A Polícia Civil do Rio Grande do Sul indiciou sete funcionários da rede de petshops Cobasi, além de dois CNPJs da empresa. Cerca de 200 animais que estavam à venda morreram durante as enchentes que atingiram Porto Alegre, em maio. Os investigadores concluíram que há indícios de crimes de maus-tratos e de causar de dor e sofrimento a animais, conforme previsto na Lei de Crimes Ambientais.
Os estabelecimentos ficam localizados no Shopping Praia de Belas e na Avenida Brasil. O inquérito narra que, no dia 11 de maio, socorristas voluntários entraram na loja da Avenida Brasil após uma denúncia de que vários animais teriam sido deixados para trás por funcionários, no início da inundação na cidade. Na ocasião, vários pets foram resgatados e entregues a responsáveis pelo estabelecimento, que os remanejaram para outra unidade. Mas alguns, segundo apurou a polícia, não resistiram “aos vários dias isolados” e morreram.
O caso mais grave, da loja do Shopping Praia de Belas, tem 175 mortes estimadas. Entre os animais mortos, há aves, peixes e roedores. O caso foi descoberto e denunciado pela ONG Princípio Animal. De acordo com a ONG, os bichos poderiam ter sido salvos se os profissionais tivessem transportado todos eles do subsolo do local para o mezanino, parte mais alta e que não foi atingida pela água.
A delegada Samieh Saleh afirmou ao g1, na ocasião da perícia, que foi constatado que ao contrário dos animais, vários equipamentos eletrônicos da loja do Shopping foram salvos e colocados no mezanino. “Nós aproveitamos a vistoria para verificarmos a fio a questão dos aparelhos eletrônicos, porque havia esse boato, de que eles teriam retirado os aparelhos, mas não salvaram os animais. Hoje, conseguimos confirmar isso. Os quatro CPUs dos caixas de pagamento que ficavam lá embaixo, além de várias máquinas de cartão, estavam todos no andar superior num carrinho de compras. Subiram com os materiais, mas deixaram os animais lá“, contou a delegada.
Empresa manifesta “indignação”
A Cobasi afirmou, em comunicado enviado ao g1, ter recebido o indiciamento de seus colaboradores com “completa indignação”. “A defesa da Cobasi acredita que, a despeito da repercussão midiática que o lamentável episódio ganhou, seu desfecho não virá a partir de contorcionismos jurídicos e conclusões levianas”, diz a nota.
Leia a íntegra:
“A defesa da Cobasi manifesta sua completa indignação com qualquer fala que indique a possibilidade de que, ao final das exaustivas investigações, a autoridade policial venha a proceder ao formal indiciamento de qualquer de seus colaboradores.
A equipe da loja localizada no shopping Praia de Belas —assim como toda a população e autoridades do RS —, foi surpreendida por um evento da natureza de proporções imponderáveis, estado de coisas que, por si só, já tornaria incogitável que a causa da morte dos animais da loja possa ser distorcida para uma acusação de crime doloso que demandaria, inclusive, requintes de crueldade em sua configuração.
É lamentável que em torno desse capítulo da tragédia, que afetou impiedosamente todo o povo gaúcho, esteja sendo construída uma narrativa famigerada e inverídica. Por fim, causa espécie que se venha ignorando por completo as iniciativas tomadas pela administração do shopping Praia de Belas no endereçamento da situação, proibindo o ingresso de funcionários da Cobasi nas suas dependências, ao mesmo tempo em que emitia repetidos comunicados aos lojistas, informando-os que a situação encontrava-se administrada.
A defesa da Cobasi acredita que, a despeito da repercussão midiática que o lamentável episódio ganhou, seu desfecho não virá a partir de contorcionismos jurídicos e conclusões levianas”.
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