mãe e a matou assim que ela viu os corpos do marido e da filha.
O menor também colocou uma faca no corpo da vítima no dia seguinte. O caso foi registrado como ato infracional por homicídio, feminicídio, posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito e vilipêndio de cadáver. O adolescente deverá ser levado para a Fundação Centro de Atendimento Socioeducativo ao Adolescente, conhecida como Fundação CASA.
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