Polícia prende médico suspeito de manter paciente em cárcere privado por 2 meses em hospital do RJ

Bolivar Guerrero Silva foi detido no centro cirúrgico do hospital, na Baixada Fluminense, e já responde há mais de 19 processos criminais

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Policiais da Delegacia de Atendimento à Mulher de Duque de Caxias (Deam-Caxias), no Rio de Janeiro, prenderam nesta segunda-feira (18) o cirurgião plástico Bolívar Guerrero Silva, suspeito de manter uma paciente em cárcere privado em um hospital particular na Baixada Fluminense. De acordo com o G1, os agentes também foram até a unidade para resgatar a vítima.

À polícia, a família falou que o médico mantinha a mulher presa no local há cerca de dois meses, desde que ela fez um procedimento estético na barriga que deu errado. Em março, a mulher fez uma abdominoplastia e, em junho, precisou voltar à unidade de saúde para passar por outras três intervenções. Os parentes ainda contaram que a cirurgia teve complicações, a ponto da barriga dela ter necrosado.

Os investigadores descobriram que, além de fazer cirurgias, o médico também é um dos administradores da unidade particular. Quando a denúncia foi feita pela tia da vítima, os policiais pediram ao hospital o prontuário e o relatório médico sobre o caso da paciente, mas a documentação não foi enviada.

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A polícia repassou um celular para a vítima na sexta-feira (15). Ao jornal GLOBO, a delegada Fernanda Fernandes, titular da Deam-Caxias, revelou que, quando os agentes ligaram, a mulher fez um apelo desesperada. “Doutora, pelo amor de Deus, me tira daqui”, foram as palavras dela, segundo Fernandes. “Esse apelo fez com que a gente se preocupasse. Além disso, o que chamou a atenção foi a negativa da unidade em fornecer o prontuário médico”, disse a delegada.

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Momento da prisão do médico suspeito de manter paciente em cárcere privado no RJ. (Foto: Reprodução/ TV Globo)

Os agentes foram até o hospital e, ao chegar lá, foram recepcionados pela advogada da unidade médica. Na ocasião, ela alegou que eles não poderiam falar com a vítima porque ela estava sedada. Mesmo assim, eles entram e localizaram a mulher, que chorava muito. A polícia fez fotos para comprovar o estado de saúde. Com isso, foi solicitado à Justiça a prisão do médico e da pessoa à frente da administração do local. “A situação que encontramos a vítima também nos preocupou muito, e por isso deliberamos pela prisão”, contou Fernandes.

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De acordo com GLOBO, Bolivar responde a pelo menos 19 processos e já foi preso por integrar um grupo criminoso acusado de comercializar ou aplicar medicamentos sem registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Em dezembro de 2020, uma operação da Delegacia de Repressão aos Crimes Contra a Saúde Pública (DRCCSP) apontou que havia uma grande quantidade de Botox com o grupo. O material custava cerca de R$ 1 mil no mercado formal, mas os criminosos importavam da China e saía por R$ 450.

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Bolívar Guerrero Silva já responde há pelo menos 19 processos, diz jornal. (Foto: Reprodução/ TV Globo)

Outros casos parecidos envolvendo o mesmo médico também estão sendo investigados pela polícia. Em uma publicação feita através das redes sociais, a equipe que trabalha com o cirurgião negou o envolvimento do Bolívar. Os profissionais ainda revelaram que ele concordou em liberar a paciente, desde que ela assinasse um documento se responsabilizando por qualquer problema.

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“O dr. Bolivar foi prestar um depoimento na delegacia. Ele não estava mantendo paciente nenhuma em cárcere privado. Ela estava fazendo curativo e sendo assistida no hospital dele por ele. Porém ela queria ser liberada sem ter terminado o tratamento e ele como médico seria imprudente de liberá-la. Ele disse que poderia liberá-la se ela assinasse a alta à revelia (documento ao qual a paciente se responsabiliza por qualquer coisa que acontecer após sua liberação) e ela não quis assinar. Ele disse que liberaria somente se ela assinasse. Como ela não assinou, ele não liberava. O intuito dele é prestar toda assistência à paciente até ela está recuperada”, afirmava um dos trechos.