Polícia revela o que empresário preso por matar gari em MG pediu à esposa após o crime

Vídeos também mostraram Renê da Silva Nogueira Júnior atirando com outras armas

Empresário Renê Júnior foi preso após matar o gari Laudemir Fernandes em BH. Ele pediu à esposa, a delegada Ana Paula Lamego, que trocasse a arma usada no crime. A Polícia Civil recuperou mensagens e vídeos que mostram Renê ostentando armas. Ele foi indiciado por homicídio qualificado; Ana Paula, por porte ilegal.

Uma troca de mensagens mostrou o empresário Renê da Silva Nogueira Júnior pedindo à esposa, a delegada Ana Paula Lamego Balbino, que entregasse uma arma diferente da usada no assassinato do gari Laudemir de Souza Fernandes. A conversa entre os dois foi recuperada pela Polícia Civil de Minas Gerais e divulgada pelo portal g1 nesta quarta-feira (3).

De acordo com as autoridades, antes de ser levado à delegacia, Renê enviou um áudio para Ana Paula, dizendo que estava no estacionamento e havia sido abordado por policiais. Já no distrito policial, ele mandou uma nova mensagem, pedindo que ela entregasse uma pistola 9 milímetros, e não a arma que atingiu Laudemir, uma pistola calibre 380.

Entrega a nove milímetros. Não pega a outra. A nove milímetros não tem nada“, escreveu. Antes de admitir o crime, Renê tentou negar o envolvimento à esposa. “Estava no lugar errado, na hora errada. Amor, eu não fiz nada“, disse ele, na última mensagem enviada para Ana Paula.

De acordo com o inquérito, a delegada não respondeu às mensagens, tampouco concordou com o pedido do marido. Durante o depoimento à polícia, o empresário mentiu sobre a arma, já que ele fazia uso recorrente com o consentimento da esposa.

Mensagens foram divulgadas pela Polícia Civil de Minas Gerais. (Foto: Reprodução/g1)

Vídeos divulgados pelo g1 também mostram que o empresário tinha o hábito de exibir as armas e o distintivo da esposa. Em uma das gravações, ele aparece com uma espingarda e atira da varanda de uma casa, durante uma festa de réveillon. “Não vai explodir isso aqui, não? O impacto…“, questiona uma mulher. “Isso aí acerta mais de 200 metros“, comenta outra.

Na sequência, um homem diz: “Pode ir, pode ir. Filma aí, amor. Filma aí. Vai lá, Renezão“. Após o disparo, ele fala: “É tiro e queda, né?“. Renê, então, sorri e opina: “É, isso aqui… Isso aqui, meu irmão, pegou, arranca perna“.

Assista:

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Relembre o caso

A morte de Laudemir de Souza Fernandes aconteceu no dia 11 de agosto, no bairro Vista Alegre, em Belo Horizonte. Ele fazia a coleta de lixo quando Renê da Silva Nogueira Júnior pediu que o caminhão fosse retirado do caminho. A motorista, Elen Dias, respondeu que havia espaço suficiente para a passagem, o que teria provocado a irritação do empresário.

Ele ameaçou atirar contra a condutora, e os garis intervieram. Em seguida, Renê sacou a arma e efetuou um disparo que atingiu Laudemir no tórax. O gari foi socorrido e levado ao Hospital Santa Rita, em Contagem, mas não resistiu. O empresário foi preso horas depois, em uma academia de alto padrão, no bairro Estoril.

Polícia prendeu Renê Júnior poucas horas após o crime em BH. (Foto: Reprodução/ Instagram)

Após negar o crime, o empresário confessou o assassinato. Segundo a polícia, Renê disse que atirou contra Laudemir, mas negou que tenha ocorrido uma discussão de trânsito. Ele foi indiciado por homicídio qualificado por motivo fútil e uso de recurso que dificultou a defesa da vítima. Se condenado, a pena pode chegar a 35 anos de prisão.

Já Ana Paula foi indiciada por porte ilegal de arma de fogo e pode pegar entre dois e quatro anos de detenção. A pena pode aumentar em 50% por ser servidora pública. A Corregedoria da Polícia Civil de Minas Gerais também instaurou procedimento administrativo contra ela. Atualmente, ela está afastada do cargo por motivos de saúde.

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