Polícia faz descoberta sobre sangue encontrado no carro de empresário morto no Autódromo de Interlagos

Adalberto desapareceu no dia 30 de maio, após participar de um evento sobre motociclismo

A Polícia Civil confirmou nesta quinta-feira (19) que o sangue encontrado no carro do empresário Adalberto Amarildo Júnior, morto no Autódromo de Interlagos, em São Paulo, pertence a ele e também a uma mulher que ainda não foi identificada. De acordo com as autoridades, os investigadores solicitaram a comparação do DNA com o da esposa da vítima.

“As investigações do caso seguem pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). O laudo do DNA realizado no sangue encontrado no carro da vítima foi parcialmente concluído, confirmando ser do empresário e um perfil feminino, ainda não identificado. Outros exames e demais coletas estão sendo feitas visando à devida elucidação dos fatos. Demais detalhes serão preservados devido ao segredo de Justiça imposto”, afirmou a Secretaria da Segurança Pública, ao g1.

No entanto, a polícia avalia que as manchas de sangue podem não ter relação direta com a morte do empresário, já que é possível que estivessem no veículo anteriormente. Ainda assim, os peritos apontam que essas marcas são recentes e, por isso, não foi necessário o uso de luminol.

As manchas de sangue encontradas no carro de empresário. (Foto: Reprodução/ Instagram)

Outro elemento que pode ajudar na investigação é um laudo do Instituto Médico Legal (IML), que analisa resíduos encontrados embaixo das unhas da vítima. A expectativa é que esse exame possa fornecer novas pistas sobre o crime.

A polícia também analisa imagens de câmeras de segurança e investiga se seguranças, vendedores ou frequentadores do autódromo têm alguma relação com o homicídio de Adalberto.

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O empresário, que tinha 35 anos, era casado e dono de uma rede de óticas. Ele desapareceu no dia 30 de maio, após ir a um festival de motos no Autódromo de Interlagos. O corpo foi localizado no dia 3 de junho, dentro de um buraco de três metros de profundidade e 70 centímetros de diâmetro, por um funcionário da obra que acontecia no local.

Uma das linhas de investigação conduzidas pelo DHPP aponta que o empresário pode ter sido colocado no buraco propositalmente. No momento em que foi encontrado, ele estava sem calça e sem tênis.

“Morte sofrida, lenta”, diz delegado

Um laudo da Polícia Técnico-Científica, divulgado na terça-feira (17), confirmou que Adalberto foi morto por asfixia, de forma violenta. “Foi uma morte sofrida mesmo, lenta”, afirmou o delegado Osvaldo Nico Gonçalves, secretário-executivo da Segurança Pública (SSP).

A diretora do DHPP, delegada Ivalda Aleixo, acrescentou que peritos que atuaram no caso explicaram que foi “uma morte agonizante, lenta, que ele podia estar desmaiado, tentando respirar, mas ele acabou falecendo”.

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A investigação trabalha com duas possibilidades sobre a asfixia: se ela foi causada por esganadura, quando há pressão direta no pescoço, ou por compressão torácica, como se alguém tivesse pressionado o tórax da vítima com o joelho. Isso porque foram encontradas escoriações no pescoço de Adalberto, que podem indicar esganadura.

Corpo foi encontrado em buraco no autódromo (Foto: Reprodução/TV Globo)

Seguranças investigados

Entre os 180 seguranças que atuaram no evento, 100 já foram descartados como suspeitos. A polícia analisou dados dos celulares desses profissionais e confirmou que eles não estavam no local do crime na hora da morte. Parte desse grupo também prestou depoimento.

O laudo do IML também descartou qualquer sinal de violência sexual ou lesões traumáticas no corpo do empresário. Contudo, os peritos identificaram que os joelhos de Adalberto tinham ferimentos compatíveis com machucados feitos quando ele ainda estava vivo. Para os investigadores, isso pode indicar que ele foi forçado a se ajoelhar ou que foi arrastado antes de morrer.

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Rafael Aliste, amigo de Adalberto que esteve com ele no evento, prestou depoimento à polícia. Ele contou que os dois consumiram oito cervejas e também fumaram maconha, e que o empresário estaria “alterado” no dia do desaparecimento. No entanto, os exames periciais não encontraram vestígios de álcool ou drogas no organismo de Adalberto.

Apesar disso, os policiais explicam que o fato tem uma justificativa técnica. Quando os testes foram realizados, já havia se passado um tempo suficiente para que essas substâncias fossem naturalmente eliminadas do organismo. A investigação, no entanto, confirmou que eles consumiram bebidas alcoólicas, cruzando informações com as comandas do evento e registros de débitos bancários dos dois. A polícia não considera Rafael como suspeito. Ele é tratado como testemunha e tem colaborado com a apuração.

A vítima desapareceu no dia 30 de maio. (Foto: Reprodução/ Instagram)

Outro laudo que está em andamento é o do local onde o corpo foi encontrado. O documento está sendo elaborado pelo Instituto de Criminalística (IC) e terá como objetivo traçar um mapa detalhado da área, indicando o caminho feito do estacionamento até o buraco em que a vítima foi localizada.

A partir dos depoimentos, os investigadores irão construir um croqui em 3D, utilizando a técnica de espelhamento, para tentar reconstituir os últimos passos de Adalberto, desde sua movimentação no evento, a localização do carro e o trajeto até o local onde foi encontrado morto.

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